terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

De norte a sul, Goiânia se tornou vítima de jovens que, assim como S.A., desafiam o poder público. A fiscalização não consegue coibir o vandalismo, que deteriora muros de residências, empresas e até mesmo prédios públicos. As câmeras de vídeo de um posto de gasolina flagraram recentemente a ação de vândalos na Praça Cívica (veja abaixo). Quatro homens chegam num carro Volkswagen Gol, que aparenta ótimo estado, e estacionam. Três permanecem no posto enquanto um sai com lata de tinta escondida. Realiza uma pichação e volta. Observa se não há alguém olhando e picha a parede do posto.
Nesta ação, foram pichados o posto e o muro de um estacionamento ao lado. O dono do estabelecimento, Salim Rogério Bittar, 54, conta que o estacionamento é pichado no mínimo dez vezes por ano. “Não dou a eles o prazer de deixar a marca. Picham em um dia, eu pinto no outro.” Ele luta com os pichadores há dez anos. Fica indignado com os abusos. “Prédios históricos, como o Museu Zoroastro Artiaga e a Procuradoria Geral do Estado, estão pichados. É um absurdo!” Salim já sabe como agem os borradores de prédios públicos e privados. “Eles vêm em carros novos, se vestem com roupas boas. Parece que um picha e os outros dão cobertura. Agem sempre na madrugada, entre 2 e 4 horas. Os pichadores estão soltos.”
Em protesto à falta de fiscalização em Goiânia contra a pichação, o jornalista José Reinaldo Machado resolveu averiguar por conta própria, desde setembro do ano passado, quantas residências, prédios comerciais e públicos estão sujos na cidade. A iniciativa surgiu depois que o muro de sua casa foi pichado em junho de 2008 pela quarta vez em menos de dois anos. Morador há dez anos da Vila Nova, José Reinaldo constatou que, só na região em que mora, 75% das edificações estão pichadas.
Além da Vila Nova, a pesquisa também foi realizada no Centro, Setor Universitário, Vila Canaã, Cidade Jardim e Jardim Europa. José Reinaldo fotografou 500 registros das 1.600 pichações que identificou na cidade. A ideia é catalogar todos os endereços juntamente com as fotos e entregar o material de pesquisa para o Ministério Público e autoridades locais para que se tomem providências. “Não dá para ficar de braços cruzados e assistir passivamente os pichadores dominarem a cidade”, reclama o pesquisador.
O jornalista também entrevistou seis adolescentes de um grupo de oito pichadores da Vila Nova. São jovens de classe média, com idades entre 15 a 18 anos, que frequentemente fazem uso de drogas. A escolha do local para ser pichado é feita durante o dia. Eles procuram por espaços limpos para que à noite o grupo entre em ação. Segundo os relatos colhidos por José Reinaldo, os jovens se aventuram pelo universo da pichação para provar que não existe nenhuma lei acima dos pichadores. “Os pichadores querem mostrar que eles fazem a lei. Para eles, não existe o poder público”, diz José Reinaldo.

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