segunda-feira, 2 de junho de 2014

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER EM CALDAS NOVAS. CRIME BÁRBARO. MARIDO ESGANA MULHER E A ENTERRA NUA.

Na manhã de domingo (02/06/2014), foi comunicado o desaparecimento da Sra.ELISETE BISPO LIMA, de 42(quarenta e dois) anos. De acordo com o comunicante, filho da deasaparecida, a mãe teria lhe telefonado na noite de sábado (1º/06/2014), e aos prantos pediu para falar com a nora, sendo que durante a ligação telefônica, o filho e nora da Sra.ELISETE, ouviram gritos de discussão entre ela e o companheiro dela, JOSÉ MARTINS DE SOUZA, de 49(quarenta e nove), e em dado momento da ligação, a Sra.ELISETE teria parado de conversar e foi possível ouvir somente os latidos dos cachorros. A nora então foi até a casa de ELISETE, e foi recebida por JOSÉ MARTINS que disse que ELISETE teria fugido de casa, mas tanto o filho quanto a nora de ELISETE não se conformaram com tal explicação.
E diante do desaparecimento de ELISETE foi lavrado o Boletim de Ocorrência na Polícia Civil, e na manhã de hoje (02/06/2014), a Dra.SABRINA LELES DE LIMA MIRANDA e seus Agentes de Polícia MANOEL ROSENO e FERNANDA se deslocaram até a residência de ELISETE e JOSÉ MARTINS e após realizarem alguns questionamentos a ele ficou evidenciado que o mesmo apresentava contradições em suas declarações, sendo ele convidado a acompanhar a equipe Policial Civil até a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher, e na DEAM o memso confessou o cometimento do homicídio em desfavor de sua companheira e afirmou que havia ocultado o cadaver dela.
O autor JOSÉ MARTINS disse que após uma discussão com ELISETE, ele a teria esganado, e ela já caiu no chão sem vida, e esclareceu que antes de levar o corpo para ser ocultado, ou seja, enterrado, ele teria abastecido a motoneta JOG pertencente a ela, e conduziu o corpo de ELISETE na própria motoneta até um local mais afastado da movimentação do Bairro Santa efigênia, local onde o casal residia.
Desta forma, o autor JOSÉ MARTINS apontou o local onde havia ocultado o cadáver de ELISETE, sendo possível a localização não só do cadaver da vítima, mas também de suas vestes, já que antes de enterrar a vítima, o autor a despiu, pois acreditava que o corpo demoraria a ser localizado, o que dificultaria sua identificação. Foram encontradas ainda, a bermuda e camiseta que o próprio autor usava no dia do crime, já que ele também trocou de roupas e se desfez das suas próprias veste no local em que havia enterrado o corpo de ELISETE.
A Delegada de Polícia agradece e elogia o empenho e agilidade de seus Policiais na elucidação de mais um barbaro crime contra Mulher. Release desta matéria enviada pelo delegado Ricardo Torres Chueire
FONTE:

Bia Brasil

PM DE SÃO PAULO RECEBE KIT COM 12 EQUIPAMENTOS PARA COMBATER ATOS DE TERRORISMO

A Polícia Militar de São Paulo terá um novo kit com 12 equipamentos avaliados em R$ 2,2 milhões para combater eventuais atos de terrorismo durante a Copa em São Paulo. Entre os itens estão robôs idênticos aos usados pelo Exército dos Estados Unidos na guerra do Afeganistão. Eles poderão ser usados contra eventuais ataques na Arena Corinthians ou na cidade de São Paulo.
Além dos robôs e de trajes antifragmentos e equipamentos para desarmar explosivos, as novas aquisições incluem braços mecânicos, aparelho de raio-X, detectores de gases venenosos, tendas de contenção e caixas de ferramentas. Os itens poderão ser usados pelo Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), tropa de elite da PM, nas varreduras, desarme de bombas e situações com reféns de sequestro.
“A roupa antifragmentação é a mesma do filme ‘Guerra ao Terror’ [The Hurt Locker, do título original em inglês], que ganhou o Oscar [de melhor filme em 2010]“, disse ao G1 o disse o capitão Ricardo Folkis, comandante do Gate.
“A vestimenta é de origem canadense e é usada na guerra do Afeganistão pelo exército norte-americano”, completou Folkis.
Questionado sobre o nível de proteção que a roupa oferece, Folkis respondeu que ela suporta explosivos até um certo limite. “O traje pesa mais de 40 kg e aguenta bombas do tipo C4, até 2 kg”, afirmou o capitão. “No caso de um artefato explodir perto, quem usa a roupa sai com vida e partes do corpo”.
Alegando questões de segurança, a corporação não informa o número de policiais do esquadrão antibomba do Gate que atuarão no estádio. A arena abrirá o mundial de futebol com o jogo entre Brasil e Croácia em Itaquera, Zona Leste de São Paulo. Mais cinco partidas vão ocorrer no estádio.
O Gate ficará de prontidão em uma sala no subsolo do estádio. Outros agentes do grupo permanecerão na base, na Vila Maria, Zona Norte, para intervir na cidade. Todo o efetivo desse grupamento especial é de cerca de 90 policiais.
Segurança invisível
Além do Gate, outros policiais militares do Comando de Policiamento de Choque ficarão escondidos dentro do estádio. Serão 160 agentes do 2º Batalhão de Choque, com experiência em grandes eventos esportivos e artísticos na capital e distúrbios civis. Mais 140 bombeiros completarão a “segurança invisível”, como está sendo chamada pelos oficiais.
Esse reforço policial e aparato de equipamentos de última geração só serão empregados se os “stweards” falharem. Os stewards são seguranças contratados pela Fifa. Pela lei geral da Copa, firmada entre o governo brasileiro e a entidade que regula o futebol no mundo, a segurança interna dos estádios deverá ser feita somente por seguranças particulares.
A função deles será a de orientar o público a ocupar assentos corretos e impedir invasões a campo, por exemplo. Eles não usam armas letais. Por partida, serão ao menos 800 stewards. Quando não conseguirem conter a situação, policiais militares serão acionados.
Em São Paulo, a Arena Corinthians, terá stewards da Gocil Segurança, que também atuará em Curitiba e em Porto Alegre, informou a Confederação Nacional dos Vigilantes.
Treinamento com franceses
A preparação do Gate para a Copa passou por treinamentos que vêm sendo realizados há  quase quatro anos. O objetivo é saber como agir em casos de ameaças terroristas na Copa e garantir a segurança do público, autoridades e seleções. Os perigos podem ocorrer dentro ou fora do estádio. Como parte do curso, os policiais fizeram intercâmbio com a Gendarmerie Nationale, força armada policial da França, que passou ensinamentos para combater  sequestradores de aviões e trens.
“O Gate se prepara para o mundial de futebol desde 2011″, disse Folkis. “São cursos realizados no exterior ou intercâmbios com países como Israel, Canadá, Espanha, França, Colômbia, Estados Unidos e Dinarmarca”.
Além do estádio, ônibus de delegações, hotéis, e centros de treinamento que abrigarão autoridades e seleções passarão por varreduras.  De acordo com o Gate, grandes ataques são provocados por pessoas emocionalmente perturbadas, criminosos comuns e terroristas.
Desde o último dia 20, 40 pontos da cidade de São Paulo começaram a ser vigiados 24 horas por dia desde por mais 4.265 policiais militares do Comando de Policiamento Copa (CPCopa), que atuará do lado de fora da arena.
Fonte:http://spagora.com.br/

