domingo, 28 de julho de 2013
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CALDAS NOVAS: FUNCIONÁRIOS DA PREFEITURA DEVE FICAR EM ALERTA COM IPASGO
Ipasgo registra mais de 130 reclamações por mês, sendo a principal delas a dificuldade em agendar consultas
Era noite de terça-feira quando a funcionária pública Sandra Maria de Oliveira, 43 anos, notou que a filha de 7 anos necessitava de cuidados médicos. Usuária do Instituto de Assistência ao Servidor Público do Estado de Goiás (Ipasgo), ela colocou o cartão do plano de saúde na bolsa e foi direto para a emergência pediátrica. “Não havia nenhum médico atendendo pelo plano, liguei no Ipasgo e eles me direcionaram para outros dois hospitais, mas de nada adiantou. Minha filha que estava com infecção intestinal e de urina só foi atendida no dia seguinte”, relata.
O caso de Sandra Oliveira não é isolado. De acordo com um balanço de registros da ouvidoria do Ipasgo, a principal dificuldade encontrada pelos usuários é de obter atendimento médico. No período de 12 meses foram registradas 544 reclamações contra os prestadores credenciados com pessoa física, por exemplo, médicos e psicólogos. Outras 282 queixas foram notificadas, mas desta vez relacionadas à dificuldade de agendar consultas. Cobranças indevidas também fazem parte do relatório (veja box). Estima-se, no entanto, que os números sejam subnotificados pois é pequena a parcela de pacientes que encontram dificuldades de atendimento e se dispõe a encaminhar uma reclamação formal.
Usuários do Ipasgo reclamam de problemas não só no atendimento emergencial, mas também no agendamento de consultas, principalmente com pediatras, geriatras e endocrinologistas. A professora Elizabeth Alves, 39, também teve problemas para conseguir atendimento para a filha de 10 anos. “Tenho dois filhos, ainda crianças, e sempre que precisam de ajuda médica encontro dificuldades. As emergências são lotadas, já tive que pagar consulta particular para ficar mais tranquila e não ter de esperar mais de três horas para ser atendida”, relatou.
De novembro de 2011 a junho de 2012, apenas 128 processos levados à auditoria foram analisados: 27 foram arquivados, 48 prestadores receberam advertência e dez foram descredenciados. As denúncias que ocasionaram o descredenciamento são de cobranças indevidas, denúncias de auditoria ou negativa de atendimento ao segurado.
As reclamações, denúncias e sugestões registradas pela ouvidoria passam por um processo de tramitação, que determina se resultarão ou não em processos. Normalmente, da ouvidoria, as queixas seguem para a Gerência de Credenciamento, onde são checadas. Quando constatado que não houve falha do prestador, o registro é encerrado e o usuário informado. Se houver indícios de infração, é, então, aberto um processo administrativo, encaminhado à Comissão Permanente de Controle e Avaliação. A comissão apura a denúncia e, se for o caso, sugere a punição.
As reclamações de Sandra e Elizabeth não foram formalizadas na ouvidoria do plano de saúde, por isso, provavelmente, se todas as pessoas registrassem as queixas relatando os problemas, a estatística seria ainda maior que uma média de 130 reclamações por mês. Na quinta-feira (13), a reportagem entrou em contato com as secretárias de alguns médicos, cadastrados pelo Ipasgo, para agendar consultas. Em consultórios pediátricos, a consulta mais próxima seria possível com o prazo mínimo de 15 dias. Com médicos endocrinologistas, a situação não é diferente. Há médicos que orientam secretárias a comunicarem os pacientes do Ipasgo a tentarem a consulta no mês seguinte.
Uma resolução da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), de dezembro de 2011, instituiu prazos máximos para o atendimento dos usuários de todos os planos de saúde. Segundo a ANS, o prazo máximo que um usuário pode se submeter para aguardar espera de consultas pediátricas, ginecológica ou obstétrica é de sete dias. Já para nutricionistas são dez dias, e endocrinologista, 14 dias. No entanto, o Ipasgo se difere dos outros planos e, por lei, não é obrigado a cumprir os prazos, já que é uma autarquia estadual.
Representante médico
Enquanto o Ipasgo alega que sofre com posturas inadequadas dos profissionais de saúde, os médicos afirmam que, ao longo dos anos, o plano criou muitas dificuldades para a categoria, inclusive, com interferências antiéticas. O médico ortopedista e diretor de comunicação do Sindicato dos Médicos de Goiás (Simego), Robson Azevedo, afirma que o Ipasgo se tornou pouco atrativo. “Houve melhorias com o novo modelo adotado nos últimos anos, mas os valores ainda são defasados e o trabalho desenvolvido ultrapassado”, dispara.
Na opinião do ortopedista, o médico ainda fica um pouco receoso de atender pelo Ipasgo. “De todo histórico que o plano tem, este seria o momento para resgatar a confiança do médico com novas propostas para os valores das consultas, procedimentos e atualização da tabela. Tem que resgatar a credibilidade junto à classe médica”, acredita.
Acima de tudo, ele disse que o Ipasgo precisa melhorar o relacionamento com o profissional de saúde. “O plano tem tido algumas medidas punitivas das quais não concordamos. Hoje é preferível atender outro plano, muitos profissionais bons também pediram o descredenciamento. Está na hora do Ipasgo mostrar que realmente está disposto a mudar. Pois não há satisfação dos usuários e nem dos médicos”, finalizou.
Ipasgo descredencia 70 médicos em 2013 e abre convocação
Ao todo, segundo a assessoria de imprensa do Ipasgo, entre médicos, dentistas, psicólogos, nutricionistas, fonoaudiólogos, são 3.570 profissionais de saúde credenciados ao plano. No entanto, já a partir deste mês, novos profissionais vão integrar a rede credenciada. Também, nos próximos dias, será aberto um novo edital para credenciamento de mais profissionais que devem atuar no interior do Estado. Este ano mais de 70 médicos foram descredenciados do plano de saúde.
Apesar de assumir problemas com os prestadores do Ipasgo, o presidente da autarquia, Francisco Taveira Neto, não considera o número de reclamações tão expressivo se relacionado com a quantidade de consultadas executadas com o auxílio do plano. Conforme dados do Ipasgo, são aproximadamente 150 mil atendimentos por mês. “Estamos falando de 1,8 milhão de atendimentos por ano. Então, primeiro, eu quero muito que essa quantidade de reclamações seja zero. Nós trabalhamos em busca da excelência, mas os registros acontecem muito em razão da falta de compromisso do prestador”, relatou.
