Olímpio Dias dos Reis, de 81 anos, acordou na madrugada do último dia 5 desesperado. Como mora sozinho, em uma casa humilde, no Setor Montes Belos, em São Luiz dos Montes Belos, saiu correndo pela vizinhança. Bateu na porta de várias casas. Ninguém o socorreu. Eram 3 horas e os vizinhos ficaram com medo. A Polícia Militar foi chamada pelo telefone 190 por um deles. Disseram que alguém estava batendo na porta das casas.
O sargento Mariano e o cabo Camargo, da 20ª Companhia Independente da Polícia Militar (20ª CIPM), foram ao local e descobriram que o idoso pedia ajuda porque três cômodos da casa já estavam tomados pela água da caixa de descarga do banheiro, cuja válvula havia estragado.
Mesmo não sendo trabalho de um policial militar, Mariano e Camargo consertaram o vazamento e ajudaram o idoso a tirar a água da casa de Olímpio. Foram embora somente depois que tudo estava seco.
Ações como essa, que ganhou repercussão em sites ligados às polícias militares do País, são conhecidas como serviço distinto e nem sempre são relatadas aos superiores. Muitas nem chegam a ser registradas oficialmente.
As de maior destaque, como a do socorro ao idoso, acabam sendo objeto de sindicâncias que são encaminhadas às Comissões de Promoção de Praças e de Oficiais e para a Permanente de Medalhas. O mérito é reconhecido pelo comando da corporação.
Os artigos 3º e 4º do Decreto número 2.581/86, que regulamenta a concessão da Medalha de Serviço Distinto visa homenagear o militar da ativa, da reserva ou reformados responsáveis por ações meritórias praticadas “consciente e voluntária com certo risco de vida, para prevenir graves danos a terceiros, à comunidade ou ao Estado; que resultem grande benefício para terceiros, para a comunidade, para a PM ou para o Estado ou que demonstre grande desprendimento, interesse, coragem ou espírito de sacrifício por parte do agente.”
Mariano e Camargo devem receber a medalha, segundo reconhecimento do próprio comandante-geral da Polícia Militar, coronel Sílvio Benedito Alves. “Os dois fizeram uma ação humanitária. Socorreram um idoso em um momento de desespero”, disse.
Quem deve ser condecorado também é a equipe do Batalhão Rodoviário formada pelos sargentos Dirley Mendonça de Brito e João Elio de Andrade, pela cabo Rosana Rodrigues Manze e pelo soldado Flávio Pereira de Souza.
De plantão no posto da Polícia Rodoviária estadual na GO-070, às 5h30 do dia 9, eles foram os responsáveis pelo socorro à dona de casa Jacira Conceição dos Santos, de 28, grávida de sete meses e em trabalho de parto.
O bebê nasceu ali mesmo e foi levado para o Hospital Garavelo, onde está internado na unidade de terapia intensiva neonatal em estado regular. Sábado pela manhã, os militares foram até a casa de Jacira, na Rua FR Junipero Serra, no Parque Los Angeles 2, em Goianira.
A dona de casa passa bem e agradeceu a ajuda dos policiais no parto. “Não dava tempo de chegar na maternidade”, contou o marido, o eletricista Vandinei Curti da Silva, de 22. Da casa deles até o posto da Polícia Rodoviária são 18 quilômetros. “Vi que ela não ia aguentar e parei na polícia. Eles me ajudaram e meu filho nasceu.”.
A cabo Manze e o soldado Flávio nunca tinham participado de um parto e se emocionaram ao ajudar a dona de casa. Flávio, que ajudou no parto, será pai novamente no próximo mês. Nem sempre, porém, as ações humanitárias são relatadas aos superiores. Elas, por não configurarem como ação policial, acabam não sendo registradas.
O Setor de Comunicação Social da Polícia Militar informou que somente em Goiânia são registradas 300 ligações no 190 que resultam em atendimento policial por parte da PM. Isso significa apenas 40% das ligações. Os outros 60% são relativos a trotes e a informações diversas, inclusive de casos que acabam se tornando ocorrências de serviço distinto. No dia 13 de abril, a soldado Marianna Carvalho Zerbini Leão, da 9ª CIPM, viu que o preso estava tentando se enforcar na cela. “Agarrei as pernas dele e evitei que se matasse. “
Ação social a paciente com câncer
O coronel Divino Alves de Oliveira, porta-voz da Polícia Militar, lembra que em 2009, quando esteve à frente do 7º Comando Regional da PM, em Iporá, determinou, através de portaria, que uma veículo buscasse e levasse todos os dias uma jovem de 15 anos com câncer ao tratamento com fisioterapeuta do “outro lado da cidade.”
Segundo ele, a mãe da adolescente o procurou no quartel e explicou a situação da filha e a falta de recursos da família. “Ficamos condoídos com a situação da família. Durante o tratamento dela a PM a buscou e depois a deixou em casa. Infelizmente ela não resistiu”.
Cerca de 30 usuários de droga foram encaminhados a comunidade terapêutica Desafio Jovem Ebenezer, da Igreja Cristã Vida, nos três últimos anos. Os encaminhamentos foram feitos pelo tenente Adão Rodrigues de Oliveira, subcomandante da PM em São Luís dos Montes Belos.
“Temos um programa na rádio local e quando familiares de usuários de drogas souberam que tínhamos parceria com a igreja, começaram a pedir tratamento. Aos traficantes, a cadeia. Aos usuários que querem, tratamento.”