A MORENINHA COMPLICADA DO FACEBOOK E SUAS FOTOS COMPLICADAS

Eéaw Tall Da Robertynha da Jurema(moreninha complicada

Segundo o advogado
Welton Roberto, especialista em direito criminal, a conduta da joven caracteriza crime, previsto no artigo 28º da Lei 11343/2006, a lei que institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad. Em tese, a lei enquadraria a jovem. Mas o jurista chama atenção para um detalhe, a idade da moça..
"A lei só alcança pessoas maiores de 18 anos, mas é preciso debater o assunto com os jovens os incluindo na discussão, afinal de contas, quando eles são pegos nessa situação eles cumprem medidas sócio-educativas que, tendo em vista a situação do sistema a qual eles são submetidos, são apenas punição, e não reintegração à sociedade", alerta o advogado.

"Os nossos presídios não conseguem cumprir esse papel, tanto que o Supremo Tribunal Federal já deu a entender que, devidos as péssimas condições dos nossos presídios, o preso teria o direito de fugir”, concluiu o pós-doutor.
Jovens perderam referências, avalia socióloga
Para entender o "fetiche" pela exposição em cenas de violência, o blog ouviu a socióloga Danúbia Barbosa. Para a socióloga, os jovens perderam o referencial de valores, mas assim como os jovens ditos “normais” tem os mesmos desejos de se mostrar e se exibir para o seu grupo de relacionamento.
“Eles são jovens, como quaisquer outros. Eles têm vontade de se exibir, e nós que vivemos nessa sociedade pós-moderna estamos em uma era que a imagem é tudo, todos se exibem no Facebook, no Instagram, quando a foto não está legal simplesmente se apaga, mas esses jovens se exibem de uma forma que os que os rodeiam acham que eles são bacanas”, avalia a socióloga.
Barbosa acredita que esse desejo de se mostrar ficou potencializado de forma negativa na cabeça desses jovens porque eles são alienados. “Eles acham que isso é ostentação, mas não conseguem ver que podem estar em um caminho sem volta”, explicou.

Dois caminhos: ou o cemitério ou a cadeia
Para o coronel  Dário César,  os jovens que se expuseram na rede social são ligados ao mundo do crime. “Olhe, eles estão cometendo crimes, pelo fato de estarem armados, e não estão apenas consumindo drogas, estão também comercializando, além de fazer apologia ao crime se mostrando como criminosos, os ‘donos do pedaço’”, disse o comandante..
O policial acredita que o problema desses jovens não é apenas da segurança pública, é um problema que precisa de uma ação social integrada, ou seja, se faz necessário a atuação em várias áreas do poder público.
“É preciso ter uma visão além da segurança pública desse caso, é um problema social muito grave. Se você tem os jovens usando drogas e com armas, eles só existem dois caminhos, o cemitério ou a cadeia, não há outro caminho”, afirmou.
O coronel fez ainda uma análise social, já que acredita que a juventude da periferia abrasileira “está doente”. Por isso, a reportagem ouviu a socióloga Danúbia Barbosa. Queríamos saber dela se a avaliação do coronel está correta, e segundo ela tudo leva a crer que sim. Para a socióloga, esses perderam o referencial de valores, mas assim como os jovens ditos “normais” tem os mesmos desejos de se mostrar e se exibir para o seu grupo de relacionamento.

Acerola foi morto a bala

Wanderson Medeiros, é irmão de Jhon Lenon de Jesus Luz que foi preso no ultimo dia 28 de Maio em Porto Franco. Acerola foi baleado neste ultimo Domingo (1º), e morreu após dar entrada no Socorrão.

          Chegou ao fim a vida de traquinagens do jovem Wanderson Medeiros, mais conhecido pela alcunha de "Acerola" em Imperatriz.
            Segundo informações da própria polícia militar, o jovem tinha várias passagens pela polícia, e estava morando na Vila Airton Sena. Moradores do local conhecido como Recanto Universitário informaram que Wanderson havia passado pelo bairro efetuando disparos de arma de fogo no mesmo dia em que foi baleado.

A DIREITA PERDEU A COPA E NÃO SABE PROTESTAR

Nas últimas manifestações em São Paulo, o MTST, junto com organizações da esquerda pequeno-burguesa, saiu às ruas manifestando contra a Copa no Brasil a reboque da direita.
Apesar da manifestação ter sido amplamente divulgada pela impressa burguesa, o número de pessoas que participaram foi irrisório. Na cidade de São Paulo, no melhor dos casos, mobilizou cerca de 1.000 pessoas. O mesmo aconteceu no Rio de Janeiro. Em Belo Horizonte, os manifestantes não passaram de 200. Em Brasília, foram apenas 50. O caráter direitista da campanha ficou evidente pela caráter da campanha. Órgãos da imprensa imperialista norte-americano e britânicos chegaram a falar em um milhão de manifestantes.

A direita precisa desesperadamente de eixos para desestabilizar o governo do PT e a campanha do PT nas próximas eleições. O enorme desgaste eleitoral da direita pode fazer com que perca não somente o governo federal, mas também os governos estaduais que serviam como contrapeso ao PT nos três principais estados da Federação, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Os dirigentes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), que vários deles são ligados ao próprio PSDB, tiveram destaque em flashes na programação do Globo News e outros canais, com o objetivo de dar um “caráter popular” às manifestações e dar entender que as lutas sociais são contra a Copa.
Os capitalistas caíram como abutres em cima dos cofres públicos com as obras da Copa. As bandeiras contra as remoções, pelo confisco dos recursos públicos repassados, pela indenização da população e outras, são justas. Mas a bandeira do “Não haverá Copa” esconde o verdadeiro objetivo da direita que é o “Fora Dilma” como uma reedição da campanha contra o Mensalão. Na realidade, o PT não é mais corrupto que a direita que representa naturalmente os interesses dos grandes capitalistas contra os trabalhadores. Os capitalistas são os grandes corruptores, e portanto os grandes corruptos, pois somente conseguem sobreviver assaltando os cofres do estado.
Chamar o povo, que mal consegue se sustentar, para lutar por coisas que não têm qualquer sentido concreto, como é a campanha contra a Copa, com tanto problema a ser resolvido, salário, emprego, educação, moradia, implica num altíssimo grau de oportunismo, nesse caso eleitoral por parte da burguesia e dos partidos da esquerda pequeno burguesia.