Ele esclareceu que as reclamações acontecem devido a postura reprovável de alguns credenciados. “Muitos alegam baixo valor de honorários que são praticamente iguais ao que outros planos dispõem. Se estiver achando baixo que peça o descredenciamento. Pois há outros profissionais querendo prestar o serviço. Estamos pagando as contas com datas próximas aos planos congêneres”, alertou. Destacou que não enxerga coerência na postura de prestador que atende mal o paciente e que pede complemento para consulta. “Não compactuamos com essa prática.”
Taveira também afirma que os usuários que passarem por problemas registrem suas queixas. “Pois assim, podemos chamar o profissional e darmos a oportunidade para que ele firme um termo de compromisso.” No mês de abril, o Ipasgo expediu 380 processos de advertência a prestadores que apresentam baixo índice de atendimento, ou seja, menos de dez consultas por mês. Para Taveira, o profissional que se dispõe a atender pelo plano deve atender a padrões mínimos.
Sobre o novo edital para o chamamento de novos profissionais de saúde, o presidente do Ipasgo revelou que houve a procura de pelo menos mil inscritos, entre médicos, nutricionistas, fisioterapeutas e psicólogos. “Nós inicialmente chamaremos aproximadamente 350 profissionais e os demais formarão quadro na medida de efetuamos remanejamento.”
Para um profissional de saúde concorrer ao atendimento pelo plano, ele deve apresentar inscrição no conselho que regulamenta a profissão, além de documentos de ordem jurídica, como certidões negativas. Há algumas especialidades médicas que sofrem de carência de profissionais. No entanto, segundo Francisco Taveira, essa é uma realidade do País. “Pediatria, por exemplo, é um problema nacional. Nessa especialidade, a gente tem carência sim, mas não é só o Ipasgo.”
Déficit
Desde julho do ano passado, o Ipasgo voltou ao regime regular de pagamento e sanou sua dívida de R$ 400 milhões. O montante levou a autarquia a viver uma de suas piores crises da história. No entanto, o controle do déficit, segundo o Ipasgo, aconteceu com o corte de 30% dos servidores, revisão dos contratos com fornecedores, suspensão de outros e negociação de dividas com os prestadores.
Na época, a arrecadação mensal era de R$ 60 milhões e as despesas de R$ 80 milhões, sendo R$ 72 milhões para o pagamento de faturas aos prestadores. Com as contas no azul, possibilitou-se o investimento em demandas dos usuários. Houve ainda reestruturação do grupo conhecido por agregados, que apresentava uma diferença entre receita e despesa de R$ 55 milhões por ano e ainda aumento no valor pago pela consulta para R$ 50 para médicos, em 2012, e equiparação no valor da consulta para dentistas e profissionais de terapias complementares, em 2013.
Outra mudança propagada pelo Ipasgo foi a redução do prazo de pagamento das faturas para em média, 42 dias, chegando em dezembro de 2012, a pagar com 30 dias da entrega das faturas.
Ipasgo registra mais de 130 reclamações por mês, sendo a principal delas a dificuldade em agendar consultas
Era noite de terça-feira quando a funcionária pública Sandra Maria de Oliveira, 43 anos, notou que a filha de 7 anos necessitava de cuidados médicos. Usuária do Instituto de Assistência ao Servidor Público do Estado de Goiás (Ipasgo), ela colocou o cartão do plano de saúde na bolsa e foi direto para a emergência pediátrica. “Não havia nenhum médico atendendo pelo plano, liguei no Ipasgo e eles me direcionaram para outros dois hospitais, mas de nada adiantou. Minha filha que estava com infecção intestinal e de urina só foi atendida no dia seguinte”, relata.
O caso de Sandra Oliveira não é isolado. De acordo com um balanço de registros da ouvidoria do Ipasgo, a principal dificuldade encontrada pelos usuários é de obter atendimento médico. No período de 12 meses foram registradas 544 reclamações contra os prestadores credenciados com pessoa física, por exemplo, médicos e psicólogos. Outras 282 queixas foram notificadas, mas desta vez relacionadas à dificuldade de agendar consultas. Cobranças indevidas também fazem parte do relatório (veja box). Estima-se, no entanto, que os números sejam subnotificados pois é pequena a parcela de pacientes que encontram dificuldades de atendimento e se dispõe a encaminhar uma reclamação formal.
Usuários do Ipasgo reclamam de problemas não só no atendimento emergencial, mas também no agendamento de consultas, principalmente com pediatras, geriatras e endocrinologistas. A professora Elizabeth Alves, 39, também teve problemas para conseguir atendimento para a filha de 10 anos. “Tenho dois filhos, ainda crianças, e sempre que precisam de ajuda médica encontro dificuldades. As emergências são lotadas, já tive que pagar consulta particular para ficar mais tranquila e não ter de esperar mais de três horas para ser atendida”, relatou.
De novembro de 2011 a junho de 2012, apenas 128 processos levados à auditoria foram analisados: 27 foram arquivados, 48 prestadores receberam advertência e dez foram descredenciados. As denúncias que ocasionaram o descredenciamento são de cobranças indevidas, denúncias de auditoria ou negativa de atendimento ao segurado.
As reclamações, denúncias e sugestões registradas pela ouvidoria passam por um processo de tramitação, que determina se resultarão ou não em processos. Normalmente, da ouvidoria, as queixas seguem para a Gerência de Credenciamento, onde são checadas. Quando constatado que não houve falha do prestador, o registro é encerrado e o usuário informado. Se houver indícios de infração, é, então, aberto um processo administrativo, encaminhado à Comissão Permanente de Controle e Avaliação. A comissão apura a denúncia e, se for o caso, sugere a punição.
As reclamações de Sandra e Elizabeth não foram formalizadas na ouvidoria do plano de saúde, por isso, provavelmente, se todas as pessoas registrassem as queixas relatando os problemas, a estatística seria ainda maior que uma média de 130 reclamações por mês. Na quinta-feira (13), a reportagem entrou em contato com as secretárias de alguns médicos, cadastrados pelo Ipasgo, para agendar consultas. Em consultórios pediátricos, a consulta mais próxima seria possível com o prazo mínimo de 15 dias. Com médicos endocrinologistas, a situação não é diferente. Há médicos que orientam secretárias a comunicarem os pacientes do Ipasgo a tentarem a consulta no mês seguinte.
