quinta-feira, 14 de maio de 2015

FHC faz parte do Clube de Madrid, um cartel integrado por assassinos, processados por crimes contra os direitos humanos

PROMOTOR FAZ DENÚNCIA SÉRIA: FHC E AÉCIO SÃO CÚMPLICES DO GOLPISMO NA VENEZUELA.


Em entrevista à Carta Maior, Tarek William Saab, Promotor do Povo da Venezuela, acusa FCH e Aécio de golpistas.
“Eu respeito a autodeterminação dos povos, por isso peço o mesmo ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e a seu pupilo (Aécio) Neves.
Gostaria de dizer a eles que, por favor, não se envolvam em assuntos internos da Venezuela, dando apoio a grupos extremistas responsáveis pela morte de mais de 40 pessoas”.
A afirmação é de Tarek William Saab, que encabeça a Promotoria do Povo (órgão do Ministério Público especialmente ligado ao Poder Cidadão da Venezuela), em entrevista para Carta Maior, a respeito do que ele descreveu como “o apoio de FHC e Aécio aos dirigentes golpistas do meu país à conspiração contra os esforços para o diálogo realizados pelo governo do presidente Nicolás Maduro”.
Na última terça-feira (5), FHC recebeu as esposas de Leopoldo López e Antonio Ledezma, políticos “processados por seus vínculos com a onda de violência insurrecional que deixou 43 mortos no ano passado”, recordou Saab, pouco depois de chegar em Brasília, para reuniões marcadas nesta quinta no Senado e “um possível encontro com alguns ministros do governo”.
Carta Maior: Segundo se informou, FHC poderia fazer, em breve, uma visita a Caracas, na condição de membro do Clube de Madrid?
Tarek William Saab: Isso seria uma interferência inaceitável por parte do ex-presidente Cardoso. Sua atitude, e seu pupilo (Aécio) Neves, deve terminar, não podemos admitir este tipo de intromissão lesiva à soberania nacional da Venezuela. É inadmissível, uma agressão, e digo isso na condição de presidente de um dos cinco poderes da República, que é o Poder Cidadão. É lamentável que Cardoso seja parte das campanhas do Clube de Madrid.
CM: O que é o Clube de Madrid?
TWS: Um grupo formado por muitos ex-presidentes, lá está o ex-mandatário espanhol Felipe González que foi declarado persona non grata na Venezuela. Vou dizer de forma mais direta, o Clube de Madrid é um cartel integrado por assassinos, processados por crimes contra os direitos humanos, como José María Aznar (ex-presidente da Espanha, sucessor de González, embora seu opositor histórico).
As tropas espanholas também participaram da matança contra iraquianos durante a invasão norte-americana, na década passada, quando Aznar, do conservador Partido Popular, fez o país apoiar substantivamente a missão. Quando Felipe González (do Partido Socialista Operário, de centro-esquerda) foi presidente, entre os Anos 80 e 90, o país financiou um grupo de extermínio parapolítico chamado GAL (Grupos Antiterroristas de Libertação). Outro que está no Clube de Madrid é Álvaro Uribe, ex-mandatário colombiano, um monstruoso violador dos direitos humanos em seu país, que foi processado e é conhecido no planeta como um criminoso protegido pelos Estados Unidos.
Mas não nos equivoquemos, o Clube de Madrid não é só Felipe González, e Aznar, e Uribe, e Cardoso. Quem realmente dirige o grupo é Barack Obama, ele é o dono desse circo. Há 15 anos, os Estados Unidos estão por trás das conspirações para desestabilizar o governo progressista da Venezuela. E há 15 anos o povo venezuelano tem feito um trabalho heroico de resistência contra esse plano conspiratório internacional.
CM: O que você acha da opinião da presidenta Dilma Rousseff?
TWS: Ela tem contribuído para a harmonia na Venezuela, através de suas participações na Unasul, na Celac, em seus pronunciamentos contra a decisão de Obama de declarar a Venezuela uma ameaça. As posições do governo brasileiro propiciam o entendimento em nosso país, e facilitam a existência de um ambiente pacífico. Seguindo nesse ponto, quero destacar a importância que tem a rejeição popular às medidas arbitrárias de Obama, como as que vimos no mês passado, na Cúpula das Américas, no Panamá, que enfrentou uma posição unitária dos países latino-americanos, todos contra a postura estadunidense.
