Um detalhe chama a atenção no caso das 132 pessoas detidas em São Luis na noite desta quinta-feira (11), quando participavam de uma festa supostamente promovida por uma facção criminosa com o objetivo de comemorar a morte de policiais militares ocorridas recentemente.
Dos 132 participantes da festa, 59 eram adolescentes. "Muita gente nova, muitos garotos e garotas com um futuro todo pela frente se envolvendo em coisas erradas. Isso me deixa muito triste", lamentouo comandante do Policiamento Metropolitano, coronel Pedro Ribeiro.
É preciso discutir e buscar explicações para o fato de que o poder de aliciamento dos grupos criminosos tem se tornado cada vez maior, o fascínio que as facções criminosas exercem sobre crianças e adolescentes nos bairros de periferia da Grande São Luis vem aumentando de forma exponencial e o mais grave, a idade dos jovens seduzidos pelo poder do trafico é cada vez menor. Como reverter o caos a que estamos submetidos? Aonde erramos? quem errou? é hora de fazer uma autocrítica.
Em artigo publicado na edição zero da revista Catirina, lançada na quarta-feira (10), pela SHDM -Sociedade Maranhense de Direitos Humanos e disponível gratuitamente para download AQUI , o professor do Departamento de História da Universidade Federal do Maranhão - UFMA, Wagner Cabral da Costa, faz interessante questionamento sobre o assunto:
Por quê, afinal de contas, a opção pelo tráfico, seu “consumo de estilo”, seu “ethos guerreiro” de afirmação masculina (como aponta a antropóloga Alba Zaluar), foi e continua sendo atrativa para parcelas da juventude periférica? Por quê tornar-se “pedreiro” (de vendedor de “pedra”, “crack”, traficante)? Quais as redes de sociabilidade e solidariedade alternativas existentes nesses territórios? Quais as políticas públicas e seu impacto efetivo? Cadê o governo federal, estadual e a Prefeitura? Onde está a sociedade civil organizada?
COSTA, Wagner Cabral. Pedrinhas $.A.: a violência do negócio e o negocio da violência. Catirina, São Luis, n. 0, p. 35, Dez. 2014. |