Uma resolução da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), de dezembro de 2011, instituiu prazos máximos para o atendimento dos usuários de todos os planos de saúde. Segundo a ANS, o prazo máximo que um usuário pode se submeter para aguardar espera de consultas pediátricas, ginecológica ou obstétrica é de sete dias. Já para nutricionistas são dez dias, e endocrinologista, 14 dias. No entanto, o Ipasgo se difere dos outros planos e, por lei, não é obrigado a cumprir os prazos, já que é uma autarquia estadual.
Representante médico
Enquanto o Ipasgo alega que sofre com posturas inadequadas dos profissionais de saúde, os médicos afirmam que, ao longo dos anos, o plano criou muitas dificuldades para a categoria, inclusive, com interferências antiéticas. O médico ortopedista e diretor de comunicação do Sindicato dos Médicos de Goiás (Simego), Robson Azevedo, afirma que o Ipasgo se tornou pouco atrativo. “Houve melhorias com o novo modelo adotado nos últimos anos, mas os valores ainda são defasados e o trabalho desenvolvido ultrapassado”, dispara.
Na opinião do ortopedista, o médico ainda fica um pouco receoso de atender pelo Ipasgo. “De todo histórico que o plano tem, este seria o momento para resgatar a confiança do médico com novas propostas para os valores das consultas, procedimentos e atualização da tabela. Tem que resgatar a credibilidade junto à classe médica”, acredita.
Acima de tudo, ele disse que o Ipasgo precisa melhorar o relacionamento com o profissional de saúde. “O plano tem tido algumas medidas punitivas das quais não concordamos. Hoje é preferível atender outro plano, muitos profissionais bons também pediram o descredenciamento. Está na hora do Ipasgo mostrar que realmente está disposto a mudar. Pois não há satisfação dos usuários e nem dos médicos”, finalizou.
Ipasgo descredencia 70 médicos em 2013 e abre convocação
Ao todo, segundo a assessoria de imprensa do Ipasgo, entre médicos, dentistas, psicólogos, nutricionistas, fonoaudiólogos, são 3.570 profissionais de saúde credenciados ao plano. No entanto, já a partir deste mês, novos profissionais vão integrar a rede credenciada. Também, nos próximos dias, será aberto um novo edital para credenciamento de mais profissionais que devem atuar no interior do Estado. Este ano mais de 70 médicos foram descredenciados do plano de saúde.
Apesar de assumir problemas com os prestadores do Ipasgo, o presidente da autarquia, Francisco Taveira Neto, não considera o número de reclamações tão expressivo se relacionado com a quantidade de consultadas executadas com o auxílio do plano. Conforme dados do Ipasgo, são aproximadamente 150 mil atendimentos por mês. “Estamos falando de 1,8 milhão de atendimentos por ano. Então, primeiro, eu quero muito que essa quantidade de reclamações seja zero. Nós trabalhamos em busca da excelência, mas os registros acontecem muito em razão da falta de compromisso do prestador”, relatou.
Ele esclareceu que as reclamações acontecem devido a postura reprovável de alguns credenciados. “Muitos alegam baixo valor de honorários que são praticamente iguais ao que outros planos dispõem. Se estiver achando baixo que peça o descredenciamento. Pois há outros profissionais querendo prestar o serviço. Estamos pagando as contas com datas próximas aos planos congêneres”, alertou. Destacou que não enxerga coerência na postura de prestador que atende mal o paciente e que pede complemento para consulta. “Não compactuamos com essa prática.”
Taveira também afirma que os usuários que passarem por problemas registrem suas queixas. “Pois assim, podemos chamar o profissional e darmos a oportunidade para que ele firme um termo de compromisso.” No mês de abril, o Ipasgo expediu 380 processos de advertência a prestadores que apresentam baixo índice de atendimento, ou seja, menos de dez consultas por mês. Para Taveira, o profissional que se dispõe a atender pelo plano deve atender a padrões mínimos.
Sobre o novo edital para o chamamento de novos profissionais de saúde, o presidente do Ipasgo revelou que houve a procura de pelo menos mil inscritos, entre médicos, nutricionistas, fisioterapeutas e psicólogos. “Nós inicialmente chamaremos aproximadamente 350 profissionais e os demais formarão quadro na medida de efetuamos remanejamento.”
Para um profissional de saúde concorrer ao atendimento pelo plano, ele deve apresentar inscrição no conselho que regulamenta a profissão, além de documentos de ordem jurídica, como certidões negativas. Há algumas especialidades médicas que sofrem de carência de profissionais. No entanto, segundo Francisco Taveira, essa é uma realidade do País. “Pediatria, por exemplo, é um problema nacional. Nessa especialidade, a gente tem carência sim, mas não é só o Ipasgo.”
Déficit
Desde julho do ano passado, o Ipasgo voltou ao regime regular de pagamento e sanou sua dívida de R$ 400 milhões. O montante levou a autarquia a viver uma de suas piores crises da história. No entanto, o controle do déficit, segundo o Ipasgo, aconteceu com o corte de 30% dos servidores, revisão dos contratos com fornecedores, suspensão de outros e negociação de dividas com os prestadores.
Na época, a arrecadação mensal era de R$ 60 milhões e as despesas de R$ 80 milhões, sendo R$ 72 milhões para o pagamento de faturas aos prestadores. Com as contas no azul, possibilitou-se o investimento em demandas dos usuários. Houve ainda reestruturação do grupo conhecido por agregados, que apresentava uma diferença entre receita e despesa de R$ 55 milhões por ano e ainda aumento no valor pago pela consulta para R$ 50 para médicos, em 2012, e equiparação no valor da consulta para dentistas e profissionais de terapias complementares, em 2013.
Outra mudança propagada pelo Ipasgo foi a redução do prazo de pagamento das faturas para em média, 42 dias, chegando em dezembro de 2012, a pagar com 30 dias da entrega das faturas.
Era noite de terça-feira quando a funcionária pública Sandra Maria de Oliveira, 43 anos, notou que a filha de 7 anos necessitava de cuidados médicos. Usuária do Instituto de Assistência ao Servidor Público do Estado de Goiás (Ipasgo), ela colocou o cartão do plano de saúde na bolsa e foi direto para a emergência pediátrica. “Não havia nenhum médico atendendo pelo plano, liguei no Ipasgo e eles me direcionaram para outros dois hospitais, mas de nada adiantou. Minha filha que estava com infecção intestinal e de urina só foi atendida no dia seguinte”, relata.