CM: As esposas de López e Ledezma disseram que a Venezuela é uma ditadura, onde há dezenas de presos políticos.
TWS: Primeiro, digo que na República Boliviariana da Venezuela existem cinco poderes que constituem o Estado. Eu presido um deles, e respeito a autonomia dos demais. Os senhores López e Ledezma estão sendo processados pelos tribunais penais, completamente autônomos do poder político.
No caso de López, a acusação é de autoria intelectual de uma avançada violenta iniciada no começo de 2014, onde houve 43 mortos. Está sendo responsabilizado por instigar a insurreição violenta e por desconhecer as autoridades eleitas.
CM: Os presos estão recluídos em condições dignas?
TWS: Da nossa parte, como instituto responsável por velar pelos direitos humanos, posso garantir que temos visitado o senhor López em seu lugar de detenção, e comprovamos que está em condições absolutamente dignas. No caso de Ledezma, ele já não está em um presídio. É importante que a opinião pública internacional, que muitas vezes é enganada pelas grandes cadeias mundiais de notícias, saiba que Ledezma está em sua casa. Ele teve um problema de saúde, parece que foi uma hérnia, e por essa razão foi concedida a mudança no lugar de detenção, aplicando o benefício da prisão domiciliar.
CM: Politicamente falando, qual é a representatividade de López e Ledezma?
TWS: Eles formam parte da oposição, representam o setor mais radicalizado e extremista, que é visto com simpatia pelos Estados Unidos. Optaram pela via insurrecional, de desconhecimento da legitimidade de um presidente eleito, como Nicolás Maduro, que venceu nas urnas com uma vantagem de mais de 200 mil votos. Em nenhum país do mundo discute-se a legitimidade de um presidente que ganhou as eleições. Nem Al Gore objetou a polêmica vitória de George W. Bush em 2000. Embora em 2014, em El Salvador, a agrupação ultradireitista Arena questionou o triunfo da Frente Farabundo Martí, que foi muito estreito (0,3%), o que talvez seja uma nova tendência de alguns grupos políticos no continente. Mas é muito importante que a opinião pública brasileira saiba que López e Ledezma não são representativos de toda a oposição venezuelana, que essa é uma mentira na que as cadeias internacionais, como a CNN, repetem muito.
CM: O que reproduz a postura hostil da CNN para com o governo venezuelano.
TWS: É verdade, mas foi um exemplo, não quero ficar somente no que faz este ou aquele canal de notícias. Prefiro falar dos senhores da imprensa em geral, o golpe de Estado contra o presidente Hugo Chávez, em 2002, foi comandado pelos canais de televisão privados. Um almirante golpista chegou a admitir – se não houvesse sido pela participação da imprensa no golpe, ele não haveria acontecido.
É preciso acabar com esse costume na América Latina, onde os senhores dos meios de comunicação se sentem no direito de impor e derrubar presidentes, impor deputados, governadores, etc.
A política deve ser feita com as pessoas e para elas, deve ser feita nas ruas, deve ser feita com debates, com ideias. Não pode ser feita por alguns poucos donos de empresas de comunicação manipulando as pessoas. A política não pode ser feita só do lobby das multinacionais.
CM: Como quais?
TWS: Por exemplo, um lobby que pode ser considerado um dos mais poderosos do planeta é o lobby sionista, vinculado às grandes instituições financeiras, aos grandes meios de comunicação, à indústria cinematográfica de Hollywood, à indústria discográfica, à indústria do espetáculo e das notícias sobre as celebridades. Entre tantas outras áreas onde ele atua, esse lobby também participou da conspiração contra a Venezuela, assim como o lobby das grandes transnacionais, que não aceitam que o meu país viva uma revolução e que busque sua independência, sua soberania e sua autodeterminação.

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