domingo, 16 de junho de 2013

LIVRO BOMBA DE DIRCEU FALA DE 13 PESSOAS DE GOIÁS


Treze (número do PT) “goianos” são citados no Livro “Dirceu — A Biografia” (Record, 363 páginas), do jornalista Otávio Cabral: Carlinhos Cachoeira, Delúbio Soares, Demóstenes Torres, Eduardo Siqueira Campos (seu pai, Siqueira Campos, militou na política goiana; daí sua inclusão na lista), Enio Tatico, Hamilton Pereira (Pedro Tierra), Henrique Meirelles, Luciano (cantor), Marconi Perillo, Neyde Aparecida, Raquel Teixeira, Sandro Mabel (nascido em São Paulo, mas se fez como empresário e político em Goiás) e Zezé Di Camargo. O Estado de Goiás e Goiânia também são citados.

Carlinhos Cachoeira é citado duas vezes, às páginas 202 e 320. Na primeira, conta-se a história de como gravou-se dando dinheiro a Waldomiro Diniz, em 2004. “Ele pedia propina para si mesmo e dinheiro para a campanha eleitoral do PT. Em troca, prometia beneficiar Cachoeira em uma concorrência pública”, relata Otávio Cabral. Na segunda, o biógrafo diz que Lula “chamou” o ministro do Supremo Gilmar Mendes “para jantar e insinuou que deveria votar pela absolvição [de José Dirceu, José Genoíno e João Paulo Cunha] se não quisesse ser investigado pela CPI do Cachoeira”. Aqueles que queriam derrubar o governador de Goiás, Marconi Perillo, e o então senador Demóstenes Torres, do DEM, espalharam a informação, falsa, de que o ministro do STF havia viajado para a Alemanha com as despesas pagas pelo contraventor goiano.

Delúbio Soares é o goiano mais citado. Seu nome aparece em 31 páginas. O professor goiano, ex-tesoureiro do PT, era a pessoa encarregada de pagar as contas do PT e, também, de arranjar dinheiro, com o publicitário Marcos Valério, para aplacar a fome por reaais do PL de Valdemar Costa Neto, hoje mandachuva do PR, e de outros deputados do PL e do PP. José Dirceu o encarregou de pagar o publicitário Duda Mendonça. O empresário Jorge Gerdau Johan­npeter, maior produtor de aço do Brasil, visitou Lula, quando este era presidente, para denunciar Delúbio, que o estaria pressionando para obter 1 milhão de reais para o PT. Lula convocou José Dirceu, o chefe político de Delúbio, e disse: “Segura o Delúbio. O Gerdau veio reclamar que ele está pegando pesado”. Segundo Otávio Cabral, “Dir­ceu prometeu advertir o subordinado mas nada fez”. Motivo: Delúbio era o homem que arranjava o dinheiro para pagar o mensalão, segundo o processo julgado pelo Supremo Tribunal Federal.

Na página 212, são arrolados os então deputados federais por Goiás Raquel Teixeira, do PSDB, e Enio Tatico, do PL. Otávio Cabral faz o relato de como o governador Marconi (amigo de Dirceu e inimigo de Lula, é apontado em cinco páginas). advertiu o presidente Lula, em 2004, sobre a existência do mensalão. Ao se encontrar com Lula, em Rio Verde, município do Sudoeste de Goiás, “Marconi faria uma grave denúncia: o governo estava pagando a deputados para que trocassem de partido e dando uma mesada para que votassem de acordo com os interesses do Palácio do Planalto. E ilustraria a acusação com dois casos concretos. A deputada federal Professora Raquel Teixeira, do PSDB, recusara uma proposta para se filiar ao PL em que receberia R$ 1 milhão à vista e uma mesada de R$ 30 mil. O convite fora feito pelo deputado Sandro Mabel, que dizia ter o aval de Dirceu. O outro caso era o do deputado Enio Tatico, que trocara o PSC pelo PL após aceitar os argumentos de Mabel”. Na página 247, repete-se a história, agora exposta por Roberto Jefferson (PTB), “de que Sandro Mabel tentara comprar dois deputados”. Otávio Cabral não apresenta a versão de Mabel e Tatico. Mabel sustentou várias vezes que não fez qualquer oferta de luvas de R$ 1 milhão e “salário mensal” de R$ 30 mil à ex-deputada tucana e a Enio Tatico.

Na página 211, Otávio Cabral assinala que o deputado federal Miro Teixeira disse a Lula: “Pre­sidente, eu fui nomeado para ser líder do governo, não para comprar deputado”. Segundo o biógrafo, Teixeira havia sido “pressionado por uma comitiva formada pelos deputados Valdemar Costa Neto (PL-SP), Sandro Mabel (PL-GO) e Pedro Henry (PP-MT). Queriam saber a quem deveriam recorrer para receber a mesada, ou o ‘mensalão’ — termo usado por Valdemar”.

O goiano de Anápolis Henrique Meirelles, ex-presidente do Bank­Boston e do Banco Central, é listado em quatro páginas. Otávio Cabral sustenta que Meirelles não era a primeira opção de Lula para o BC. “Era a sexta opção e só chegou ao cargo porque todos os demais recusaram o convite.” Detalhe curioso: uma entrevista de Meirelles ao Jornal Opção, na qual disse que sabia como articular as finanças do país, foi examinada por Lula e equipe. Sabe-se que, ao escolhê-lo, Lula não consultou Dirceu. O biógrafo frisa que, publicamente, Dirceu elogiava Meirelles e o então ministro da Fazenda, Antônio Palocci. Priva­damente, atacava-os. Chegava a incentivar o vice-presidente, José Alencar, a atacar a política econômica, sobretudo os juros altos.

Demóstenes Torres é citado apenas uma vez, à página 183. Otávio Cabral revela que, quando ministro-chefe do Gabinete Civil, Dirceu mantinha contato com o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e os então senadores De­móstenes (DEM) e Eduardo Si­queira Campos (PSDB-TO). O intermediário era o advogado An­tônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, sócio do restaurante Pi­antella e dono de um requisitado escritório de advocacia.

Eduardo Siqueira Campos é mencionado em quatro páginas. Na página 210, o autor do livro narra o encontro de Dirceu com os senadores Antonio Carlos Magalhães, Rodolpho Tourinho (PFL-BA), Roseana Sarney (PFL-MA) e E­duardo Siqueira Campos. Na página 213, contrariando Lula, o senador tocantinense defendeu a legalização do bingo no Brasil.
A deputada Neyde Aparecida (hoje, secretária da Educação da Prefeitura de Goiânia) ganha uma citação, à página 262. Quando o PTB pediu a sua cassação, “para fugir do assédio da imprensa e de políticos”, Dirceu mudou-se “para o apartamento da deputada Neyde Aparecida, do PT de Goiás, em um prédio próximo ao seu. Só saía de lá para ir à Câmara, sempre pela garagem, para que o esconderijo não fosse descoberto”.

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