O caso de Sandra Oliveira não é isolado. De acordo com um balanço de registros da ouvidoria do Ipasgo, a principal dificuldade encontrada pelos usuários é de obter atendimento médico. No período de 12 meses foram registradas 544 reclamações contra os prestadores credenciados com pessoa física, por exemplo, médicos e psicólogos. Outras 282 queixas foram notificadas, mas desta vez relacionadas à dificuldade de agendar consultas. Cobranças indevidas também fazem parte do relatório (veja box). Estima-se, no entanto, que os números sejam subnotificados pois é pequena a parcela de pacientes que encontram dificuldades de atendimento e se dispõe a encaminhar uma reclamação formal.
Usuários do Ipasgo reclamam de problemas não só no atendimento emergencial, mas também no agendamento de consultas, principalmente com pediatras, geriatras e endocrinologistas. A professora Elizabeth Alves, 39, também teve problemas para conseguir atendimento para a filha de 10 anos. “Tenho dois filhos, ainda crianças, e sempre que precisam de ajuda médica encontro dificuldades. As emergências são lotadas, já tive que pagar consulta particular para ficar mais tranquila e não ter de esperar mais de três horas para ser atendida”, relatou.
De novembro de 2011 a junho de 2012, apenas 128 processos levados à auditoria foram analisados: 27 foram arquivados, 48 prestadores receberam advertência e dez foram descredenciados. As denúncias que ocasionaram o descredenciamento são de cobranças indevidas, denúncias de auditoria ou negativa de atendimento ao segurado.
As reclamações, denúncias e sugestões registradas pela ouvidoria passam por um processo de tramitação, que determina se resultarão ou não em processos. Normalmente, da ouvidoria, as queixas seguem para a Gerência de Credenciamento, onde são checadas. Quando constatado que não houve falha do prestador, o registro é encerrado e o usuário informado. Se houver indícios de infração, é, então, aberto um processo administrativo, encaminhado à Comissão Permanente de Controle e Avaliação. A comissão apura a denúncia e, se for o caso, sugere a punição.
As reclamações de Sandra e Elizabeth não foram formalizadas na ouvidoria do plano de saúde, por isso, provavelmente, se todas as pessoas registrassem as queixas relatando os problemas, a estatística seria ainda maior que uma média de 130 reclamações por mês. Na quinta-feira (13), a reportagem entrou em contato com as secretárias de alguns médicos, cadastrados pelo Ipasgo, para agendar consultas. Em consultórios pediátricos, a consulta mais próxima seria possível com o prazo mínimo de 15 dias. Com médicos endocrinologistas, a situação não é diferente. Há médicos que orientam secretárias a comunicarem os pacientes do Ipasgo a tentarem a consulta no mês seguinte.
Uma resolução da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), de dezembro de 2011, instituiu prazos máximos para o atendimento dos usuários de todos os planos de saúde. Segundo a ANS, o prazo máximo que um usuário pode se submeter para aguardar espera de consultas pediátricas, ginecológica ou obstétrica é de sete dias. Já para nutricionistas são dez dias, e endocrinologista, 14 dias. No entanto, o Ipasgo se difere dos outros planos e, por lei, não é obrigado a cumprir os prazos, já que é uma autarquia estadual.
Representante médico
Enquanto o Ipasgo alega que sofre com posturas inadequadas dos profissionais de saúde, os médicos afirmam que, ao longo dos anos, o plano criou muitas dificuldades para a categoria, inclusive, com interferências antiéticas. O médico ortopedista e diretor de comunicação do Sindicato dos Médicos de Goiás (Simego), Robson Azevedo, afirma que o Ipasgo se tornou pouco atrativo. “Houve melhorias com o novo modelo adotado nos últimos anos, mas os valores ainda são defasados e o trabalho desenvolvido ultrapassado”, dispara.
Na opinião do ortopedista, o médico ainda fica um pouco receoso de atender pelo Ipasgo. “De todo histórico que o plano tem, este seria o momento para resgatar a confiança do médico com novas propostas para os valores das consultas, procedimentos e atualização da tabela. Tem que resgatar a credibilidade junto à classe médica”, acredita.
Acima de tudo, ele disse que o Ipasgo precisa melhorar o relacionamento com o profissional de saúde. “O plano tem tido algumas medidas punitivas das quais não concordamos. Hoje é preferível atender outro plano, muitos profissionais bons também pediram o descredenciamento. Está na hora do Ipasgo mostrar que realmente está disposto a mudar. Pois não há satisfação dos usuários e nem dos médicos”, finalizou.
Ipasgo descredencia 70 médicos em 2013 e abre convocação
Ao todo, segundo a assessoria de imprensa do Ipasgo, entre médicos, dentistas, psicólogos, nutricionistas, fonoaudiólogos, são 3.570 profissionais de saúde credenciados ao plano. No entanto, já a partir deste mês, novos profissionais vão integrar a rede credenciada. Também, nos próximos dias, será aberto um novo edital para credenciamento de mais profissionais que devem atuar no interior do Estado. Este ano mais de 70 médicos foram descredenciados do plano de saúde.
Apesar de assumir problemas com os prestadores do Ipasgo, o presidente da autarquia, Francisco Taveira Neto, não considera o número de reclamações tão expressivo se relacionado com a quantidade de consultadas executadas com o auxílio do plano. Conforme dados do Ipasgo, são aproximadamente 150 mil atendimentos por mês. “Estamos falando de 1,8 milhão de atendimentos por ano. Então, primeiro, eu quero muito que essa quantidade de reclamações seja zero. Nós trabalhamos em busca da excelência, mas os registros acontecem muito em razão da falta de compromisso do prestador”, relatou.
Ele esclareceu que as reclamações acontecem devido a postura reprovável de alguns credenciados. “Muitos alegam baixo valor de honorários que são praticamente iguais ao que outros planos dispõem. Se estiver achando baixo que peça o descredenciamento. Pois há outros profissionais querendo prestar o serviço. Estamos pagando as contas com datas próximas aos planos congêneres”, alertou. Destacou que não enxerga coerência na postura de prestador que atende mal o paciente e que pede complemento para consulta. “Não compactuamos com essa prática.”
