Ao tentar resistir à prisão, o chefão do tráfico colombiano Pablo Escobar morreu durante uma troca de tiros com a polícia, na cidade de Medellín. Nesta cidade, Escobar montou um cartel que dominava a exportação de drogas para os Estados Unidos na década de 1980, proporcionando-lhe uma fortuna pessoal calculada em US$ 3 bilhões. Na época, Escobar era o criminoso mais procurado do mundo, responsabilizado pela morte de pelo menos cinco mil pessoas em mais de duas décadas de terror.
Escobar morreu no teto de uma casa quando procurava escapar do cerco policial em companhia de um segurança, num contraste com seus dias de glória, quando comandava um verdadeiro exército e agia com a desenvoltura de um governo paralelo na Colômbia. O traficante morreu no dia seguinte ao seu 44º aniversário que, por conta da perseguição policial, acabou passando longe da família – mulher e dois filhos, confinados em Bogotá sob custódia do Estado.
A cabeça de Escobar era tão almejada pelo governo, que fora ofertado US$ 6 milhões para quem oferecesse informações que levassem à captura do traficante. Escobar era procurado desde 1992, quando conseguiu fugir da prisão de segurança máxima. Nunca foi sabido se a localização de Escobar foi dada por um informante ou por investigadores do Exército colombiano.
A área onde o traficante estava escondido, uma região residencial, próxima a um Shopping Center, foi evacuada pela polícia na manhã daquele dia, de onde foram retirados todos os civis. Por coincidência, naquela mesma área, Gustavo Restrepo, primo de Pablo Escobar, fora assassinado no dia anterior, atingido por vários tiros disparados por membros dos “Pepes” (Perseguidos por Pablo Escobar), um grupo paramilitar formado por inimigos do narcotraficante, que o caçava por todo o país. A polícia, no entanto, conseguiu encontrar o foragido mais rápido do que seus outros inimigos.
Nessa ocasião, o Exército tomou a cidade, tomando medidas ou realizando ações excepcionais de segurança para os moradores, já que remanescentes da quadrilha desmantelada de Escobar poderiam vingar o chefe morto.
De menino pobre a traficante bilionário
“Prefiro um túmulo na Colômbia a uma cela nos Estados Unidos”. A frase de Pablo Escobar acabou se mostrando profética na cidade onde viu crescer sua fortuna e viveu anos de sangrenta guerra, até ser o cenário de sua morte. O traficante nunca quis sair da Colômbia, queria gozar no país a fortuna que chegou a colocá-lo em 13º na lista dos mais ricos do mundo da revista Fortune. Para isso, chegou a se oferecer para pagar a dívida externa do país, em troca de não ser extraditado.
Escobar nasceu em 1 de dezembro de 1949 em Rio Negro, a 40 quilômetros de Medellín. Começou a trabalhar cedo, no setor agrícola, mas logo trocou a profissão por um ofício mais lucrativo. Aos 25 anos, foi preso por roubar um carro. Dois anos depois, foi flagrado traficando alta quantidade de cocaína. Fugiu. A partir daí o cartel tomou forma, movimentando mais dinheiro do que muitas multinacionais. No início da década de 1980, Escobar reinava absoluto na província de Antioquía e usava uma parcela mínima da fortuna para ganhar popularidade. Chegou a ser dono do time de futebol Nacional, campeão da Taça Libertadores. Em sua fazenda, mantinha um zoológico com girafas, elefantes e hipopótamos trazidos da África.
Em 1982, Escobar elegeu-se suplente de deputado federal, sendo cassado dois anos depois. Em 1984, após o assassinato do ministro da Justiça, supostamente cometido a mando de Escobar, o governo declarou guerra aos traficantes, iniciando a busca incessante, que culminaria em sua morte, do chefão do cartel de Medellín.