quinta-feira, 15 de outubro de 2015

EX-PASTOR REVELA QUAL O MELHOR LUGAR PARA SE LAVAR DINHEIRO SUJO NO BRASIL

Segundo ex-pastor, isenção de impostos estimula a lavagem de dinheiro nos templos religiosos
Entre as diversas acusações que pairam sobre Eduardo Cunha (PMDB-RJ), uma é a que ele tenha utilizado a igreja Assembleia de Deus, da qual é membro, para receber pagamentos e fazer lavagem de dinheiro de propina, segundos investigações da operação Lava Jato.
Para comentar as suspeitas, oFavela 247 procurou o ex-pastor da Igreja Universal do Reino de Deus André Constantine, 38, presidente da associação de moradores do morro da Babilônia e criador do movimento Favela Não Se Cala. Constantine não demonstrou surpresa com as acusações de lavagem de dinheiro dentro de uma igreja: "O que eu vou falar todo mundo sabe, qualquer pessoa que frequente esses templos ou tem algum cargo, tem a ciência de que esses templos são isentos de impostos. Nenhum templo religioso contribui com imposto pro Estado brasileiro", afirma.
"E este é o ponto de partida para toda a picaretagem: como eles são isentos de impostos, viabiliza que ali se lave dinheiro do narcotráfico, de bicheiro, de político e de milícias. Esses templos religiosos são o melhor lugar para se lavar dinheiro no Brasil", diz Constantine, que afirma existir muita gente honesta, tanto que frequenta como que tenha cargos eclesiásticos nas igrejas, mas, segundo ele: "A alta cúpula sabe até os ossos, estão enterrados até o pescoço nisso".
Além da corrupção e da lavagem de dinheiro, outra característica dessas igrejas e de seus líderes que incomoda Constantine são as aspirações políticas: "O que mais me preocupa, principalmente no segmento religioso protestante, é a intenção que existe nele de obter poder de Estado. Eles elegeram diversos vereadores, deputados estaduais e federais. O Marcelo Crivella (PRB) quase virou governador do Rio. A bancada evangélica é a mais conservadora, vê as alianças que eles fazem: ruralistas, bancada da bala... Na Marcha para Jesus estava o Bolsonaro. Aquilo ali virou carnaval e palanque político. Cada eleição que passa essa bancada cresce mais. Eles alavancam o fascismo e o conservadorismo através do discurso da 'família brasileira', mas por trás dele há um discurso machista, homofóbico e racista", acredita André.
Questionado sobre se essas denúncias contra Eduardo Cunha ou outras lideranças religiosas evangélicas suspeitas de corrupção abalam a fé dos fiéis, Contantine responde: "Isso não diz nada ao ouvido dos fieis. A mente da maioria deles está tão cauterizada que, infelizmente, não conseguem enxergar as coisas de forma mais abrangente. Eles fazem um trabalho muito forte de condicionamento mental nessas igrejas", defende.
"Na favela, hoje, quando o morador vivencia um problema existencial, financeiro ou de saúde, existem duas portas sempre abertas para o acolher: a da droga e do crime, e a de um igreja", afirma o ex-pastor, antes de iniciar uma crítica à interpretação das escrituras nas igrejas neopentecostais: "Eles se utilizam de artifícios bíblicos. Para eles a Bíblia é a inerrante palavra de Deus. O Malafaia que usa muito isso. Eles confiam cegamente nesse livro, e é um livro muito fácil para você criar diversas interpretações. Eles sempre pegam alguma coisa fora do contexto para fazer a base ideologia deles verdadeira".
Constantine afirma que foi a leitura da Bíblia que o fez escolher a apostasia, aos 23 anos: "Eu percebi que estava tudo errado lendo a própria Bíblia, principalmente na questão do dízimo. Na Bíblia ele era recolhido em forma de alimento, e apenas poderia ser recolhido pela tribo de Levi, e só poderia ser destinado às viúvas, aos órfãos e aos estrangeiros. O dízimo era uma parte da colheita separada pra fazer essa distribuição. Aí que eu comecei a contestar. Hoje eles alegam que precisam pegar um dinheiro para a manutenção da obra de Deus. E isso é uma grande deturpação da obra de Deus. Não tem nada de espiritual nisso. Há também as questões naturais, como quando eles falam que pagar dízimo vai repreender o gafanhoto. Eles demonizaram os gafanhotos. Dizem que se você não entregar o dízimo na Igreja, os gafanhotos mexem nas suas finanças. Eles espiritualizam coisas que são do campo natural. Qualquer pessoas racional que leia aquele texto verá o que estou falando. Tudo isso está no Malaquias 3:10, o livro mais utilizado por esse cães gulosos, por esses vagabundos, pata justificar a cobrança de dízimo. Cães gulosos é como o próprio profeta chama os falsos pastores, veja em Isaías", sugere.
Questionado sobre se pastores e políticos evangélicos metidos em corrupção têm fé, Constantine é taxativo: "Pra mim esses caras são os verdadeiros ateus. É tudo empresa cara, a estrutura toda funciona como empresa. E na lógica do capital a empresa foca o lucro, assim como essas instituições religiosas. A nossa sorte é que eles ainda são muito fracionados, há interesses pessoais muito grandes envolvidos. Se não estivessem tão fracionados a possibilidade de eleger um presidente evangélico seria muito maior. Olhe o Malafaia: ladrão pilantra e safado. Apoiou o Cunha, e agora sai por aí dizendo que não tem, nem nunca teve, nada com o Cunha. Esse Malafaia é um dos maiores safados e pilantras do Brasil", acusa o ex-pastor.