Taveira também afirma que os usuários que passarem por problemas registrem suas queixas. “Pois assim, podemos chamar o profissional e darmos a oportunidade para que ele firme um termo de compromisso.” No mês de abril, o Ipasgo expediu 380 processos de advertência a prestadores que apresentam baixo índice de atendimento, ou seja, menos de dez consultas por mês. Para Taveira, o profissional que se dispõe a atender pelo plano deve atender a padrões mínimos.
Sobre o novo edital para o chamamento de novos profissionais de saúde, o presidente do Ipasgo revelou que houve a procura de pelo menos mil inscritos, entre médicos, nutricionistas, fisioterapeutas e psicólogos. “Nós inicialmente chamaremos aproximadamente 350 profissionais e os demais formarão quadro na medida de efetuamos remanejamento.”
Para um profissional de saúde concorrer ao atendimento pelo plano, ele deve apresentar inscrição no conselho que regulamenta a profissão, além de documentos de ordem jurídica, como certidões negativas. Há algumas especialidades médicas que sofrem de carência de profissionais. No entanto, segundo Francisco Taveira, essa é uma realidade do País. “Pediatria, por exemplo, é um problema nacional. Nessa especialidade, a gente tem carência sim, mas não é só o Ipasgo.”
Déficit
Desde julho do ano passado, o Ipasgo voltou ao regime regular de pagamento e sanou sua dívida de R$ 400 milhões. O montante levou a autarquia a viver uma de suas piores crises da história. No entanto, o controle do déficit, segundo o Ipasgo, aconteceu com o corte de 30% dos servidores, revisão dos contratos com fornecedores, suspensão de outros e negociação de dividas com os prestadores.
Na época, a arrecadação mensal era de R$ 60 milhões e as despesas de R$ 80 milhões, sendo R$ 72 milhões para o pagamento de faturas aos prestadores. Com as contas no azul, possibilitou-se o investimento em demandas dos usuários. Houve ainda reestruturação do grupo conhecido por agregados, que apresentava uma diferença entre receita e despesa de R$ 55 milhões por ano e ainda aumento no valor pago pela consulta para R$ 50 para médicos, em 2012, e equiparação no valor da consulta para dentistas e profissionais de terapias complementares, em 2013.
Outra mudança propagada pelo Ipasgo foi a redução do prazo de pagamento das faturas para em média, 42 dias, chegando em dezembro de 2012, a pagar com 30 dias da entrega das faturas.
HUMILDADE COM MUITO ESTILO
"As mina pira quando a gente, chega na balada,
fazendo rodinha com baldinho de cachaça,
Pira quando a gente, chega na balada,
apavorando na área VIP reservada".
"As Mina Pira", esse é o hit do momento da Banda Garota Safada, repercutida por diversos grupos musicais por todo o Brasil. Mais bombando está, com a mesma música, é o vídeo de uma banda improvisada na comunidade quilombola, Conceição das Crioulas em Salgueiro, estado de Pernambuco.
Com milhares compartilhamentos no facebook, apresento a Chapadinha e todo o Maranhão, dos Estudios Edu Santos Produções, Show na Casa de Taipa Eventos, a Banda Maguila dos Teclado e sua dançarina Sayonara. Assista abaixo e curta esse mega sucesso !
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TRABALHO ESCRAVO E CAMILO FIGUEREDO, PENSE BEM!
Relação do trabalho escravo tem oito políticos, entre eles Camilo Figueiredo
Escrito por Por Igor Ojeda Reporter Brasil
Oito políticos, todos ruralistas, entraram na atualização do cadastro de empregadores flagrados com trabalho escravo, divulgada nesta sexta-feira (28). Mais conhecida como “lista suja” do trabalho escravo, a relação é mantida pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH-PR). Entre os destaques dessa atualização semestral estão as inclusões envolvendo propriedades dos deputados federais João Lyra (PSD-AL) e Urzeni Rocha (PSDB-RR), e do ex-ministro da Agricultura de Fernando Collor (1990-1992) Antônio Cabrera. Dos oito, quatro foram incluídos por causa de flagrantes de exploração de pessoas na pecuária, atividade econômica mais presente na atualização. A Repórter Brasil tentou contato com todos eles para ouvi-los sobre a inclusão após a divulgação da relação, no final desta sexta-feira, mas não obteve nenhum posicionamento.
Ao todo, foram incluídos 142 empregadores, entre novos e aqueles que retornaram à lista. Assim, o cadastro ficou com 504 nomes, um recorde. A relação vem sendo atualizada semestralmente, desde o final de 2003, e reúne empregadores flagrados pelo poder público na exploração de mão de obra em condições análogas à escravidão. A “lista suja” tem sido um dos principais instrumentos no combate a esse crime, através da pressão da opinião pública e da repressão econômica.
Após a inclusão do nome do infrator, instituições federais, como o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, o Banco da Amazônia, o Banco do Nordeste e o BNDES suspendem a contratação de financiamentos e o acesso ao crédito. Bancos privados também estão proibidos de conceder crédito rural aos relacionados na lista por determinação do Conselho Monetário Nacional. Quem é nela inserido também é submetido a restrições comerciais e outros tipo de bloqueio de negócios por parte das empresas signatárias do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo – cujo faturamento representa cerca de 30% do Produto Interno Bruto brasileiro.
O nome de uma pessoa física ou jurídica é incluído na relação depois de concluído o processo administrativo referente à fiscalização dos auditores do governo federal e lá permanece por, pelo menos, dois anos. Durante esse período, o empregador deve garantir que regularizou os problemas e quitou suas pendências com o governo e os trabalhadores. Caso contrário, permanece na lista.
Lyra entrou na lista por causa da libertação de 207 trabalhadoresreduzidos à escravidão dos canaviais da unidade de Capinópolis (MG) da Laginha Agroindustrial, usina do Grupo João Lyra, em agosto de 2010. Os trabalhadores migrantes foram resgatados em casas superlotadas, em péssimo estado de conservação, vivendo e trabalhando em condições degradantes.
A inclusão é consequência do segundo flagrante envolvendo o Grupo João Lyra. Em 2008, outros 53 trabalhadores tinham sido resgatados na usina Laginha de União dos Palmares (AL). No ano passado, a ação criminal decorrente dessa libertação chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF). Lyra e seu filho, Antônio José Pereira de Lyra, também considerado responsável pela situação, podem acabar presos pelo crime.