JUSTICEIRO-ATIRADOR-MISTERIOSO ATACA EM CURITIBA

Dois bandidos foram baleados após assaltar uma farmácia na Rua Izabel Redentora, quase esquina com a Av. Rui Barbosa, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, na tarde desta segunda-feira (2). De acordo com testemunhas, na fuga um ‘atirador misterioso’, que passava pelo local, disparou contra os assaltantes.
Um marginal, identificado como Jean Carlos, acabou caindo em frente a uma agência dos Correios localizada nas proximidades. Ele foi encaminhado em estado gravíssimo, com risco de morte, ao Hospital São José.
Outro suspeito, de nome Wesley Correia, foi baleado no braço e preso após pedir ajuda em uma casa hospitalar na região. “Não sabemos quem foi o responsável pelos tiros. Com o marginal ferido aqui na rua encontramos uma arma de brinquedo, usada para dar voz de assalto”, disse  o guarda municipal Ricardo Silva.

OFICINA FOI FECHADA EM FORMOSA PELO GENARC

O Grupo Especial de Repressão a Narcóticos (GENARC) de Formosa, no Entorno do Distrito Federal, fechou, no dia 30 de maio, uma oficina ilegal de reparos em armas de fogo na cidade. Na ocasião, um funcionário do estabelecimento foi preso.

De acordo com as investigações, comandadas pelo delegado Vytautas Zumas, no momento da operação, David Calazans da Silva, o proprietário da oficina, havia acabado de sair da residência, onde funcionava o comércio. Ao saber da ação da polícia, não mais retornou, sendo considerado foragido.
No local, estava apenas o funcionário do estabelecimento, Floresmino Calazans da Silva, de 35 anos, preso em flagrante pelo cometimento do crime de comércio ilegal de armas de fogo, nas modalidades montar, desmontar e remontar. Segundo o delegado, no momento da ação, Floresmino negociava o conserto de uma espingarda calibre 22, já tendo, inclusive, combinado o preço para o reparo (R$ 500).
Durante cumprimento de mandado de busca e apreensão na residência do armeiro, a polícia encontrou cerca de 13 armas longas e curtas, montadas e desmontadas, além de diversas munições, inclusive de calibre 45 (de uso restrito).
Floresmino
Floresmino
As investigações do GENARC mostram que David atuava na cidade há muitos anos e nunca foi preso. Ele já teria consertado armas para traficantes e pessoas com outros antecedentes criminais, o que acabava fomentando o crime na região.
Conforme lembra o delegado Vytautas, a atividade de armeiro existe e é regulamentada pelo próprio Estatuto do Desarmamento. David e seu funcionário, no entanto, jamais obtiveram autorização para tal atividade.
Texto: Flávia Guerra – Assessoria de Imprensa da Polícia Civil
Fotos: Polícia Civil / GENARC / Formosa

SERÁ QUE O CANTOR LEONARDO FOI PRESO OUTRA VEZ?



NADA DISSO. O CANTOR LEONARDO FOI FAZER UMA VISITINHA ATÉ A ACADÊMIA DE POLÍCIA DE GOIAS.


PRIVATIZAR O SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO É A SAÍDA?

Em janeiro do ano passado (2013), assistimos ao anúncio da inauguração da “primeira penitenciária privada do país”, em Ribeirão das Neves, região metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais. Porém, prisões “terceirizadas” já existem em pelo menos outras 22 localidades, a diferença é que esta de Ribeirão das Neves é uma PPP (parceria público-privada) desde sua licitação e projeto, e as outras eram unidades públicas que em algum momento passaram para as mãos de uma administração privada. Na prática, o modelo de Ribeirão das Neves cria penitenciárias privadas de fato, nos outros casos, a gestão ou determinados serviços são terceirizados, como a saúde dos presos e a alimentação.

Hoje existem no mundo aproximadamente 200 presídios privados, sendo metade deles nos Estados Unidos. O modelo começou a ser implantado naquele país ainda nos anos 1980, no governo Ronald Reagan, seguindo a lógica de aumentar o encarceramento e reduzir os custos, e hoje atende a 7% da população carcerária. O modelo também é bastante difundido na Inglaterra – lá implantado por Margareth Thatcher – e foi fonte de inspiração da PPP de Minas, segundo o governador do estado Antônio Anastasia. Em Ribeirão das Neves o contrato da PPP foi assinado em 2009, na gestão do então governador Aécio Neves.
O slogan do complexo penitenciário de Ribeirão das Neves é “menor custo e maior eficiência”, mas especialistas questionam sobretudo o que é tido como “eficiência”. Para Robson Sávio, coordenador do Núcleo de Estudos Sociopolíticos (Nesp) da PUC-Minas e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, essa eficiência pode caracterizar um aumento das prisões ou uma ressocialização de fato do preso. E ele acredita que a privatização tende para o primeiro caso. Entre as vantagens anunciadas está, também, a melhoria na qualidade de atendimento ao preso e na infra-estrutura dos presídios.
Bruno Shimizu e Patrick Lemos Cacicedo, coordenadores do Núcleo de Situação Carcerária da Defensoria Pública de São Paulo questionam a legalidade do modelo. Para Bruno “do ponto de vista da Constituição Federal, a privatização das penitenciárias é um excrescência”, totalmente inconstitucional, afirma, já que o poder punitivo do Estado não é delegável. “Acontece que o que tem impulsionado isso é um argumento político e muito bem construído. Primeiro se sucateou o sistema penitenciário durante muito tempo, como foi feito durante todo um período de privatizações, (…) para que então se atingisse uma argumentação que justificasse que esses serviços fossem entregues à iniciativa privada”, completa.
Laurindo Minhoto, professor de sociologia na USP e autor de Privatização de presídios e criminalidade, afirma que o Estado está delegando sua função mais primitiva, seu poder punitivo e o monopólio da violência. O Estado, sucateado e sobretudo saturado, assume sua ineficiência e transfere sua função mais básica para empresas que podem realizar o serviço de forma mais “prática”. E essa forma se dá através da obtenção de lucro.
Patrick afirma que o maior perigo desse modelo é o encarceramento em massa. Em um país como o Brasil, com mais de 550 mil presos, quarto lugar no ranking dos países com maior população carcerária do mundo e que em 20 anos (1992-2012) aumentou essa população em 380%, segundo dados do DEPEN, só tende a encarcerar mais e mais. Nos Estados Unidos, explica, o que ocorreu com a privatização desse setor foi um lobby fortíssimo pelo endurecimento das penas e uma repressão policial ainda mais ostensiva. Ou seja, começou a se prender mais e o tempo de permanência na prisão só aumentou. Hoje, as penitenciárias privadas nos EUA são um negócio bilionário que apenas no ano de 2005 movimentou quase 37 bilhões de dólares.

