sábado, 18 de janeiro de 2014

OS FILHOS DA DITADURA FICARAM PODRE DE RICO, CONHEÇA ALGUNS












No dia 11 de novembro de 2012, grupos de direitos humanos, organizações e partidos políticos de esquerda e outros órgãos como a Comissão da Verdade Rubens Paiva – organizada pela Assembleia Legislativa de São Paulo – realizaram mais um ato chamado de “escracho”. O alvo da vez foi o Presidente da CBF, José Maria Marin.
A manifestação se iniciou no Masp e percorreu a Paulista e algumas ruas arborizadas do lindo bairro dos Jardins, na região da Avenida Paulista, até chegar ao luxuoso prédio onde mora o atual presidente da Confederação Brasileira de Futebol.
A escolha de Marin para ser “escrachado” não foi simplesmente porque existe, praticamente, uma ditadura dentro do futebol brasileiro. Mas sim porque Marin é apontado como o responsável por delatar e, consequentemente, provocar a morte do jornalista Vladimir Herzog – morto nas dependências do DOI-CODI de São Paulo, mas que teve sua morte registrada como um suicídio.
Mas esse ato, que deixou moradores dos prédios próximos escandalizados a ponto de se manifestarem nas janelas dos prédios, aponta para outro crime além dos assassinatos, torturas e tantos outros realizados contra a população e o estado democrático brasileiro pela Ditadura Militar e seus generais. Os escrachos realizados até hoje em São Paulo, aconteceram sempre em regiões ricas da cidade. Isso nos leva a uma conclusão: o poder econômico e a boa vida que desfrutam aqueles que trabalharam para a Ditadura Militar.
Para quem não conhece a história da Ditadura Militar que durou (oficialmente) de 1964 até 1985, os militares tomaram o poder através de um golpe de estado contra o presidente João Goulart, após ele decidir por medidas sociais que trariam uma maior igualdade social para o Brasil, como foi o caso da Reforma Agrária – a gota d’água para a direita e para a Igreja reacionária que já se manifestavam abertamente contra as atitudes populares e “comunistas” do então presidente Jango, através da Marcha pela família e propriedade.
Mas a imagem de justiça, ordem e progresso, até hoje defendida pelos adoradores da Ditadura – muitos deles são pessoas que não conhecem nem um pouco do que foi esse momento da história negra do Brasil – esconde a verdade daquele período: crimes contra a oposição (assassinatos, torturas, etc…), censura (contra artistas, jornais e intelectuais opositores), aumento avassalador da dívida pública externa brasileira, retrocesso dos direitos do povo com o fim de matérias como filosofia e sociologia nas escolas e com os Atos Institucionais.
Todas essas medidas, aliadas a grande propaganda realizada pelos meios de comunicação da Ditadura – Rede Globo, Folha de São Paulo, Estadão, Veja, entre outros – permitiu que muitas pessoas lucrassem com a Ditadura. Os exemplos mais claros são dos meios de comunicação: a Rede Globo que tinha acabado de surgir tornou-se o império da Família Marinho que era ardente defensora do regime autoritário; A Folha de São Paulo tornou-se o maior jornal do paulista com o fechamento dos jornais opositores e, principalmente, por maquiar notícias e emprestar sua estrutura para a ditadura, como o carro que transportava presos políticos para o DOI-CODI e para o DOPS. Várias outras organizações como o próprio SBT e a Editora Abril também se beneficiaram do dinheiro que rolava em propinas e na corrupção.
Mas além dos meios de comunicação, já há muitos anos denunciados (uma boa forma de conhecer melhor é vendo o filme “Além do Cidadão Kane”, até hoje proibido no Brasil), houve o enriquecimento pessoal dos apoiadores e dos executores do regime. Empresários como o Eike Batista – que herdou a fortuna suja acumulada por seu pai que era um colaborador da Ditadura – ou Henning Boilesen – que se tornou dono da Ultragás e foi um dos maiores financiadores da Ditadura. Várias empresas nacionais e multinacionais, com ênfase nas norte-americanas, também os maiores bancos do Brasil como o Bradesco, faziam enormes doações aos militares em troca de “segurança” para que mantivessem o controle do mercado nas suas áreas. Devemos lembrar também dos latifundiários que colaboravam com a Ditadura em troca da morte de militantes que atuavam nas Ligas Camponesas no interior do Brasil e no Nordeste.
Mas houve também o enriquecimento e o ganho de poder político. Paulo Maluf foi um dos principais políticos da Ditadura, chegando a ser governador biônico de São Paulo. Delfim Neto, Orestes Quércia, as famílias Sarney (Maranhão), Magalhães (Bahia) foram outros que lucraram por servir fielmente à Ditadura. Houve também a segurança para membros das Forças Armadas como o torturador Sergio Fleury – que depois foi morto como “queima de arquivo” – ou Claudio Guerra que até hoje vive confortavelmente com sua pensão de militar aposentado e ainda ganha dinheiro com o lançamento de um livro onde conta várias mentiras sobre a morte de militantes de esquerda.
Enfim, Marin é apenas mais um exemplo de como até hoje temos inseridos nas entranhas do estado brasileiro os resquícios ou (riquícios) da Ditadura Militar. Marin foi deputado, vereado e ocupou o cargo de governador de São Paulo durante uma ausência do Paulo Maluf. E foi como deputado que ele fez um discurso de ataque à posição de resistência da Televisão
Cultura que se negava a calar-se frente os crimes da Ditadura. E por isso é acusado de ser responsável por provocar a morte de Herzog em uma das mais vergonhosas tentativas de encobrir um crime, quando Herzog foi fotografado com uma corda no pescoço em um suposto suicídio. Mas o detalhe é que Herzog estava ajoelhado. Chegou a hora de nós nos levantarmos. Tirarmos o joelho do chão e condenarmos aqueles que enriqueceram as custas das mortes de brasileiros e brasileiras. E muitos que ainda hoje sobrevivem com os ganhos que escorreram das veias dos trabalhadores e do povo brasileiro.

