Cada um dos nobres deputados federais custa ao erário cerca de R$ 170 mil por mês. Isto mesmo. Façamos a conta. São R$ 34 mil por mês de salário, uns R$ 90 mil para cargos em comissão e R$ 45 mil para auxílio-moradia, alimentação, aluguel de carro etc.
Em resumo: o Brasil gasta mais de R$ 1 bilhão por ano com os 513 deputados federais. E cada deputado tem ainda direito ao ressarcimento de gastos médicos e outros serviços. Há ainda despesas com carros oficiais, em número de 11, para presidente, vice, presidente do conselho de ética, ouvidor e outros.
Os senadores da República custam até mais. Somados, deputados federais e senadores consomem mais de R$ 2 bilhões por ano de nosso dinheiro. Congresso caro, não? A título de comparação, tomemos apenas (apenas?) os R$ 34 mil que os deputados federais recebem de salário. Como esses valores se comparam aos salários dos professores?
Por que os professores? Muito simples. Os professores desempenham uma função essencial ao país. Sem ensino de qualidade, nunca teremos um país justo e desenvolvido. Na maioria das capitais brasileiras, o governo paga ao professor do Ensino Médio entre R$ 2 mil e R$ 3 mil mensais. No topo da pirâmide do Ensino Superior, o professor universitário titular de instituições federais, com dedicação exclusiva, recebe entre R$ 6 mil e R$ 17 mil.
Portanto, os deputados federais recebem salário 11 a 17 vezes maior do que o de um professor do Ensino Médio e duas a seis vezes maior do que o do professor universitário no ponto máximo da carreira.
Na comparação de custos totais ao erário, ou seja, salário mais extras, individualmente, é abismal a diferença no investimento público com professores e políticos. O professor do Ensino Médio custa 56 a 85 vezes menos ao Estado do que o deputado federal. E o professor titular, no ponto máximo da carreira universitária, 10 a 28 vezes menos.
No Brasil de Temer, não há o menor sinal de corte nos privilégios da classe política. Tampouco há evidência de uma maior valorização dos professores, por mais modesta que seja. Pelo andar da carruagem, o Congresso continuará incompetente e recebendo a peso de ouro. E o professor continuará mal pago e sem o menor reconhecimento. Mas não deixará de ensinar.
Texto: Gilberto Schwartsmann