Não é o único problema envolvendo o deputado federal eleito em 2010 com o maior patrimônio declarado – R$ 240 milhões. Um dos políticos mais ricos do Nordeste, pai de Teresa Collor, viúva de Pedro Collor, ele tem enfrentado problemas frequentes. Recentemente, uma decisão do juiz Jasiel Ivo, da 9ª Vara do Trabalho, determinou que sete empresas do grupo, entre estas, a Laginha, ficassem impedidas de fazer contrataçõesenquanto problemas trabalhistas recorrentes não forem resolvidos. Seu grupo empresarial tem sede em Alagoas e possui ramificações na Bahia e em Minas Gerais. No total são dez empresas dos ramos da agroindústria sucroalcooleira e de fertilizantes e adubos, além de companhias dos setores automobilístico, de transportes aéreos e hospitalar. A assessoria do deputado ficou de se posicionar, o que não aconteceu até a publicação desta reportagem.
Ex-ministro de Fernando CollorAntônio Cabrera, ex-ministro da Agricultura do presidente Fernando Collor, passou a integrar a relação por conta da constatação da existência de 184 trabalhadores escravos em sua fazenda de cana em Limeira do Oeste (MG), em 2009. Cabrera, que também foi secretário estadual da Agricultura do governador tucano Mario Covas (1995-2001), produzia etanol em parceria com a empresa estadunidense Archer Daniels Midland (ADM). Segundo os fiscais do MTE, os empregados viviam em alojamentos precários e superlotados, chegaram a ser submetidos a jornadas de até 33 horas, estavam com suas carteiras de trabalho (CTPS) retidas pelo empregador havia mais de um mês, não tinham acesso à água potável, não dispunham de todos equipamentos de proteção individual (EPIs) exigidos, corriam riscos de acidentes e tinham de adquirir suas próprias ferramentas de trabalho, entre outras irregularidades.
Em entrevista à Repórter Brasil na época, o ex-ministro da Agricultura classificou a libertação de 184 de seus trabalhadores como “propaganda enganosa e mentirosa”. Segundo eles, os 46 autos de infração aplicados pelos fiscais da Superintendência Regional de Trabalho e Emprego de Minas Gerais (SRTE/MG) são questão de “interpretação”. “A legislação, às vezes, é vaga, subjetiva. Fica a critério de algum auditor interpretar a lei da maneira que ele acha que deve ser interpretada.” No ano anterior, alguns desses problemas já haviam sido encontrados pela fiscalização, e o próprio assinara um termo de compromisso em que prometia melhorar as condições de trabalho. Procurada no final desta sexta-feira, sua assessoria informou que ele estava em viagem e não poderia se posicionar.
PecuáriaO outro deputado federal que conta na lista suja atualizada é Urzeni Rocha (PSDB-RR). De acordo com denúncia do Ministério Público Federal de Roraima à Polícia Federal, entre setembro de 2009 e outubro de 2010 o parlamentar submeteu 26 trabalhadores à condição análoga à escravidão em sua fazenda de criação de gado no estado da região Norte. Além disso, teve áreas embargadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
lém dele, mais três políticos integrantes da lista suja atualizada atuam no setor pecuário: o deputado estadual maranhense Camilo Figueiredo (PSD), o prefeito de Manaíra (PB) José Simão de Souza e o ex-prefeito de Iaçu (BA) Adelson Souza de Oliveira.
Figueiredo é um dos sócios da Líder Agropecuária Ltda., empresa da família em cuja fazenda em Codó (MA) foram resgatadas sete pessoas em condições análogas à de escravos, em março de 2012. Na fiscalização, uma ação conjunta da SRTE/MA, MPT e Polícia Federal, constatou-se, entre outras irregularidades, que a água consumida pelos trabalhadores era a mesma utilizada pelos animais da propriedade. Retirada de uma lagoa imunda, repleta de girinos, ela era acondicionada em pequenos potes de barro e consumida sem qualquer tratamento ou filtragem. Os empregados tomavam banho nessa lagoa, e, como não havia instalações sanitárias, utilizavam o mato como banheiro. De acordo com o auditor fiscal Carlos Henrique da Silveira Oliveira, que coordenou a ação, todos estavam submetidos às mesmas condições degradantes, incluindo as crianças pequenas. Os trabalhadores resgatados cuidavam da limpeza do pasto e ficavam alojados em barracos feitos com palha. Não tinham carteira de trabalho assinada e não contavam com nenhum equipamento de proteção individual.
Em entrevista na época à Repórter Brasil, o deputado maranhense afirmou desconhecer as denúncias e disse que a fazenda era administrada por seu pai, Benedito Francisco da Silveira Figueiredo, o Biné Figueiredo, ex-prefeito de Codó. Biné, por sua vez, negou que fosse o administrador e alegou que não havia trabalhadores na propriedade, “apenas moradores”. Em 2009, Camilo Fugueiredo teve seu mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MA), por causa de irregularidades na arrecadação e gastos de recursos públicos. Assim mesmo, foi reeleito no ano seguinte.
O prefeito de Manaíra, José Simão de Souza, foi incluído na lista suja por conta de uma fiscalização realizada em 2010. Na ocasião, foram libertados 20 trabalhadores de uma fazenda sua em Colméia (TO). As vítimas realizavam o roço do pasto e a aplicação de agrotóxicos. De acordo com a denúncia, elas eram alojadas em ambiente com péssimas condições de higiene e não tinham água potável ou local apropriado para o preparo de refeições. Além disso, descontava-se do salário dos funcionários valores correspondentes à aquisição de produtos vendidos pelo preposto do próprio prefeito.
A denúncia contra Souza, no entanto, não foi aceita pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região, pois, de acordo com o órgão, não houve comprovação de redução à condição análoga à escravidão. O Ministério Público Federal recorreu, alegando que não há “justa causa” para a rejeição da denúncia.
Já Adelson Souza de Oliveira passou a figurar na relação por causa de umflagrante de trabalho escravo de 2007, realizado em uma fazenda localizada no município de Novo Repartimento (PA). Os quatro trabalhadores resgatados de sua propriedade, que tinha 2.500 gados bovinos, eram um pai e três filhos – um deles, na época, com menos de 17 anos. Oliveira era o então prefeito de Iaçu, na Bahia. Segundo a equipe de fiscalização, os quatro empregados estavam alojados em barracões de lona no meio da mata, sem condições de segurança e higiene e sem água potável havia mais de um mês. As ferramentas de trabalho e os equipamentos de proteção individual estariam sendo descontados dos trabalhadores. À frente da Prefeitura de Iaçu entre 2005 e 2012, Oliveira teve suas contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas dos Municípios em 2005, 2007, 2008 e 2011. Todas, porém, foram aprovadas pela Câmara Municipal local.
