terça-feira, 12 de agosto de 2014

R$ 20 MIL POR DIA É O QUE RENDE UM PONTO DE DROGAS NA CIDADE DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Segundo informações do delegado da Diju, um ponto de drogas na cidade pode arrecadar até R$ 20 mil por dia


Adolescentes de São José dos Campos podem ganhar até R$ 300 por dia em serviços relacionados com o tráfico de drogas.
A informação é do titular da Diju (Delegacia de Infância e Juventude) da cidade, Fábio de Carvalho Joaquim.
Um único ponto de drogas consegue levantar no município cerca de R$ 20 mil em 24 horas. Em um mês, caso tudo dê ‘certo’, a ‘boca’ renderia R$ 600 mil, mais do que suficientes para manter adolescentes com ‘salários’ de até R$ 9.000.
“Um único ponto vende 2.000 pinos só de cocaína em um dia, cobrando, em média, R$ 10 por cada. Quem acha que é muito não imagina como tem viciados. Não é só em São José. É em qualquer lugar”, disse o delegado.
Segundo ele, nem sempre o jovem está comprometido com consumo de drogas. “O dinheiro seduz muito mais”.
Falta, na opinião do delegado, políticas públicas e atenção por parte dos pais. “O jovem que não trabalha nem estuda está fazendo o quê? É muito comum serem apreendidos com camisa Nike legítima e com tênis de R$ 600. Aí, você pergunta para os pais: você não desconfiou de onde estava saindo este dinheiro? Eles sequer sabem como responder”.

Defensoria. Para o defensor público de São José Yanko Oliveira de Carvalho Bruno, é preciso desmantelar toda a estrutura do tráfico de drogas.
“Falta trabalhar com inteligência. Os adolescentes são pegos em massa na ponta da cadeia e, no mesmo dia, substituídos por outros. Aí, fica como se estivessem enxugando gelo. E a cadeia em si nunca é quebrada.”
O delegado da Diju conta que as apreensões de jovens dobraram nos últimos dois anos. “A média mensal em 2012 ficava em 35, 40 e hoje oscila entre 80 e 90. A maior parte dos casos tem a ver com tráfico ou com roubo”.
A custódia da Diju, onde estão as celas dos adolescentes, tem capacidade para 20 jovens e, na noite da última quinta-feira, mantinha 19.
Como ali os adolescentes apenas esperam pelo encaminhamento à Fundação Casa ou pela apresentação à Justiça, a rotatividade vem evitado a superlotação.

Fundação Casa. A exemplo do que acontece no sistema carcerário de adultos, a Fundação Casa está com mais internos do que sua capacidade máxima. Anteontem, o Ministério Público ajuizou ação para que a instituição ofereça 908 vagas a mais no litoral e no interior, em seis meses.
No Vale, seriam necessárias mais 43. Criado para abrigar 320 internos, o sistema da região, com cinco unidades, mantinha 363 em abril, ainda de acordo com a Promotoria Pública. Em todo o estado, estão sendo exigidos 1.598 lugares.

Saiba mais

Salário do tráfico
Um adolescente recebe do tráfico na cidade entre R$ 250,00 e R$ 300,00 por dia

Valor mensal
Em 30 dias, o valor poderia alcançar R$ 9 mil

Lucro
Um ponto de drogas é hoje capaz de vender dois mil pinos de cocaína por R$ 10 em um dia, chegando a até 20 mil

Apreensões
A média mensal de apreensões na Diju, de 2012 para 2014, dobrou de 40 para 80


Mães reclamam de falta de estrutura
As ausências de lugar adequado para refeições, de banho de sol e de camas na custódia da Diju (Delegacia da Infância e Juventude) de São José são alvos de reclamações. “A comida é de qualidade. Faltaram alguns colchões, mas já equacionamos. Não tem banho de sol, mas eles ficam no máximo cinco dias”, diz o delegado, Fábio de Carvalho Joaquim.

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