terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

CARNE DE CAVALO EM GOIAS


O grupo JBS, grupo criado e dirigido pelos irmãos José Batista Júnior, o Júnior do Friboi, Joesley Batista e Wesley Batista, tem parceria com o BNDES e fatura 70 bilhões de reais por ano. Mas sua imagem começa a ficar arranhada internacionalmente com o escândalo de que vendeu carne de cavalo como se fosse carne bovina. A acusação é da Nestlé, multinacional suíça.
 
A Nestlé revelou na segunda-feira, 18, que, após fazer uma perícia técnica em alguns produtos, descobriu que continha não carne de vaca, e sim — ao contrário do que informara o fornecedor, a JBS Toledo — carne de cavalo. A JBS alega que comprara a carne na Alemanha e a repassou para a Nestlé. O escândalo foi ampliado porque a JBS é a maior produtora de carnes do mundo. Os países da Europa estão de sobreaviso e muitos tendem a suspender as aquisições do grupo JBS. Até agora, segundo a JBS, não suspenderam. Mas a Nestlé já suspendeu as compras dos produtos do grupo brasileiro — até que o fato seja devidamente esclarecido.
 
A Nestlé, depois de fazer uma ampla investigação, descobriu que o grupo alemão H. J. Schypke forneceu a carne para a JBS Toledo N. V., que é subsidiária do grupo brasileiro na Europa. Sem ter feito controle técnico — afinal, a carne de cavalo não é tão parecida com a carne de gado —, a JBS dos irmãos Batista repassou a carne para a Nestlé. As explicações da JBS não convenceram a Nestlé. No lugar de admitir o erro, a falha de não investigar a origem da carne, a JBS decidiu atacar, sugerindo que fornece “carne processada de mais alta qualidade, sem concessões”. A versão é totalmente contrária ao que apurou, tecnicamente, a Nestlé: a carne é mesmo de cavalo. A JBS Toledo funciona na Bélgica e, possivelmente, será investigada pelo governo belga, porque depõe contra a boa imagem do país no exigente mercado europeu.
 
Mesmo se defendendo, JBS assumiu alguma responsabilidade pelo problema ao anunciar que não vai mais comprar carne — de cavalo, frise-se — da Schypke. “A JBS tomará todas as providências legais cabíveis para assegurar que não sofrerá qualquer prejuízo por conta do ocorrido e continuará a servir a seus clientes com produtos de qualidade, gerando valor a seus acionistas e demais stakeholders”, disse a JBS numa nota defensiva e ameaçadora. A Nestlé abriu o jogo e responsabilizou diretamente a JBS: “Nossos testes encontraram DNA de cavalo em dois produtos feitos com a carne fornecida pela H. J. Schypke”, o fornecedor do grupo brasileiro.
 
A Nestlé, agindo rápido e sem ficar na defensiva, retirou das prateleiras dos supermercados os produtos que usaram carne de cavalo, como o ravióli e o tortelini de carne da marca Buitoni. As substituições foram feitas na Itália e na Espanha. Na França, a Nestlé retirou do mercado a lasanha à bolonhesa Gourmandes.
 
Segundo reportagem do “Estadão”, “nas últimas duas semanas, empresas registraram a queda de sua venda de alimentos prontos em quase 50%, enquanto as autoridades políticas do continente [europeu] não disfarçam a saia justa diante do escândalo”. É possível que as ações de algumas das empresas citadas caem nas bolsas, notadamente na Europa.
Jornal OpçãoO jornal The Sun divulgou uma foto de um batedouro de carne de cavalo na França

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