Consta da lista suja também o nome de Joana de Aguiar Franco, proprietária da Fazenda Santa Cruz, em Porto Nacional (TO). Em março de 2010, foi uma das propriedades denunciadas por trabalho escravo pela Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão em Tocantins. A fiscalização foi realizada em 2008 e foi resgatado um trabalhador. Joana é viúva de Milton de Aguiar Franco (falecido em 2002), fundador da Federação da Agricultura do Tocantins e o segundo secretário da Agricultura do Estado, no governo Siqueira Campos. Procurado pela reportagem, a dona da Fazenda Santa Cruz disse que a denúncia “não vale nada” e afirmou que o caso ocorreu quando ainda não administrava a fazenda. Segundo Joana, o trabalhador resgatado trabalhava para um dos seus filhos, Marcos Antonio de Aguiar, no plantio de abacaxi.
Dendê e tomate
O dendê passou a fazer parte oficialmente da relação de atividades flagradas com trabalho escravo com a inclusão do vice-prefeito do município de Moju (PA), Altino Coelho Miranda (PSB). Também conhecido como Dedeco, ele foi flagrado duas vezes mantendo trabalhadores em condições análogas a de escravos em sua produção de dendê: uma vez em agosto de 2012, cujo resgate de dez funcionários o levou a constar da relação, e outra em 2007, que teve como consequência a libertação de 15 pessoas.
O dendê passou a fazer parte oficialmente da relação de atividades flagradas com trabalho escravo com a inclusão do vice-prefeito do município de Moju (PA), Altino Coelho Miranda (PSB). Também conhecido como Dedeco, ele foi flagrado duas vezes mantendo trabalhadores em condições análogas a de escravos em sua produção de dendê: uma vez em agosto de 2012, cujo resgate de dez funcionários o levou a constar da relação, e outra em 2007, que teve como consequência a libertação de 15 pessoas.
Já Zélio Debas, liderança do PPS no município de Reserva, no Paraná, entrou na lista suja devido a um resgate de cinco trabalhadores em uma fazenda de tomate localizada na cidade, em 2012. Ele é considerado pioneiro em usar tomates da Monsanto.
LISTA DO TRABALHO ESCRAVO DE GOIÁS
Repórter Brasil - Lista Suja do Trabalho Escravo
Proprietário | Nome da propriedade | Localização | MunicÃpio | Estado | CNPJ ou CPF ou CEI (apenas os números) | Número de trabalhadores envolvidos | Ramo de atividade |
---|---|---|---|---|---|---|---|
Abimael Jesus Moreira | Fazenda Rio Verde do Monte Alto | Zona Rural | Mineiros | Goiás (GO) | 61771430168 | 1 | Extração mineral (areia) |
Abner Jesus Moreira | Fazenda Rio Verde do Monte Alto | Zona Rural | Mineiros | Goiás (GO) | 01383301000104 | 2 | Extração mineral (areia) |
Ademir Furuya | Fazenda Araponga | Rod. GO-164, km 313, mais 6 km à direita, zona rural | São Miguel do Araguaia | Goiás (GO) | 31107338115 | 11 | |
Agrocana JFS Ltda | Agrocana JFS | Rua Marilu da Silva 160 - A | Ceres | Goiás (GO) | 05351494000172 | 36 | Cultivo de cana-de-açúcar e fabricação de álcool |
Alberto Vilela | Fazenda Faustinos | Zona Rural | Doverlândia | Goiás (GO) | 29209498100 | 8 | Criação de bovinos e produção de carvão vegetal |
Alfredo Caiado Paranhos Filho | Fazenda Tesouras | Rod. GO 334, km 35, zona rural de Araguapaz | Araguapaz | Goiás (GO) | 70856532134 | 8 | Produção de Carvão Vegetal |
Antônio Joaquim Duarte | Água Limpa do Araguaia | Rod. GO-528, km 33 | Jussara | Goiás (GO) | 00476153620 | 29 | Produção de carvão vegetal |
Antonio Sabino Rodrigues | Fazenda São Bento | Rodovia GO-162, Km 13, 2 km à esquerda | Palmeiras de Goiás | Goiás (GO) | 54252962668 | 64 | |
Argemiro Vicente Lopes Júnior | Fazenda Água Fria | Rod GO 010, km 97, 5 km, à direita, zona rural de Vianópolis | Vianópolis | Goiás (GO) | 24659053172 | 14 | Desmatamento |
Ariovaldo Vignoto Peres | Fazenda Paineiras | Rodovia BR-050, km 171, lote 03 - Zona Rural | Campo Alegre de Goiás | Goiás (GO) | 38880580906 | 24 | Cultivo de cebola |
Berc Etanol e Agricultura Ltda | Fazendas Funil e Veredas | Rod. BR 070, Km 426, zona rural de Aragarças | Aragarças | Goiás (GO) | 09064447000107 | 143 | cana-de-açúcar |
Cássio Garcia Guimarães | Fazenda Santa Helena | - | Formoso | Goiás (GO) | 89083415600 | 5 | Produção de carvão vegetal |
Dilcelani Silva do Prado | Olarias Lagoa Bonita | Rod. GO-206, km 114, zona rural | Gouvelândia | Goiás (GO) | 98573080159 | 2 | Produção de tijolos |
Edilson Lopes de Araújo | Olaria Região Buriti Alto | Rod. GO-206, km 90, mais 32 km à direita (sentido Gouvelândia a Inaciolândia), zona rural | Gouvelândia | Goiás (GO) | 96702370415 | 1 | Produção de tijolos |
Edson Malaquias da Silva | Olaria Lagoa do Caracol | Rod GO-206, Km 90, mais 04 km à direita, Zona Rural de Gouvelândia | Gouvelândia | Goiás (GO) | 05395019138 | 3 | |
Edson Ragagnin | Fazenda Pouso Alegre | Rod 070, Km 34, Zona Rural Montes Claros de Goiás | Montes Claros | Goiás (GO) | 86874349104 | 26 | Cultivo de soja |
