Eleição tem o seu lado tenso, que é a disputa pelo voto mas, também , tem a parte engraçada que começa com as apurações dos votos.
O mote das brincadeiras está na interrogação: quem foi comido pela porca? Os candidatos derrotados na eleição passam a ser motivos de chacotas e brincadeiras. Então, todos que ajudam a engordar o suíno são os alvos das provocações humoradas.
A simbologia da porca comendo o candidato que perdeu é da cultura piauiense e, segundo artigo do Prof. Dr. Do Departamento de Comunicação – CCE/UFPI, Laerte Magalhães , clique aqui, existem três versões para o surgimento do mito:
1. Manuca, um comerciante na cidade de Campo Maior, pela década de 60 do século passado, após ter perdido a eleição para vereador, observava, em frente a sua casa, porcos que fuçavam restos do material da campanha eleitoral. Alguém que passava por ali, percebendo o estado de desolação de Manuca, adverte em tom de galhofa, “cuidado Manuca, senão a porca te come”. A história caiu no gosto popular e rapidinho espalhou-se pelo estado, principalmente porque foi adotado pela mídia. Colunistas e chargistas esbaldam-se de criatividade em épocas de eleição em cada rincão do estado do Piauí. Por todo o Estado, é comum que partidários de políticos vitoriosos, após a apuração, conduzam porcas, ou reproduzam o ronco da porca, através de sistemas de som, à porta de candidatos derrotados.
2. Um político, também de Campo Maior, pela década de 50, teria planejado trocar urnas com votos legítimos por outras com votos falsos, sob as obscuridades. Deixou debaixo de uma moita próxima ao local onde as urnas verdadeiras eram guardadas. Mas, na hora marcada, ao chegar à moita para apanhar as urnas que lhe garantiriam a vitória, viu que uma enorme porca havia espatifado todas as cédulas. Por conta disto, o tal político perdeu a eleição. Do mesmo modo que a versão anterior, a história tomou gosto nas rodas de conversa pela cidade e espalhou-se no imaginário popular.
3. O professor Joaquim Magalhães, natural de Piracuruca – Piauí, diz que nem uma das duas versões corresponde à verdade. Segundo o referido professor, a prática deriva do costume de disparar bacamartes ou ronqueiras nas festas religiosas que é depois adotado nas festas de vitórias políticas. Por ocasião de tais festas, os partidários do vitorioso utilizavam expressões como “hoje a porca vai roncar”, “hoje a porca vai comer”. Para o professor o ronco do bacamarte ou da ronqueira era associado por imitação ao ronco da porca. Daí, a expressão “a porca vai comer” foi aos poucos se transmutando para o modo como é utilizada atualmente. A variedade demonstra e reafirma a riqueza do mito.
Na interpretação do professor Laerte, “ao mesmo tempo, a porca funciona como narrativa alegórica que reproduz a imagem do senso comum, à medida que come o candidato derrotado, que é um rejeito da eleição, aquilo que a sociedade não consume”.
Contudo, faz parte do processo eleitoral, ganhar ou perder. Nada do que contam sobre “ser comido pela porca” deve sair do campo do humor popular. A ridicularizarão dos derrotados é passageira e só serve para produzir risos.