Como os presídios privados lucram

Nos documentos da PPP de Neves disponíveis no site do governo de Minas Gerais,  fala-se inclusive no “retorno ao investidor”, afinal, são empresas que passaram a cuidar do preso e empresas buscam o lucro. Mas como se dá esse retorno? Como se dá esse lucro?
Um preso “custa” aproximadamente R$ 1.300,00 por mês, podendo variar até R$ 1.700,00, conforme o estado, numa penitenciária pública. Na PPP de Neves, o consórcio de empresas recebe do governo estadual R$ 2.700,00 reais por preso por mês e tem a concessão do presídio por 27 anos, prorrogáveis por 35. Hamilton Mitre, diretor de operações do Gestores Prisionais Associados (GPA), o consórcio de empresas que ganhou a licitação, explica que o pagamento do investimento inicial na construção do presídio se dá gradualmente, dissolvido ao longo dos anos no repasse do estado. E o lucro também. Mitre insiste que com o investimento de R$ 280 milhões – total gasto até agora – na construção do complexo esse “payback”, ou retorno financeiro, só vem depois de alguns anos de funcionamento ou “pleno vôo”, como gosta de dizer.
Especialistas, porém, afirmam que o lucro se dá sobretudo no corte de gastos nas unidades. José de Jesus Filho, assessor jurídico da Pastoral Carcerária, explica: “entraram as empresas ligadas às privatizações das estradas, porque elas são capazes de reduzir custos onde o Estado não reduzia. Então ela [a empresa] ganha por aí e ganha muito mais, pois além de reduzir custos, percebeu, no sistema prisional, uma possibilidade de transformar o preso em fonte de lucro”.
Para Shimizu, em um país como o Brasil, “que tem uma das mais altas cargas tributárias do mundo”, não faz sentido cortar os gastos da população que é “justamente a mais vulnerável e a que menos goza de serviços públicos”. No complexo de Neves, os presos têm 3 minutos para tomar banho e os que trabalham, 3 minutos e meio. Detentos denunciaram que a água de dentro das celas chega a ser cortada durante algumas horas do dia.

O cúmulo da privatização

Outra crítica comum entre os entrevistados foi o fato de o próprio GPA oferecer assistência jurídica aos detentos. No marketing do complexo, essa é uma das bandeiras: “assistência médica, odontológica e jurídica”. Para Patrick, a função é constitucionalmente reservada à Defensoria, que presta assistência gratuita a pessoas que não podem pagar um advogado de confiança. “Diante de uma situação de tortura ou de violação de direitos, essa pessoa vai buscar um advogado contratado pela empresa A para demandar contra a empresa A. Evidentemente isso tudo está arquitetado de uma forma muito perversa”, alerta.

Segundo ele, interessa ao consórcio que, além de haver cada dia mais presos, os que já estão lá sejam mantidos por mais tempo. Um das cláusula do contrato da PPP de Neves estabelece como uma das “obrigações do poder público” a garantia “de demanda mínima de 90% da capacidade do complexo penal, durante o contrato”. Ou seja, durante os 27 anos do contrato pelo menos 90% das 3336 vagas devem estar sempre ocupadas. A lógica é a seguinte: se o país mudar muito em três décadas, parar de encarcerar e tiver cada dia menos presos, pessoas terão de ser presas para cumprir a cota estabelecida entre o Estado e seu parceiro privado. “Dentro de uma lógica da cidadania, você devia pensar sempre na possibilidade de se ter menos presos e o que acontece ali é exatamente o contrário”, afirma Robson Sávio.
Para ele, “na verdade não se está preocupado com o que vai acontecer depois, se está preocupado com a manutenção do sistema funcionando, e para ele funcionar tem que ter 90% de lotação, porque se não ele não dá lucro”.
Na foto, o complexo de Neves é realmente diferente das penitenciárias públicas. É limpo, organizado e altamente automatizado, repleto de câmeras, portões que são abertos por torres de controle, etc, etc, etc. Mas que tipo de preso vai pra lá? Hamilton Mitre, diretor do GPA afirma que “não dá pra falar que o Estado coloca os presos ali de forma a privilegiar o projeto”.
No entanto, Murilo Andrade de Oliveira, subsecretário de Administração Penitenciária do Estado de Minas, diz exatamente o contrário: “nós estabelecemos inicialmente o critério de que [pode ir para a PPP] qualquer preso, podemos dizer assim, do regime fechado, salvo preso de facção criminosa – que a gente não encaminha pra cá – e preso que tem crimes contra os costumes, estupradores. No nosso entendimento esse preso iria atrapalhar o projeto”.
Na visão dos outros entrevistados, a manipulação do perfil do preso pode ser uma maneira de camuflar os resultados da privatização dos presídios. “É muito fácil fazer desses presídios uma janela de visibilidade: ‘olha só como o presídio privado funciona’, claro que funciona, há todo um corte e uma seleção anterior”, diz Bruno Shimizu.
Robson Sávio explica que presos considerados de “maior periculosidade”, “pior comportamento” ou que não querem trabalhar ou estudar são mais difíceis de ressocializar, ou seja, exigiriam investimentos maiores nesse sentido. Na lógica do lucro, portanto, eles iriam mesmo atrapalhar o projeto.
Se há rebeliões, fugas ou qualquer manifestação do tipo, o consórcio é multado e perde parte do repassa de verba. Por isso principalmente o interesse em presos de “bom comportamento”. O subsecretário Murilo afirma ainda que os que não quiserem trabalhar nem estudar podem ser “devolvidos” às penitenciárias públicas: “o ideal seria ter 100% de presos trabalhando, esse é nosso entendimento. Agora, tem presos que realmente não querem estudar, não querem trabalhar, e se for o caso, posteriormente, a gente possa tirá-los (sic), colocar outros que queiram trabalhar e estudar porque a intenção nossa é ter essas 3336 vagas aqui preenchidas com pessoas que trabalhem e estudem”.
Hoje, na PPP de Ribeirão das Neves ainda não são todos os presos que trabalham e estudam e os que têm essa condição se sentem privilegiados em relação aos outros. A reportagem só pôde entrevistar presos no trabalho ou durante as aulas, não foi permitido falar com outros presos, escolhidos aleatoriamente. Foram mostradas todas as instalações da unidade 2 do complexo, tais como enfermaria, oficinas de trabalho, biblioteca e salas de aula, mas não pudemos conversar com presos que não trabalham nem estudam e muito menos andar pelos pavilhões, chamados, no eufemismo do luxo de Neves, de “vivências”.