DEPUTADA MAGDA MOFATTO AFIRMA: NÃO TENHO AFINIDADE COM O MUNDO HOMOSSEXUAL

O projeto de lei que trata do Estatuto da Família (PL 6583/13), que está na Câmara dos Deputados, tem gerado diversas discussões e continua sendo um tema polêmico, quando define família como o núcleo social formado a partir da união entre homem e mulher, por meio do casamento ou união estável, excluindo casais homossexuais.
Também é considerado família pelo estatuto a comunidade formada por qualquer um dos pais e seus descendentes, como viúva ou viúvo com seus filhos e um divorciado ou mãe solteira com seus dependentes. O texto excluindo casais homoafetivos foi aprovado no último dia 24 na Comissão Especial sobre Estatuto da Família.
Em entrevista ao Jornal Opção, a deputada federal goiana Magda Mofatto (PR), defensora da aprovação do estatuto como está — sem a inclusão de casais do mesmo sexo — explicou que não vê o projeto como desrespeitoso em relação a diversidade sexual. A parlamentar propôs, então, a criação de um “Estatuto do Homossexual”.
Questionada sobre como seria tal estatuto, a deputada afirmou que “desconhece o mundo homossexual”. “Não sei, não tenho afinidade, avalio tudo como plateia. Eles que têm quem avaliar o que é melhor para eles”, disse. De acordo com Magda, se algum deputado levasse uma proposta do gênero adiante, a discussão seria longa. “Se eu estiver lá para votar, será longa.”
Defensora “dos bons costumes e da tradição familiar”, Magda vê como importante o respeito a qualquer opção feita por qualquer pessoa. Mas quando se trata de família, a deputada acredita que a situação muda. De acordo com ela, quando um casal homossexual constitui família e adota filhos, pode incentivar o “desvirtuamento das crianças”, e que por isso a família deve ser constituída por homem, mulher e filhos.
“Essa é a minha preocupação. Eu acho errado quando se fala em orientação sexual. Orientação sexual é a da natureza, a original. Por isso é preocupante a orientação que uma criança porventura venha a receber por conta das pessoas que a criam. Ela pode não ter nascido com o instinto lésbico, mas pode ser incentivada a ser. E acho que ninguém deve ser incentivado a ser homossexual”, afirmou, explicando o motivo de ser também contra a adoção de crianças por casais gays.
Magda Moffato alega que se preocupa porque, mesmo sem querer, uma criança criada por homossexuais é automaticamente incentivada a seguir o mesmo caminho. Conforme deputada por Goiás, a criança pode achar que o que vê em casa “é um exemplo bom, normal, e que o resto não é anormal”. “Meu medo é que o excepcional seja um casal formado por homem e mulher e que pessoas do mesmo sexo morando numa casa seja como se fosse família.”
Fonte: Jornal Opção