sábado, 28 de junho de 2014

FELIPÃO PERDEU 2. 259,0000


A empresa faliu e deixou cerca de 32000 investidores sem receber nenhum centavo — um prejuízo de 4,5 bilhões de reais, em valores atualizados

Quanto perderam algumas das vítimas




Evair5692000
Edilson3600000
Felipão2259000
Marisa Orth943000
Erasmo Carlos398000
Vampeta336000
Hans Donner207000
Cesar Sampaio101000
Criada em 1988, a Boi Gordo parecia um sonho para os investidores. A oferta de rentabilidade de 38% ao ano, com a engorda de bois nas fazendas do grupo levou muitos brasileiros a apostarem nos números fantásticos. A aplicação de dinheiro em bois de papel virou febre no fim dos anos 90 e logo conquistou uma vasta clientela formada principalmente pela classe média.
Cerca de 70% dos investidores aplicaram montantes de até R$ 15 mil. Hoje, o processo que cuida do ressarcimento das vítimas de um dos maiores golpes da história do Brasil ainda está em andamento.
– O brasileiro é um sonhador e foi criada a imagem do fazendeiro do asfalto. As pessoas se sentiam fazendeiras, donas de uma boiada que nunca existiu – analisou o advogado José Luiz Silva Garcia.
Ao buscar informações sobre o investimento, o gerente comercial Carlito Ribeiro de Macedo encontrou muita gente satisfeita com o negócio. Clientes da Boi Gordo que aplicavam e recebiam de volta valores conforme a excelente promessa do contrato. Foi aí que decidiu investir R$ 100 mil da reserva da empresa que possui. E quando precisou resgatar o dinheiro, veio a notícia de que a empresa estava falida. Já são oito anos tentando equilibrar as dívidas enquanto espera o dinheiro de volta.
– A situação me desequilibrou financeiramente, já que era um fundo de reserva que eu tinha para qualquer emergência – lamenta Carlito Ribeiro.
O esquema funcionava como uma pirâmide e os rendimentos oferecidos não refletiam o lucro com a atividade pecuária, que gira em torno de 10%. Para completar o valor nos contratos que iam sendo resgatados, o grupo usava o dinheiro dos clientes novos que entravam. As contas não fechavam, e começaram então a surgir as dificuldades financeiras.
A notícia de que o negócio não ia bem se espalhou, e milhares de clientes resgataram o dinheiro. A Boi Gordo declarou ter 100 mil cabeças de gado no pasto, mas deveria ter pelo menos dez vezes mais, de acordo com os valores recebidos dos investidores. A situação ficou insustentável, e em 2001 entrou em concordata.
Recentemente o dono da empresa, Paulo Roberto de Andrade, conseguiu anular a ação penal e não pode mais ser preso. Mas o processo que cuida do ressarcimento das vítimas de um dos maiores golpes da história do Brasil ainda está em andamento.
Apesar da maioria das propriedades do Grupo Boi Gordo terem como sede o Estado de Mato Grosso, o processo corre no Fórum João Mendes Junior, na primeira vara cível de São Paulo. Isso porque, de acordo com a lei de falências, o juízo competente para casos como este, deve estar no local do principal estabelecimento da empresa falida, e a administração das Fazendas Reunidas Boi Gordo SA ficava na capital paulista.
Assim como Carlito, outros 30 mil brasileiros ainda não conseguiram ver a cor do dinheiro que investiram na empresa. Mas de acordo com o síndico da massa falida, advogado nomeado pelo juiz para identificar, avaliar e vender o patrimônio da empresa acusada, Gustavo Sauer de Arruda Pinto, pelo menos uma parte deste dinheiro deve ser devolvida.
– Não há a mínima chance de cobrir esse passivo porque ele é muito grande. Atualizado até abril de 2004, ele alcança R$2,5 bilhões – explica o advogado.
Parte do valor vai ser arrecadado com a venda das fazendas do grupo. Primeiro, vai pagar a dívida trabalhista, depois a dívida fiscal e, só depois, o dinheiro será dividido entre os credores. Um problema sem data para terminar.
– Em uma previsão otimista, eu poderia estar pagando os credores trabalhistas no fim do ano que vem – finaliza Gustavo Sauer.
CANAL RURAL

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