O trabalho do preso: 54% mais barato

O Estado e o consórcio buscam empresas que se interessem com o trabalho do preso. As empresas do próprio consórcio não podem contratar o trabalho deles a não ser para cuidar das próprias instalações da unidade, como elétrica e limpeza. Então o lucro do consórcio não vem diretamente do trabalho dos presos, mas sim do repasse mensal do estado.
Mas a que empresa não interessaria o trabalho de um preso? As condições de trabalho não são regidas pela CLT, mas sim pela Lei de Execução Penal (LEP), de 1984. Se a Constituição Federal de 1988 diz que nenhum trabalhador pode ganhar menos de um salário mínimo, a LEP afirma que os presos podem ganhar ¾ de um salário mínimo, sem benefícios. Um preso sai até 54% mais barato do que um trabalhador não preso assalariado e com registro em carteira.

O professor Laurindo Minhoto explica: “o lucro que as empresas auferem com esta onda de privatização não vem tanto do trabalho prisional, ou seja, da exploração da mão de obra cativa, mas vem do fato de que os presos se tornaram uma espécie de consumidores cativos dos produtos vendidos pela indústria da segurança e da infra-estrutura necessária à construção de complexos penitenciários”.
Helbert Pitorra, coordenador de atendimento do GPA, na prática, quem coordena o trabalho dos presos, orgulha-se que o complexo está virando um “pólo de EPIs” (equipamentos de proteção individual), ou seja, um pólo na fabricação de equipamentos de segurança. “Eles fabricam dentro da unidade prisional sirenes, alarmes, vários circuitos de segurança, (…) calçados de segurança como coturnos e botas de proteção (…), além de uniformes e artigos militares”.
O que é produzido ali dentro, em preços certamente mais competitivos no mercado alimenta a própria infra-estrutura da unidade. A capa dos coletes à prova de balas que os funcionários do GPA usam é fabricada ali dentro mesmo, a módicos preços, realizados por um preso que custa menos da metade de um trabalhador comum a seu empregador.
Em abril deste ano, o Governo de Minas Gerais foi condenado por terceirização ilícita no presídio de Neves. A Justiça do Trabalho confirmou a ação civil pública do Ministério Público do Trabalho e anulou várias das contratações feitas pelo GPA.
“Entre os postos de trabalho terceirizados estão atividades relacionadas com custódia, guarda, assistência material, jurídica e à saúde, uma afronta à Lei 11.078/04 que classifica como indelegável o poder de polícia e também a outros dispositivos legais. Além de ser uma medida extremamente onerosa para os cofres públicos, poderá dar azo a abusos sem precedentes”, disse o procurador que atuou no caso, Geraldo Emediato de Souza, ao portal mineiro Hoje em dia.

Panorama final

Como na maioria das penitenciárias, as visitas do Complexo passam por revista vexatória. A., mulher de um detento que preferiu não se identificar, entregou à reportagem uma carta dos presos e explicou como é feita a revista: “temos que tirar a roupa toda e fazer posição ginecológica, agachamos três vezes ou mais, de frente e de costas, temos que tapar a respiração e fazer força. Depois ainda sentamos num banco que detecta metais”. Na mesma carta entregue por A., os presos afirmam que os diretores do presídio já têm seus “beneficiados”, que sempre falam “bem da unidade” à imprensa, e são, invariavelmente, os que trabalham ou estudam.
Na carta, eles ainda afirmam que na unidade já há presos com penas vencidas que não foram soltos ainda. Fontes que também não quiseram se identificar insistem que o consórcio da PPP já “manda” na vara de execuções penais de Ribeirão das Neves.
José de Jesus filho, da Pastoral Carcerária, não vê explicação para a privatização de presídios que não a “corrupção”.Tem seus motivos. Em maio de 2013, a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e a Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) foram alvo de ações por corrupção e má utilização de recursos públicos. Na ação da CPTM foi citado o ex-diretor, Telmo Giolito Porto, hoje à frente do consórcio da PPP de Ribeirão das Neves, assim como a empresa Tejofran de Saneamento e Serviços Gerais LTDA., que faz parte do mesmo consórcio.
Nesse sentido, Robson Sávio alerta: “será que o estado quando usa de tanta propaganda para falar de um modelo privado ele não se coloca na condição de sócio-interesseiro nos resultados e, portanto, se ele é sócio-interesseiro ele também pode maquiar dados e esconder resultados, já que tudo é dado e planilha? Esse sistema ainda tem muita coisa que precisa ser mais transparente e melhor explicada”.

Pelo Brasil

O modelo mineiro de PPP já inspirou projetos semelhantes no Rio Grande do Sul, em Pernambuco e no Distrito Federal. As licitações já aconteceram ou estão abertas e, em breve, as penitenciárias começarão a ser construídas. O governo do Estado de São Paulo e a Secretaria de Administração Penitenciária também pretendem lançar em breve um edital para a construção de um grande complexo no Estado, com capacidade para 10.500 presos. O governador Geraldo Alckmin já fez consultas públicas e empresas já se mostraram interessadas no projeto.
No Ceará, uma decisão judicial obrigou à iniciativa privada devolver a gestão de penitenciárias para o Governo do estado. No Paraná, o próprio Governo decidiu retomar a administração de uma série de penitenciárias, após avaliar duas questões: a jurídica e a financeira.
No Brasil, país do “bandido bom é bandido morto”, da “bancada da bala” e onde presos não têm direitos simplesmente por estarem presos, a privatização também assusta do ponto de vista da garantia dos direitos humanos dos presos. “Será que num sistema que a sociedade nem quer saber e não está preocupada, como é o prisional, haverá fiscalização e transparência suficiente? Ou será que agora estamos criando a indústria do preso brasileiro?”, pergunta Sávio.
Os entrevistados dão um outro alerta: nesse primeiro momento, vai se investir muito em marketing para que modelos como o de Neves sejam replicados Brasil afora. Hamilton Mitre diz que a unidade será usada como um “cartão de visitas” e fontes afirmam que o modelo de privatização de presídios será plataforma de campanha de Aécio Neves, candidato à presidência nas eleições do fim deste ano.
Para Minhoto, a partir do momento em que você enraíza um interesse econômico e lucrativo na gestão do sistema penitenciário, “o estado cai numa armadilha de muitas vezes ter que abrir mão da melhor opção de política em troca da necessidade de garantir um retorno ao investimento que a iniciativa privada fez na área”, diz. E Bruno Shimizu completa “e isso pode fazer com que a gente crie um monstro do qual a gente talvez não vá mais conseguir se livrar”.
“Para quem investe em determinado produto, no caso o produto humano, o preso, será interessante ter cada vez mais presos. Ou seja, segue-se a mesma lógica do encarceramento em massa. A mesma lógica que gerou o caos, que justificou a privatização dos presídios”, arremata Patrick.

