domingo, 1 de fevereiro de 2015

Arapuca em Caldas Novas! utilidade pública.




Meus caros amigos do FCC. Resolvi dar meu depoimento a respeito de uma "jogada de marketing"/armação que tem acontecido na cidade de Caldas Novas Goiás. Como alguns aqui devem saber, Caldas Novas é conhecida por ser uma cidade turística cujo maior atrativo são suas águas thermais e grande quantidade de parques aquáticos.

Para quem mora em Goiânia, Caldas Novas é quase uma segunda casa, porque você pega umas duas horas de estrada, relaxa sua mente e depois fica de boa por alguns dias pegando piscina. Mas como é costume a cidade receber muitos paulistas, cariocas e brasilienses, e também pessoas de todo o Brasil, achei por bem compartilhar uma experiência desagradável, uma armadilha na qual me enfiei no ano passado.



Relato:
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Estavámos eu, minha mulher e dois filhos pequenos passando férias lá no final de julho para início de agosto/2014. Numa manhã, ao ingressarmos no parque aquático fomos abordados por um funcionário, que nos ofereceu cortesias para dois almoços grátis no restaurante do parque, sob a única condição de assistir a uma palestra de 45 min, cuja única finalidade seria demonstrar a rede hoteleira do grupo, inclusive em cidades litorânes, com hotéis 5 estrelas à beira da praia.

Ao adentrarmos o salão superior, fomos colocados numa sala de espera muito luxuosa, serviram nos suco, refrigerante e água mineral, e pediram também o número do meu cartão de crédito para que eu concorresse a um prêmio pelo número do cartão. Enquanto isso, o funcionário acionou um aplicativo que selecionava aleatoriamente um número de cartão de crédito, que obviamente não foi o meu. Fizeram também perguntas sobre nossa renda média mensal, se possuíamos casa própria, veículo próprio (onde, marca, ano e modelo)...

Já se passavam 30 minutos até então, pensando eu que nos próximos 15 min seria tempo suficiente para falar da rede hoteleira, quando fomos convidados para entrar em uma segunda sala, mais ampla, mais luxuosa, cheia de mesas onde tinham promotores de venda, garçons servindo castanha de cajú, suco, água mineral, cerveja, o que desejasse.

Então uma promotora de vendas veio com um book muito bem realizado, mostrando a rede hoteleira do grupo, as parcerias entre o grupo e redes hoteleiras por todo o país, inclusive imagens de hotéis em lugares paradisíacos no exterior. Enquanto isso nosso filho mais velho foi levado para uma salinha com as tiazinhas que colocavam as crianças para brincar e jogar Xbox.

Foi também passado um filme com imagens de férias em família em lugares paradisíacos, que terminava com a seguinte pergunta: sua família merece tudo isso, não merece?

Logo em seguida iniciou-se a apresentação do programas de férias, operado através de pontos de utilização, que eles chamam de "cotas imobiliárias compartilhadas", segundo a qual seria possível adquirir a propriedade de apartamentos, compartilhada com outros membros do programa, sendo possível utilizar os pontos, vendê-los ou cedê-los a terceiros. O programa oferece ainda intercâmbio com hotéis 5 estrelas por todo o Brasil e no exterior.

Para resumir, para o texto não ficar muito extenso. A primeira proposta de negociação foi de 600.000 pontos por 10 anos, no valor aproximado de R$ 1200,00 mensais durante 72 meses. Como falamos que era totalmente fora das nossas possibilidades, ofertaram um plano de 300.000 pontos por cerca de 600 dilmas/mensais durante 7 anos.

E como novamente negamos, foi oferecido finalmente um plano de 150.000 pontos, pelo valor de R$ 395,00 mensais durante 5 anos (porém em 39 parcelas). Além disso, nos ofereceram um "certificado" que conferia 1 semana free de utilização em um hotel 5 estrelas dentro da rede conveniada e um "certificado" com 2 diárias para utilização dentro dos hotéis da própria rede. Além disso ainda nos cobriram com brindes (bolsas personalizadas e mais cortesias de jantar).

Tá, depois de 3 horas de insistência, submetidos a um ambiente de empolgação e pressão psicológica, quase uma lavagem cerebral, no qual sempre que um casal assinava o plano era solicitada a atenção de todos e realizada uma grande salva de palmas para os novos membros. Eu e minha esposa ainda pedimos uma cópia do contrato para analisarmos com mais tranquilidade em casa e se fosse do nosso interesse e possibilidade faríamos contato posteriormente. A promotora de vendas disse que "em respeito aos demais membros" que estavam na sala não seria possível, era uma oferta de conveniência, que ou se assinava na oportunidade ou não teria validade posteriormente.

Tá, depois de vencidos pelo cansaço e pela grande habilidade em ludibriar pessoas em ambiente de férias, relaxadas, dispostas a gastar dinheiro sem se preocupar tanto, acabamos por aderir ao plano. Após voltarmos para Goiânia fui ler o contrato com mais calma e fazer uma comparação com pacotes de férias oferecidos na internet com hospedagem, alimentação e passagens tudo inclusas. Para minha surpresa, percebi que entramos no conto do vigário.

Além disso, o grande absurdo presente no contrato: as cláusulas rescisórias.

Estas cláusulas estipulam que para rescisão contratual devemos pagar 10% do valor do contrato + 17% por "custos da campanha de marketing". E o pior, reza o contrato que em caso de rescisão contratual por nossa solicitação ainda teremos de devolver os valores correspondentes aos pontos utilizados em viagens. Ou seja, o grupo não pode sair perdendo absolutamente NADA. E eu como consumidor posso sair me f*****o geral!

Conversei com um primo meu advogado, que me explicou que ainda que eu tenha assinado o contrato, o mesmo é eivado de vícios e cláusulas abusivas e que eu deveria entregar uma carta de desistência na administração do programa de férias e caso não houvesse acordo, o próximo passo seria procurar o PROCON e, como provavelmente nada será resolvido por esse órgão, o próximo passo é adentrar com uma petição no Juizado de Pequenas Causas.

A boa notícia, é que segundo meu primo, o consumidor no Brasil é considerado hiposuficiente nas relações de consumo (e protegido pelo Código Civil e pelo Código de Defesa do Consumidor), e além de pedir a restituição dos valores pagos e suspensão de cobranças posteriores, ainda posso pleitear danos morais, por todo o constrangimento e dor de cabeça a que fui submetido perante minha família.

Então, é isso aí galera. Dei uma de burro, manezinho, e me dei mal. Agora estou pagando o pato!

Mas prefiro encarar a vergonha de expor isto em público aqui na comunidade do FCC e pelo menos poder alertá-los contra esta grande arapuca armada em Caldas Novas Goiás.

Dúvidas, posso explicar mais detalhadamente, infelizmente é prudente que eu não cite nomes.

Fonte: forum.cifraclub.com.b

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