EM HOMENAGEM AO MEU AMIGO JACINTO JUNIOR: O REVOLUCIONÁRIO!
O NOVO PARLAMENTO: DELE SURGIRÁ UMA NOVA LIDERANÇA?
Jacinto Pereira Sousa Júnior*
A recente história tem demonstrado que o Parlamento Municipal deixou de ser uma trincheira de luta dos verdadeiros homens honrados, de princípios e Éticos para se tornarem ao longo do tempo mero coadjuvantes numa arena em que se encerra no jogo político o interesse individual. Na verdade, a marca institucional da democracia e da transparência tem revelado de maneira frugal o questionável comportamento desses representantes do povo. Enfim, renunciam às prerrogativas que lhes competem, para, irradiar uma contumaz e decadente subutilização discursiva do ‘se é para o bem do povo’ – parafraseando, o mítico, Pedro I, ao lançar o estrondoso e espetacular ‘grito’ da independência de nossa colônia -, eu voto pela matéria da ordem do dia; manifesta, assim, sua total servidão a quem interessa.
É impossível não desdenhar de um comportamento tão esdrúxulo e aviltante. É notável a incapacidade teórica de alguns parlamentares que fere a normativa culta. Outros, expondo-se como verdadeiros cordeiros dirigindo-se ao matadouro, sem, contudo, perceber que tal gesto constitui-se em sua sentença política mortal. O reflexo disso observa-se no último resultado das eleições/2012.
É interessante observar alguns pressupostos que, certamente, poderá estabelecer uma conduta coerente para os novos representantes do povo:
ü Primeira observação: o resultado das últimas eleições denuncia, por sua vez, o comportamento do eleitor. Renovou em 45,45% o quadro de edis. É um tímido avanço, porém, houve mudanças.
ü Segunda observação: a sociedade civil já não aceita qualquer discurso para justificar determinado ato institucional que contrarie os valores morais e legais.
ü Terceira observação: para a sociedade civil o espírito republicano de cada edil deve prevalecer numa base sólida e pautada na coerência, no respeito e na verdade.
ü Quarta observação: o dispositivo midiático local tem, conforme sua tendência – expressado todo seu conservadorismo - a capacidade de direcionar fortemente um discurso na perspectiva de gerar um comportamento negativo da sociedade em relação aos Parlamentares.
ü Quinta observação: a independência harmônica entre os poderes transcorre de maneira legal e há, efetivamente, o mútuo respeito entre os representantes?
A sociedade civil já percebe a necessidade de acompanhar o comportamento dos representantes no Parlamento Municipal, para não ser surpreendida. A cultura alimentada pelo Parlamento de se transformar simbolicamente num ‘balcão de negócio’ – por que toda vez que o Chefe do Executivo encaminha alguma mensagem ao Parlamento ocorre uma articulação por parte da oposição fazendo alegações intermináveis para justificar mais tarde o provável apoio à mensagem enviada; por conta disso, insurge o velho discurso da misteriosa compra e venda de parlamentares que, ontem era contrário à Mensagem e, de repente, hoje, manifesta irrestrito apoio e, ainda, com o direito de sentir-se ofendido por ser criticado pela sociedade e pela mídia em relação a essa atitude ambígua e prolixa do parlamentar - precisa urgentemente modificar tal cultura. Entendo que o Parlamento deva ser um instrumento indispensável para a promoção e o aperfeiçoamento do debate consistente e bravio, da democracia altaneira e participativa, da discussão dialética imperativa; e, por fim, desenvolver um novo comportamento que integre de maneira contumaz a cultura da transparência. Como tem sido difícil a corporação política compreender esse valor substancial para a sobrevida da democracia parlamentar e, por via de regra, o elevado respeito da sociedade civil.
Portanto, o novo parlamento municipal (2013 – 2016) precisa com brevidade demonstrar habilmente sua nova cara e, sobremodo, desmistificar os arranjos deformados que teimam e persistem conviver com a sociedade civil como se fosse uma coisa natural. O parlamento municipal tem por obrigação corresponder aos reclames do povo codoense. Haverá um tempo em que a força popular será capaz de renunciar o seu voto naqueles políticos que insistem na prática de tornar-se moeda de troca, e deixando de lado a sua verdadeira atribuição institucional: fiscalizar o Executivo e aprovar projetos. Não quero entrar no mérito dessa questão, até porque, é de exclusividade dos edis.
O município codoense clama por homens públicos que expressem o seu verdadeiro penhor e espírito republicano, e, de igual modo, sustente sua clava sem recuar, caminhando a passos firmes e decididos em defesa de um ideal coletivo. Será que na atual conjuntura surgirá um político com esses valores intrínsecos? Considerando a coisa mais detidamente, sou obrigado pelas circunstancias a fomentar a seguinte argumentação: a mudança estrutural do poder e das políticas públicas depende de quem para promovê-las? São os políticos os verdadeiros signatários desse processo fundamental para o desenvolvimento e crescimento social local? E o povo, não tem nenhuma valia nesse processo extraordinário de transformação? Ou, melhor, é possível haver ainda uma mudança profunda na base da pirâmide codoense? Ou, permanecerá esse estado letárgico social em que o tão sonhado projeto transformador é de competência exclusiva dos homens públicos sem a participação das massas populares? A bem da verdade, a tão esperada mudança só poderá ocorrer quando o povo tomar consciência de sua condição de classe e detentora do poder efetivamente. Enquanto existir a politização da política em que o epicentro desse processo tem como base a burguesia no controle do poder e das instituições, o atual estágio de desenvolvimento e as condições materiais concretas enfrentadas pela classe trabalhadora permanecerão inalterados. Quando menciono as instituições incluo, aí, o parlamento municipal simbolizando força e poder.