EFETIVO DA PM DE GOIÁS É UM HOMEM PARA CADA 500 HABITANTES

Com cerca de 12 mil policiais,além de 1,5 mil contratados em regime temporário pelo Simve,o efetivo da PM em Goiás é de um homem para cada 500 habitantes- a ONU recomenda um para cada 250. também na Polícia Civil, há carência humana. Um dos motivos seria a falta de atratividade da carreira. Dos 864 agentes, delegados e escrivães que entraram pelo último concurso  público,mais de 200 pediriam exoneração.
Madrugada do último sábado (31), o Setor Real Conquista, bairro que foi projetado para receber os moradores desocupados pela remoção do Parque Oeste, registrou morte de dois jovens. O primeiro deles, Igor Cabral Neto, de 21 anos, levou seis tiros. Morreu na Avenida Real Conquista. Poucos minutos depois, na rua RC-19, no mesmo bairro, Guilherme Pereira Bernardes, de 20 anos, foi assassinado com oito tiros. Nenhuma das três viaturas, que cobrem a região no período noturno, estava no local.
Os assassinatos foram registrados pela 28ª Companhia Integrada da Polícia Militar, que tem a função de fornecer segurança pública para o Setor Real Conquista e outros 30 bairros, além de um povoado próximo. Para isso, conta com o serviço de 52 policiais, com nove carros de polícia para o chamado serviço ordinário (até as 22h) e apenas três para a noite e madrugada. O lapso de tempo entre a ronda dos três veículos pode ser o momento em que os crimes ocorrem.
As nove viaturas que rondam na parte do dia são fruto de serviço extra-remunerado. Ou seja, policiais de folga recebem pagamento de hora extra e trabalham além do horário, para suprir a necessidade segurança ostensiva. “O efetivo normal nem sempre supre as necessidades do bairro. É habitual que a corporação preencha essas vagas com as horas extras”, diz. A alegação é que, em vez de fazerem bico como seguranças particulares, os policiais de folga trabalhem para a própria PM.
Efetivo baixo
O caso do setor Real Conquista exemplifica bem como funciona o policiamento da capital. O contingente atual da Polícia Militar no Estado é de cerca de 12 mil, além de cerca 1,5 mil contratados em regime temporário pelo Serviço de Interesse Militar Voluntário Estadual (Simve). Número considerado pela própria corporação como bem abaixo do ideal. A ONU recomenda que haja um policial para cada 250 habitantes. Em Goiás atualmente, a conta está em um para cada 500 habitantes. O efetivo deveria no mínimo dobrar para atingir a meta.
Para completar o quadro, o Ministério Público do Estado propôs ação direta de inconstitucionalidade contra a Lei Estadual que o Simves. A ação requer medida cautelar para suspender a eficácia dos preceitos normativos que validam a permanência dos temporários na rua. O que pode reduzir ainda mais o efetivo em ação. Além dos 1.500 já em atividade, outros 400 estão em processo de contratação.

O porta-voz da polícia militar, coronel Divino Alves, confirma que o quadro da PM é insuficiente, mas afirma que a meta é atingir em 20 anos o número de 35 mil policiais em atividade na Polícia Militar de Goiás. Para isso, os próprios temporários teriam a função de suprir essa demanda. Por outro lado, concursos para contratação de novos agentes estariam planejados.
Fonte: O Hoje

