O homem que levou a adolescente de 16 anos vítima de um estupro coletivo para casa, se passando por um agente comunitário, foi identificado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro como um dos suspeitos de envolvimento no crime. Raphael Assis Duarte Belo, de 41 anos, aparece na selfie postada nas redes sociais ao lado da vítima nua e desacordada. Investigadores informaram ao R7 ter ciência do fato. Segundo o jornal O Globo, ele trabalhou como apoio a operador de câmera nos estúdios Globo, de onde foi desligado em agosto do ano passado
À polícia, a jovem de 16 anos disse que, na noite do sábado (21), foi para a casa do namorado, mas acordou em outra residência cercada por 33 homens armados, nua e machucada. A adolescente relatou que voltou para casa, mas que, ao se dar conta de que o telefone celular fora roubado, voltou à comunidade.
Foi quando um vídeo com a garota nua e homens mostrando sua vagina surgiu nas redes sociais. A família e uma rede de militantes feministas passaram a tentar localizá-la. Mais de 800 denúncias chegaram à Ouvidora do Ministério Público do Rio de Janeiro que acionou a Delegacia Antissequestro.
A adolescente então reapareceu por volta das 21h de quarta-feira (25) levada de carro até sua casa pelo homem que foi identificado pela polícia como um dos suspeitos do crime. À família, ele se identificou como agente comunitário.
Ao chegar à casa da vítima, o suspeito disse que ele a resgatara em Praça Seca, também na zona oeste do Rio. O homem contou que já a havia encontrado no local, mas que se preocupou com o estado de saúde dela após ver a repercussão do vídeo.
Ele ainda acrescentou que tirou a jovem do
local e a colocou dentro do próprio carro. A adolescente indicou a casa da família.
A avó da adolescente relatou o diálogo com o suposto agente.
— Ele disse que tinha encontrado ela lá, que estava tudo bem com ela, e ela estava bem, e que ele tinha trazido.
"Avó de vítima de estupro coletivo fala sobre vídeo: 'Me arrependi de ter visto, é muito cruel'
Em rede social, vítima de estupro coletivo agradece apoio e desabafa: "Não dói o útero e sim a alma"
"Só pedia para que ela estivesse viva", diz mãe de adolescente vítima de estupro coletivo no Rio
"Não vamos descansar até prender todos"
O secretário de segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame afirma que a polícia do Estado não vai descansar até identificar e prender todos os responsáveis pelo estupro. As declarações de Beltrame foram postadas no perfil oficial da Secretaria de Estado de Segurança do Rio de Janeiro. Ainda segundo o perfil na rede social, Beltrame deve receber o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, no Centro Integrado de Comanda e Controle na tarde desta sexta-feira (27).
Polícia aguarda laudos
Os investigadores aguardam o laudo final do exame de IML (Instituto Médico Legal) da vítima. Ainda não há certeza de quantos criminosos participaram do crime — a polícia trabalha com o número de 30 a 36 suspeitos.
Diferentemente do informado na noite de quinta-feira (26), os suspeitos não tiveram a prisão pedida pela polícia. Após depoimentos, se necessário, a polícia pode encaminhar os pedidos à Justiça, segundo afirmou no começo da tarde desta sexta-feira o delegado da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI), Alessandro Thiers. Os investigadores querem "colher depoimentos e agir de forma técnica", acrescentou.
— A polícia não verificou a necessidade de pedir a prisão das pessoas.
Além de Raphael, Lucas Santos, de 19 anos, que era namorado da vítima e jogador do Boa Vista, é suspeito de envolvimento no estupro.
Já Marcelo Correa, de 18 anos, e Michel Brazil, de 20 anos, são suspeitos de divulgar o vídeo da garota nua e desacordada após o crime nas redes sociais. Segundo a polícia, os advogados já entraram em contato para marcar os depoimentos.