Casos nem sempre são notificados
Em outubro de 2012, o sargento Eslei Martins Pinheiro, do Grupo de Intervenção Rápida Ostensiva (Giro), passava pela Cidade Jardim quando viu que dentro de um carro estava uma mulher em trabalho de parto. O Corpo de Bombeiros já havia sido acionado, mas estava demorando.
Como a bolsa já havia rompido e os ocupantes do carro estavam desesperados, o sargento foi pilotando a motocicleta na frente do carro, como batedor, até uma maternidade no Setor Sul.
O percurso foi feito em cinco minutos. Assim que chegou ao hospital, a criança nasceu. O sargento foi promovido por ato de bravura, segundo informações do comando-geral da Polícia Militar.
Uma mulher procura o comandante da Companhia da Polícia Militar na cidade do interior. Desesperada, ela pede ao tenente que converse com o filho dela. Ela descobriu que o estudante está usando drogas e não quer que o filho vire bandido. A dona de casa, que mora na periferia da pequena cidade, é atendida pelo comandante da unidade, que chama o adolescente e explica os males causados pelas drogas, além das implicações legais e de prováveis problemas que ele pode ter com a polícia.
Casos assim são comuns em cidades do interior, onde o número de ocorrências reativas - que exigem a ação enérgica da PM como em roubos, homicídios, latrocínios, por exemplo, são pequenas e a ação da PM é mais comunitária.
“Foi mais uma ação comunitária”, contou o comandante da Companhia da PM. Para preservar a identidade da mulher e do filho, os nomes, inclusive do militar, foram omitidos. Nas cidades menores os PMs são conhecidos da população, o que aumenta a confiança dos moradores na corporação.
Esse conceito de policiamento comunitário é antigo, mas com o crescimento das cidades, aumento da população e dos crimes, o vínculo foi ficando cada vez menor entre o cidadão e o policial.
De acordo com o porta-voz da PM, coronel Divino Alves de Oliveira, o grande número de ações humanitárias desenvolvidas por policiais militares nem chega a ser comunicada. “Não temos o quantitativo exato dessas ações. Contabilizamos as ocorrências policiais. A população nos procura porque o número 190, da Polícia Militar, é conhecido de todo mundo”.
Como a bolsa já havia rompido e os ocupantes do carro estavam desesperados, o sargento foi pilotando a motocicleta na frente do carro, como batedor, até uma maternidade no Setor Sul.
O percurso foi feito em cinco minutos. Assim que chegou ao hospital, a criança nasceu. O sargento foi promovido por ato de bravura, segundo informações do comando-geral da Polícia Militar.
Uma mulher procura o comandante da Companhia da Polícia Militar na cidade do interior. Desesperada, ela pede ao tenente que converse com o filho dela. Ela descobriu que o estudante está usando drogas e não quer que o filho vire bandido. A dona de casa, que mora na periferia da pequena cidade, é atendida pelo comandante da unidade, que chama o adolescente e explica os males causados pelas drogas, além das implicações legais e de prováveis problemas que ele pode ter com a polícia.
Casos assim são comuns em cidades do interior, onde o número de ocorrências reativas - que exigem a ação enérgica da PM como em roubos, homicídios, latrocínios, por exemplo, são pequenas e a ação da PM é mais comunitária.
“Foi mais uma ação comunitária”, contou o comandante da Companhia da PM. Para preservar a identidade da mulher e do filho, os nomes, inclusive do militar, foram omitidos. Nas cidades menores os PMs são conhecidos da população, o que aumenta a confiança dos moradores na corporação.
Esse conceito de policiamento comunitário é antigo, mas com o crescimento das cidades, aumento da população e dos crimes, o vínculo foi ficando cada vez menor entre o cidadão e o policial.
De acordo com o porta-voz da PM, coronel Divino Alves de Oliveira, o grande número de ações humanitárias desenvolvidas por policiais militares nem chega a ser comunicada. “Não temos o quantitativo exato dessas ações. Contabilizamos as ocorrências policiais. A população nos procura porque o número 190, da Polícia Militar, é conhecido de todo mundo”.
Destaque para prevenção de suicídio
Evitar que pessoas cometam suicídio é recorrente na Polícia Militar e este tipo de ocorrência é uma das de destaque entre aquelas de serviço distinto.
Em outubro de 2013, o cabo Idevaldo Veras dos Santos e os soldados Valmário Mascarenhas Ribeiro e Daives Afonso Ferreira da Silva estavam de folga viajando para Luziânia quando viram uma mulher sobre a mureta de proteção da ponte da linha férrea da BR-040. Eles pararam e começaram a conversar com ela.
A mulher estava grávida e desesperada. Em um momento de distração, eles seguraram e a levaram a uma unidade de saúde. Os militares, lotados no Batalhão de Choque, em Goiânia, tiveram indicação para receberem a medalha do serviço distinto.
Matéria da Jornalista Rosana Melo – Jornal O Popular – Edição de 26 de maio de 2014 (segunda-feira)
Em outubro de 2013, o cabo Idevaldo Veras dos Santos e os soldados Valmário Mascarenhas Ribeiro e Daives Afonso Ferreira da Silva estavam de folga viajando para Luziânia quando viram uma mulher sobre a mureta de proteção da ponte da linha férrea da BR-040. Eles pararam e começaram a conversar com ela.
A mulher estava grávida e desesperada. Em um momento de distração, eles seguraram e a levaram a uma unidade de saúde. Os militares, lotados no Batalhão de Choque, em Goiânia, tiveram indicação para receberem a medalha do serviço distinto.
Matéria da Jornalista Rosana Melo – Jornal O Popular – Edição de 26 de maio de 2014 (segunda-feira)