Elizete Pereira de Faria | Fazenda Nova | Km 18 à esquerda da estrada Amaralina - Mutonópolis | Amaralina / Mutunópolis | Goiás (GO) | 53700449100 | 6 | Criação de bovinos para corte e produção de carvão vegetal |
Francisco César Cavalcante | Fazendas Santa Cruz, Óregon, Areião, Crixazinho, Alegre Córrego Jatobá e Mutum | - | Santa Terezinha, Crixás e Campos Verdes | Goiás (GO) | 04368464621 | 69 | carvoarias |
Genny Souza Oliveira | - | Zona Rural | Mara Rosa | Goiás (GO) | 68932766134 | 12 | Produção de carvão |
Green Ambiental Projetos e Execuções Ltda. ME | Fazenda Vale do Sonho | Zona rural de Paraúna | Montividiu | Goiás (GO) | 03399173000112 | 10 | Reflorestamento e extração de madeira |
Idércio Lemes do Prado | Olaria Lagoa Bonita | Rod GO-206, Km 114, segunda entrada à direita, Zona Rural de Gouvelândia | Gouvelândia | Goiás (GO) | 08848432115 | 3 | |
Inácio Pereira Neves | Fazenda Dois Córregos | Rod GO-156, Km 12 | Crixás | Goiás (GO) | 01318586100 | 9 | Produção de Carvão Vegetal |
Jairo Luiz Alves | Fazenda Rancharia | Rod. GO-244, km 50, sentido São Miguel-Novo Planalto, zona rural | Novo Planalto | Goiás (GO) | 03573486649 | 5 | Produção de carvão vegetal |
João Emídio Vaz | Fazenda Santa Maria | Rodovia GO 050, km 17 | Trindade | Goiás (GO) | 02530295115 | 65 | Cultivo de sementes de capim para criação de bovinos |
Joaquim Gonçalves Rodrigues | Olaria na região de Buriti Alto | Rodovia GO 206, saída à altura do km 90 | Gouvelândia | Goiás (GO) | 02515032168 | 9 | Produção de tijolos |
José Essado Neto | Fazenda Barra do Capoeirão | Zona Rural | Brazabrantes | Goiás (GO) | 01586653172 | 0 | Cultivo de tomate |
Lourival Gabriel de Oliveira | Fazenda Barreiro Preto | zona rural de Anicuns | Anicuns | Goiás (GO) | 1158562187 | 22 | Corte de eucalipto |
Luiz César Costa Monteiro | Fazenda Santa Inês | Zona Rural | Trindade | Goiás (GO) | 31983316172 | 151 | Cultivo de tomate |
Manoel Diniz | Olarias Lagoa Bonita | Rodovia GO-206, km 114, à direita na segunda entrada para a Usina São Francisco, mais 22 km à direita | Gouvelândia | Goiás (GO) | 16738438168 | 8 | Produção de tijolos |
Márcio Adriano Pereira da Silva | Olaria Lagoa Buriti Alto | Rod. GO-206, km 90, mais 32 km à direita, Zona Rural | Gouvelândia | Goiás (GO) | 82261385153 | 9 | Produção de tijolos |
Márcio Pedro de Souza | Fazenda Três Pilões | Zona Rural | Mineiros | Goiás (GO) | 01288873115 | 4 | Criação de bovinos |
Marcos de Moura Henrique | Olarias Buriti Alto | Rodovia GO-206, km 90 | Gouvelândia | Goiás (GO) | 56404409615 | 8 | Produção de tijolos |
Marcos Roberto Pereira da Silva | Olarias Buriti Alto | Rodovia GO-206, km 90 | Gouvelândia | Goiás (GO) | 84917482615 | 4 | Produção de tijolos |
Mário de Pinho Costa | Fazenda HP | Rod. BR 414, km 175, zona rural de Vila Propício | Vila Propício | Goiás (GO) | 357138104 | 4 | Pecuária |
Onivaldo de Oliveira Paracatu | Olaria Região Buriti Alto | Rod. GO-206, km 90, mais 32 km à direita (sentido Gouvelândia a Inaciolândia), zona rural | Gouvelândia | Goiás (GO) | 45049050197 | 4 | Produção de tijolos |
Renato Rodrigues da Costa | Fazenda Chaparral | Rod. GO-173, Zona Rural | Britânia | Goiás (GO) | 49754386153 | 17 | Produção de carvão vegetal |
Renato Sérgio de Moura Henrique | Olarias nas Fazendas Lagoa Bonita e Bruaca | São Francisco, zona rural | Gouvelândia | Goiás (GO) | 98902806120 | 7 | Produção de tijolos |
Reniuton Souza de Moraes | Fazenda Olho D´água | - | Monte Alegre de Goiás | Goiás (GO) | 24845256134 | 5 | Produção de carvão vegetal |
Sebastião Ribeiro do Prado | Olaria na região de Caracol | Rodovia GO 206, saída à altura do km 90 | Gouvelândia | Goiás (GO) | 48862282672 | 3 | Produção de tijolos |
Selson Alves Neto | Fazenda Bandeirantes | Rodovia GO - 040, Km 08, Zona Rural | Goiatuba | Goiás (GO) | 15994970697 | 32 | Cultivo de cana-de-açúcar |
Selson Alves Netto | Fazenda Bandeirantes | Rod. GO-040, km 08, zona rural | Goiatuba | Goiás (GO) | 15994970697 | 15 | |
Sílvio da Silva | Olaria na região de Lagoa Bonita | Rodovia GO 206, saída à altura do km 114 | Gouvelândia | Goiás (GO) | 86804391187 | 4 | Produção de tijolos |
Sinomar Pereira de Freitas | Fazenda Aguapé | Zona Rural | Mairipotaba | Goiás (GO) | 06130690134 | 65 | Cultivo de sementes de capim |
Thiago Neiva Honorato | Fazenda João Luiz | Zona Rural | Monte Alegre de Goiás | Goiás (GO) | 00330874152 | 3 | criação de bovino |
Transportadora M G Ltda. ME | Fazenda Ribeirão Grande | Rod. GO-178, km 28, mais 25 km à direita, sentido Itarumã-Itajá, zona rural | Itajá | Goiás (GO) | 22715262000256 | 19 | Produção de carvão vegetal |
Vicente Pereira de Souza Neto | Fazenda Santana | Rod. GO-330, Zona Rural | Vianópolis | Goiás (GO) | 17150353649 | 21 | Cultivo de batata |
Welson Albuquerque Ribeiro Borges | Fazenda Santa Rita da Estalagem | Zona Rural | Vianópolis | Goiás (GO) | 44893574191 | 16 | Reflorestamento e extração de madeira (eucalipto) |
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