Com pouco mais de 17 mil habitantes, a população da pequena cidade de Belém, localizada no Agreste paraibano, a 123 km de João Pessoa, desde o Dia de Finados (2), não fala de outra coisa. O túmulo mais bem cuidado do único cemitério local tem uma fotografia em moldura de bronze, está sempre decorado com flores naturais e foi revestido todo de azulejos. O curioso é que todo esse cuidado foi do futuro morador, o funcionário público José Lupércio dos Santos, 50 anos.
Há nove meses, ele vem zelando pela boa aparência do jazigo. Com cerca de dois metros quadrados de área, a sepultura virou atração no dia dedicado às homenagens aos mortos e quem fazia ‘as honras da casa’ era o próprio Lupércio, conhecido na cidade como ‘Seu Naldo’. Vestido de preto, ele desfilou pelo cemitério e apresentou o próprio túmulo, ‘com muito orgulho’, aos visitantes. A espontaneidade do Seu Naldo causou susto às pessoas que estavam no cemitério. “Quando olhavam para a minha fotografia no túmulo e me viam ao lado, vestido de preto, o povo queria correr com medo. O susto era grande”, disse o funcionário público.
José Lupércio revela que não teme morrer e que a construção do espaço foi pensado para que ele tenha um bom descanso. “A gente tem que se preparar pra tudo. A única certeza da vida é a morte. Eu não quero morrer agora, mas se for a vontade de Deus, fazer o quê?”, resigna-se.