ELE TEU UM GOLPE NA PREVIDÊNCIA

O caso está no Superior Tribunal de Justiça: o ex-ditador Emílio Médici adotou como filha a neta Cláudia, para que ela pudesse receber pensão após sua morte.
Com o falecimento do avô [em 1985] e [, em 2003,] da avó (que, com a adoção, tinham virado seus pais), Cláudia pediu parte da herança. Houve resistência de uma ala da família e o caso foi para a Justiça.
Mas o importante não é a briga familiar: é o golpe de adotar a neta para que recebesse uma pensão à qual não teria direito.
Não há outro motivo para virar filha dos avós, já que Cláudia tinha pais vivos e com eles morava.
E há quem, irritado com políticos que mamam nas tetas do Estado, defenda a volta dos militares.
[Observação deste blog: essa mamata que favorecia os militares foi extinta pelo Congresso durante o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2003), por iniciativa do presidente da República. As pessoas que já haviam adquirido esse direito absurdo -- muitas delas com excelentes empregos -- continuarão recebendo esse dinheiro público até morrerem.]

HOUVE SIM, CORRUPÇÃO NOS GOVERNOS DOS GENERAIS NO BRASIL

A corrupção correu solta durante a ditadura



A velha corrupção
Muita gente, repetindo os lacerdinhas da Veja, manda recados com o tradicional “não havia corrupção durante o regime militar” e “nenhum general presidente enriqueceu no poder”. Na primeira parte, confundem falta de divulgação com inexistência. Na segunda, consideram que sustentar um regime de tortura e morte é menos grave. A corrupção durante o regime militar foi uma constante. O historiador Carlos Fico, em “Como eles agiam”, mostra que a ação contra a suposta “crise moral” foi o mote dos militares. Sempre que a expressão “dissolução de costumes” se espalha, tem autoritarismo no ar. Os ditadores queriam acabar com a corrupção, que viam como um traço cultural muito “característico do brasileiro”.
O ministro Armando Falcão, pilar da ditadura, chegou a dizer: “O problema mais grave no Brasil não é a subversão. É a corrupção, muito mais difícil de caracterizar, punir e erradicar”. Com o AI-5, de 1968, a ditadura dotou-se de mecanismo para confiscar bens de corruptos. A Comissão Geral de Investigações, criada em 17 de dezembro de 1968, propunha-se a “promover investigações sumárias para o confisco de bens de todos quanto tenham enriquecido ilicitamente, no exercício do cargo ou função pública”. A roubalheira correu solta durante todo o regime militar. Carlos Fico conta que, entre 1968 e 1973, auge da ditadura, a CGI analisou 1.153 processos de corrupção. Aprovou 41 confiscos de um total de 58 pedidos. Entre os investigados ou condenados, “mais de 41% dos atingidos eram políticos (prefeitos e parlamentares) e aproximadamente 36% eram funcionários públicos. Num único ato, em 1973, chegaram ao Sistema CGI cerca de 400 representações ou denúncias”. Seria o caso de dizer: nunca se roubou tanto no país quanto em 1973.
Carlos Fico pergunta: “Por que, então, fracassou a iniciativa de ‘combate à corrupção’ do regime militar pós- AI-5?”. A resposta vai enfurecer os adeptos dos lacerdinhas: “Em primeiro lugar, a impossibilidade de manter os militares num compartimento estanque, imunes à corrupção, notadamente quando já ocupavam tantos cargos importantes da estrutura administrativa federal. Não terão sido pouco os casos de processos interrompidos por causa da identificação de envolvimento de afiliados ao regime”. Fico sabe do que fala. Foi um dos primeiros a ter acesso a arquivos com material sigiloso do regime. Examinou todos os processos de confisco no Arquivo Nacional. Cláudio Guerra, no recente “Memórias de uma guerra suja”, afirma que o regime financiou a repressão, na sua fase final, com dinheiro do jogo do bicho. Cita empresários, como o dono da Itapemirim, que receberam vantagens oficiais pelos bons serviços à repressão.
Uma determinação do Ministério da Justiça orientava a mídia: “É vedada a descrição minuciosa  do modo de cometimento de delitos”. Não foi possível divulgar a descoberta de uma carga de drogas no quartel da Barra Mansa. O ministro do Trabalho, o gaúcho Arnaldo Prieto, em 1974, censurou as notícias sobre sua desastrada política salarial. Foram censuradas também as “gravuras eróticas de Picasso”.