TRAPAÇAS, PROPINAS , NEGOCIATAS E TRAMOIAS PATROCINADAS POR JOÃO HAVELANGE E RICARDO TEIXEIRA



A um mês da Copa do Mundo, a Fifa anunciou detalhes da festa de abertura. Antes de o Brasil enfrentar a Croácia no novo estádio do Corinthians, em 12 de junho, o show contará com a apresentação de mais de 600 bailarinos. Uma bola de 8 metros com milhares de lâmpadas de LED deverá se movimentar durante o espetáculo, com a participação do rapper Pitbull e das cantoras Claudia Leitte e Jeniffer Lopez. “A trilha sonora ficou muito bonita e levou dois meses e meio para ser composta”, anunciou, orgulhosa, Joana Havelange, do Comitê Organizador Local. A executiva só não antecipou se o pai, Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, e o avô, João Havelange, presidente de honra da Fifa, vão prestigiar a festa.
Caso isso ocorra, será difícil as autoridades esconderem o constrangimento. Havelange e Teixeira ditaram os rumos do futebol brasileiro e mundial por mais de cinco décadas. Se o esporte mais popular do planeta acabou maculado por negociatas e tramoias variadas, muito se deve à dupla, que só largou o osso após a revelação de um multimilionário esquema de corrupção nas entranhas da Fifa. Pegos por um tribunal da Suíça, tiveram de devolver parte da propina e se afastar das entidades que presidiam ou mantinham influência. Essa longa trajetória de trapaças, fartamente documentada, é o centro do novo livro da editora Planeta, O Lado Sujo do Futebol, nas livrarias a partir do sábado 17.
Os autores são jornalistas experientes, embora sem trajetória na cobertura esportiva. Trabalharam juntos, de 2011 a 2012, em uma série de reportagens para a televisão sobre os desmandos de Teixeira e Havelange. Três deles ainda integram a equipe da TV Record: Luiz Carlos Azenha, Leandro Cipoloni e Amauri Ribeiro Jr., este último autor do livro Privataria Tucana (Geração Editorial), retrato da rede de corrupção montada a partir das privatizações no governo FHC. O quarto autor é Tony Chastinet, hoje na Band.
A obra de quase 400 páginas detalha como os cartolas transformaram o futebol em um negócio lucrativo, capaz de gerar recursos excedentes para assegurar o enriquecimento próprio e sua perpetuação no poder. Revela ainda como os dirigentes conseguiram escapar da maioria das denúncias, amparados na leniência do Judiciário e na intervenção amiga de parlamentares ligados a federações esportivas, a Bancada da Bola.
O principal mérito do livro é sistematizar as dezenas de acusações contra os cartolas, tanto aquelas extraídas de investigações oficiais, entre elas duas CPIs no Congresso, quanto de denúncias feitas pela mídia nacional e estrangeira. Ao volumoso trabalho de organização acrescentam-se revelações surpreendentes, a começar pelo involuntário pontapé dado pela Fifa nas investigações do esquema de corrupção da ISL, empresa que intermediava os contratos de televisão das Copas. Tudo começou quando Joseph Blatter, sucessor de Havelange no comando da Fifa, decidiu cobrar da massa falida da ISL o repasse de um pagamento da TV Globo pelos direitos de transmissão dos Mundiais de 2002 e 2006. Um promotor suíço resolveu investigar o caso a fundo. Por tabela, a Receita Federal do Brasil descobriria que a emissora da família Marinho sonegou 183 milhões de reais em impostos.
O livro esmiúça o relacionamento de Teixeira e do ex-presidente do Barcelona, Sandro Rosell. Parceiros de negócios por mais de uma década, envolveram-se em nebulosas transações comerciais que movimentaram mais de 45 milhões de reais. A proximidade era tamanha que o então presidente da CBF apresentou o espanhol a Neymar em um ônibus da Seleção Brasileira, um empurrão na contratação do atacante pelo clube catalão. A contratação, diga-se, é alvo de processo na Espanha.
Rosell chegou ao Brasil em agosto de 1999, cinco meses após o então deputado Aldo Rebelo, hoje ministro do Esporte, pedir a criação da CPI da Nike. Após o fracasso do Brasil no ano anterior, especulou-se que a multinacional poderia ter forçado a escalação de Ronaldo “Fenômeno”, seu principal garoto-propaganda, na final contra a França. Pouco antes da partida decisiva, o atleta apresentou sintomas de convulsão. Mesmo assim, entrou em campo. O resultado é conhecido por todos. Com a equipe apática, o Brasil perdeu de 3 a 0.
Ter a marca associada a uma CPI era tudo o que os executivos da Nike não desejavam quando assinaram, três anos antes, um contrato de patrocínio de 400 milhões de dólares com a CBF e a Trafic, detentora dos direitos de comercialização da Seleção Brasileira. “Os verdadeiros donos da bola são os patrocinadores. João Havelange e Ricardo Teixeira não passam de office-boys das grandes companhias de material esportivo, que investem pesado para associar suas marcas aos grandes atletas”, comenta Cipoloni.
Com a missão de estancar a crise, Rosell assumiu a direção dos negócios da Nike para a América Latina e instalou-se no Rio de Janeiro. Enquanto o brasileiro fazia lobby para enterrar a CPI, o espanhol acionou um batalhão de advogados para afastar a multinacional do epicentro das investigações. A maior dificuldade foi esclarecer certas cláusulas do contrato de patrocínio, que permitiam à Nike influir no cotidiano da equipe, da convocação e programação de eventos à escolha de adversários em amistosos.
“A CPI desnudou as negociatas de Teixeira à frente da CBF, os desvios de dinheiro, as empresas e contas em paraísos fiscais, mas... nada aconteceu. Em 2001, a comissão encerrou os trabalhos. O relatório não foi votado por influência da Bancada da Bola, e mais uma vez o País cumpriu a tradição de concluir uma CPI sem nenhum resultado prático”, registra o livro.
Com o fim da ameaça, a dupla sentiu-se à vontade para voltar aos negócios. Em dezembro de 2001, Rosell fundou a Brasil 100% Marketing, em sociedade com o financista Cláudio Honigman e o ex-executivo da AmBev Alexandre Barreira Leitão, um dos responsáveis pelo contrato de patrocínio da Seleção Brasileira com as marcas Brahma e Guaraná Antarctica. Formalmente, Teixeira estava de fora, mas o rastro dos negócios da turma indica o oposto.
Embora a atuação da Brasil 100% ficasse nas sombras das negociatas da CBF, um episódio ocorrido pouco antes da Copa da Alemanha em 2006 revelou a verdadeira natureza do negócio. Meinolf Sprink, então diretor de esportes da Bayer AG, proprietária do Bayer Leverkusen, denunciou ter sido vítima de uma tentativa de extorsão do grupo. Em entrevista à rádio alemã ABK, Sprink afirmou ter sido sondado por e-mail por um executivo da Brasil 100%. Em nome da CBF, a empresa queria saber quanto o Bayern estava disposto a pagar para a Seleção utilizar o centro de treinamentos do clube durante a Copa.
A revelação mais surpreendente sobre o modus operandi do grupo foi feita, porém, pelos autores do livro. Ao vasculhar os papéis do 3º e 5º cartórios de Títulos e Documentos do Rio de Janeiro, a equipe descobriu uma série de operações financeiras entre Teixeira, Rosell e Honigman. As transações movimentaram mais de 45 milhões de reais em promessas de compra e venda de ações da Alpes, corretora atuante na Bovespa. A Alpes sugere que as operações eram fraudulentas. Em nota aos autores do livro, a corretora esclareceu que Honigman não poderia ter feito as transações por nunca ter sido acionista da empresa ou ter poderes para tanto. “Ao que tudo indica, as transações eram de fachada, feitas para lavar dinheiro”, diz Ribeiro Jr. Embora ativa na Receita Federal, com dívidas tributárias de 700 mil reais, a Brasil 100% não funciona mais. Honigman deixou o País em 2008. Atualmente é investigado pela Polícia Federal por associação com o doleiro Alberto Youssef.
Com a desativação da Brasil 100%, Teixeira e Rosell retomaram a parceria na nova empresa do espanhol, a Ailanto Marketing. A empresa foi criada em maio de 2008 por Eduardo Duarte e Simone Burk Silva com um capital social de apenas 800 reais. Dono de uma consultoria de regularização de firmas, Duarte foi um dos investigados pela PF na Operação Alquimia, de 2011, que apurou o uso de empresas fantasmas para a sonegação fiscal.