Se, de um lado, olharmos a história do Parlamento Municipal verificamos que um único parlamentar chegou ao poder político máximo no final da década de 1990 e inicio da de 2000: Ricardo Archer. De La para cá, o parlamento municipal não conseguiu gerar outra figura de destaque. Tal conjuntura nos induz a uma interrogação: afinal de contas, quando surgirá outra figura com expressão, força e inserção popular para disputar o poder político local contra as tendências e forças conservadoras? Pois, Codó vivencia uma nova realidade e um novo ciclo de mudança representativa. O tempo passou e, automaticamente, os representantes políticos de direita e os ultradireitista envelheceram; com isso, pode a história abrir um espaço extremamente importante para oportunizar o surgimento de lideranças novas e independentes, que não estejam associadas às tradicionais forças e tendências políticas conservadoras. O momento histórico aponta essa possibilidade e, além disso, é fundamental que o futuro de nossa cidade seja, de fato, construído, pensado numa ótica moderna e democrática; dissociada da influencia das “velhas raposas” que, direta e indiretamente, contribuíram para o atraso de nossa cidade.
Codó precisa se libertar das ‘amarras’ e das forças conservadoras que ao longo da história construíram uma estrutura de controle e manutenção do poder político, sobretudo, em relação ao imaginário popular – como uma espécie de culto à personalidade – colocando-os sempre como representantes comprometidos, sérios, democráticos e dispostos a realizar um grande trabalho na cidade. Contudo, a própria história denuncia o verdadeiro sentido dessa estratégia articulada pelas elites dominantes. Caberá, então, ao povo codoense avaliar o elemento oculto nesse mecanismo produzido pelas elites dominantes para permanecer no controle e no poder; além disso, é fundamental ir à frente dessa avaliação, perquirindo a sua essência e a sua aparência. No jogo político esboçado em cidade da dimensão como a nossa, ainda é utilizado o famigerado modelo de alianças entre as diversas forças, tendências e correntes políticas subordinadas ao capital como pedra angular de legitimação. Aqui, temos, na verdade, uma articulação promovida geralmente pelo ‘dirigente máximo’- que, no fundo, é a figura do burguês e capitalista colocado como o legitimo representante das massas trabalhadoras incautas para dirigir o município -, na perspectiva de consolidar um conjunto de forças para defendê-lo numa disputa política com outro ‘dirigente máximo’ que possui as mesmas características do anterior. É dessa maneira, que a burguesia local consegue se constituir como segmento hegemônico e opressor das camadas populares.
Mediante essa pequena reflexão sobre o modo como a burguesia local desenvolve suas articulações buscando se perpetuar no poder procuro evidenciar os elementos táticos no sentido de, também, provocar no cidadão codoense a necessidade de fazer uma avaliação cuidadosa, séria e responsável sobre a tática, a estratégia e a ideologia propugnada pelos representantes das elites dominantes local. Diante disso, tenho que fazer uma provocação ao parlamento municipal sobre a possibilidade de insurgir dentre os atuais edis, um parlamentar com capacidade teórica, determinado, articulado, identificado com as causas sociais do povo, que seja corajoso, destemido, coerente, preparado para enfrentar o projeto de dominação das elites dominantes. Codó certamente ficará orgulhosa quando esse novo político surgir para combater as mazelas e todo tipo de manobras articuladas pelas classes dominantes local.
Conforme já previ e reafirmei, nossa cidade vivencia um novo período, um novo momento, decorrente de uma profunda crise de identidade, credibilidade, ausência de um programa de governo consistente e reformista para não dizer revolucionário, em que pese como tese central a proporção do desenvolvimento integral de nossa cidade. O futuro líder político que vai surgir em nossa cidade deve estar fora do eixo tradicional determinados pelas elites dominantes, bem como dos costumeiros acordos realizados na ‘calada da noite’, deve construir sua luta em defesa de uma cidade próspera e mais justa, com a presença dessa geração de novos atores sociais que, constitui parcela indispensável no processo de disputa pela apropriação do poder político colocando-o a serviço da comunidade. Que seja forte o suficiente para suportar as investidas dos representantes das elites dominantes na tentativa de desqualificá-lo, de amedrontá-lo, de fragilizá-lo e, até mesmo, impedir que seja candidato fazendo propostas indecentes. Esse novo líder deve está completamente descontaminado dos estratagemas vergonhosos que contribuíram para a derrocada ética e moral de homens públicos e dos maledicentes vícios tortos.
O nosso desejo é, verdadeiramente, contribuir na perspectiva de estabelecer uma nova macrovisão do que é ser um homem público com as virtudes que exige a história e, ao mesmo tempo, fornecer elementos reflexivos para uma sábia e decente conduta no contexto da luta política e social. Nunca houve em nossa história um período tão forte e propício para o aparecimento dessa nova liderança! Aquele sujeito que esteja processando todos os acontecimentos históricos não tem dúvida disso. O vácuo político é mais do que evidente, é notório!
Que a nossa história seja reescrita e reinventada à luz do desenvolvimento, do progresso e da prosperidade social.
O futuro de Codó nas mãos limpas desse novo líder popular. Quem de vós, ó edis, será a semente boa que produzirá os bons frutos para nossa cidade se alimentar sem nenhuma indigestão, sem nenhuma temeridade?
_____________
*Jacinto Pereira Sousa Júnior. Servidor Público Municipal.