Em 2 de julho de 2008, Rosell e sua secretária, Vanessa Precht, assumiram a Ailanto. Em menos de dois meses, o capital da empresa passou de 800 para 12,8 milhões de reais. Igualmente em tempo recorde assinaria seu primeiro grande contrato, a organização do amistoso da Seleção Brasileira em novembro de 2008. O jogo marcou a inauguração do Bezerrão, o novo estádio do Gama, no Distrito Federal. E garantiu um faturamento de 9 milhões de reais à recém-nascida empresa. O então governador, José Roberto Arruda, se dispôs a bancar a gastança com dinheiro público, sem licitação.
O contrato deveria ser firmado com a ISE, empresa árabe detentora dos direitos de comercialização de amistosos da Seleção. Mas a companhia cedeu os direitos à espanhola BSM, que, por sua vez, indicou a Ailanto. Detalhe: o documento da BSM tem a assinatura de Rosell. A empresa sediada em Barcelona também pertencia ao parceiro de Teixeira.
O procurador Marcos Souza e Silva cobrou, porém, o detalhamento dos gastos, bem como um laudo de capacidade técnica da Ailanto. A manobra usada por Rosell para despistá-lo, destaca o livro, é uma aula de malandragem. A Ailanto encaminhou ao procurador uma carta de aptidão expedida pela BSM, com a assinatura de Marta Rodriguez, à época esposa de Rosell. A declaração diz que a Ailanto organizara grandes eventos, entre eles o Campeonato Mundial de Esqui de Sierra Nevada, em 1996. Como seria possível se a empresa tinha seis meses de vida?
O superfaturamento foi comprovado após uma investigação requisitada pelo promotor Albertino Netto. Segundo a Polícia Civil, a Ailanto declarou, entre outras, ter gastado 900 mil reais com passagens aéreas para a Seleção, mas o valor foi de 617,7 mil. As diárias de hotéis tinham sobrepreço de 44%. Além disso, a Ailanto ficou com a receita da bilheteria, 1,3 milhão de reais, apesar de o poder público ter custeado todas as despesas.
Em junho de 2011, outra revelação da equipe da Record. No 1º Ofício de Registro de Títulos e Documentos do Rio, os jornalistas encontraram o contrato de arrendamento de uma das fazendas do cartola a Vanessa Precht, sócia da Ailanto. Assinado quatro meses após o amistoso, o documento previa o pagamento de 600 mil reais a Teixeira. Mas os funcionários da Fazenda Santa Rosa, em Piraí (RJ), nunca viram um arrendatário nas terras.
As investigações acabaram prejudicadas com a repentina morte do promotor Albertino Netto, vítima de um acidente de carro. Antes de seus colegas concluírem o caso, Teixeira deixou a presidência da CBF e refugiou-se em Boca Ratón, Flórida, em março de 2012.
Meses antes, Rosell ainda desfrutava das benesses da amizade com o presidente da CBF. Pegou carona no ônibus que levou os jogadores do Brasil ao estádio Ciudad de La Plata para uma partida pela Copa América, em 3 de julho de 2011. E ficou hospedado no mesmo hotel dos atletas, entre eles Neymar, com quem conversou longamente pelos corredores do hotel. Começaria ali a negociação de transferência do brasileiro para o Barcelona, sustenta o livro. O acordo entre Rosell e Neymar foi assinado poucos meses depois, mas ficou na gaveta por um bom tempo. Somente em maio de 2013 o time catalão anunciou a contratação do atacante, por 35 milhões de euros.
Não tardou para um sócio do clube, Jordi Cases, perceber um desvio de 40 milhões de euros na transação. Em janeiro de 2014, o jornal espanhol El Mundo colocaria mais lenha na fogueira, ao afirmar que o valor total seria de 95 milhões de euros, uma das contratações mais caras da história do futebol. Rosell foi forçado a admitir que o jogador tinha custado mais, 57 milhões. E renunciou à presidência do Barça.
Quando o amigo brasileiro caíra em desgraça, o espanhol não negou apoio. Seis meses após Teixeira deixar o Brasil, a Ailanto de Rosell comprou a participação da esposa do cartola em duas salas comerciais por 2,8 milhões de reais. Em junho de 2012, novo ato de caridade: depositou 3,8 milhões de reais na conta da filha de 11 anos de Ricardo Teixeira. A revelação foi do jornalista Juca Kfouri: “A impunidade é chocante. Teixeira teve tempo de transferir suas propriedades para parentes e fugir do País”.
O superfaturado amistoso da Seleção não era a única preocupação do cartola, embora não possa ser subestimado. “Ao assumir a CBF, em 1989, ele abdicou das receitas da Loteria Esportiva. Foi uma jogada de mestre. Como não administrava dinheiro público, não tinha de prestar contas aos órgãos de fiscalização”, comenta Azenha. “Mas o amistoso foi custeado pelos cofres públicos. Desta vez, ele poderia não se safar.”
Teixeira e Havelange estavam enredados em graves denúncias de corrupção na Fifa desde 2010. A rede britânica BBC revelou como a dupla recebeu propina da ISL. A empresa pertencia a Horst Dassler, dono da Adidas, antigo parceiro de Havelange, que ensinou o brasileiro a lucrar com os milionários pacotes de patrocínio e repartir as “comissões” entre dirigentes esportivos. O caso despertou a atenção do promotor suíço Thomas Hildebrand, que conseguiu furar o bloqueio de diferentes paraísos fiscais e perfazer o caminho da propina.
De 1992 a 1997, a ISL fez transferências totais de 9,5 milhões de dólares à Sanud, empresa sediada em Liechtenstein e sócia, no Brasil, da RLJ Participações, de propriedade de Teixeira e sua primeira esposa, Lúcia Havelange. O promotor suíço descobriu que a Sanud pertencia a Teixeira, fato que o cartola negou durante a CPI da Nike. A partir de 1998, os repasses da ISL passaram a ser feitos para outra empresa, a Rendfort, também controlada pelo ex-presidente da CBF. Os depósitos na conta da empresa somaram 21,9 milhões de francos suíços (perto de 61 milhões de reais).
Curiosamente, todo o processo foi desencadeado pela própria Fifa, ao cobrar da massa falida da ISL o repasse de um valor pago pela TV Globo pelos direitos de transmissão das Copas de 2002 e 2006. Em dificuldade financeira, a ISL concedeu um desconto à emissora brasileira na antecipação de uma parcela de 66 milhões de dólares. Mas a ISL quebrou em maio de 2001 sem nunca ter feito o repasse devido à Fifa. Blatter cobrou o débito na Justiça e colaborou para a fritura de Havelange. Executivos ligados à extinta ISL não hesitaram em vazar informações sobre o esquema.
Hildebrand teve o cuidado de informar às autoridades do Brasil os passos da investigação. Foi assim, sustentam os autores do livro, que a Receita Federal identificou a sonegação da TV Globo. Por meio da Globo Overseas, a família Marinho investiu nas Ilhas Virgens britânicas para formar outra empresa, a Empire. Um ano depois, ela seria dissolvida e, com seu capital, a Globo compraria o pacote da Fifa. Para o Fisco, tratou-se de uma manobra ilegal. A emissora foi condenada a ressarcir os cofres públicos 615 milhões de reais, valor do imposto mais multa. “Estranho é a Polícia Federal não ter sido acionada para investigar a eventual prática de lavagem de dinheiro”, comenta Ribeiro Jr.
Para evitar uma condenação na Suíça, os cartolas brasileiros fecharam um acordo e devolveram parte da propina. Teixeira desembolsou 2,5 milhões de francos suíços. Havelange, por sua vez, pagou 500 mil francos suíços. A punição parece branda, mas pela primeira vez a dupla viu-se obrigada a responder por seus atos na Justiça.
No Brasil, a impunidade continua. No episódio do amistoso da Seleção, a Justiça condenou o ex-governador Arruda e seu secretário de Esportes, Aguinaldo de Oliveira, por improbidade administrativa. A Ailanto de Sandro Rosell foi absolvida. Outro processo criminal, aberto em 2013, apura os crimes de falsidade ideológica e dispensa ilegal de licitação. Rosell e Arruda são réus, mas o ex-presidente da CBF está de fora.
Como o livro destaca, “não fosse o tribunal suíço, Teixeira talvez ainda reinasse absoluto no futebol brasileiro”. Faz sentido.

Fonte:http://www.cartacapital.com.br/