Este , com certeza, foi um dos programas de rádio mais polêmico do interior do Maranhão. Robson Maia - O BARRA PESADA - e o seu programa BATALHAS E CONFLITOS, Na Rádio Eldorado AM de Codó! De 1995 à 1996 - Robson Maia, conhecido ainda como DEDO DURO, revolucionou em Codó a maneira de denunciar, criticar e apresentar programa de rádio!
O fundo musical já dava um certo tom de mistérios e drama. Antônio Robson da Cunha Pereira, ao chegar na rádio Eldorado AM, foi recebido por Raimundo Alves, sonoplasta eficiente, e juntos decidiram que o nome Robson era muito sonoro, mas que não combinava com o restante dos sobrenomes. Raimundo Alves pegou um velho disco de Tim Maia, olhou, olhou e finalmente exclamou: "Robson Maia", imediadamente aceitei sem questionar. Em seguida sugerimos vários nomes para o programa, porém lembrei de um livro que tinha lido duas vezes, ( O livro chama-se, O Grande Conflito, dos adventistas), e respondi: O programa vai se chamar Batalhas e Conflitos! Assim ficou: Robson Maia e o Programa Batalhas e Conflitos.
Chamamos então o amigo Silvestre Neres para gravar as vinhetas e chamadas do programa, ficou extremamente aterrorizante, pois Silvestre Neres tinha uma voz quase que satânica, o que tornou o programa ainda mais chamativo e com um clima nebuloso e assustador!
Tivemos várias participações do ligeirinho Jair Ribeiro, o eterno reporte do jogo rápido.
O programa não tinha roteiro e nem direção, era tudo no improviso e no manual, mas bastante polemico, ouvido, odiado, querido e popular. Todos os dias tinha uma novidade, uma polêmica e tentativas de espancamento, assassinato e ameças de morte por parte dos seguimentos políticos, policiais e criminais. A rádio foi invadida várias vezes por autoridades querendo fazer justiça com as próprias mãos, mas sempre se dava um jeito maranhense de escapar dos enraivados.
Foi um tempo de aflição, perseguição e tentativas de calar o locutor oficial do Batalhas e Conflitos, mas nós resistimos até aonde foi possível. Era vereador tentar difamar a nossa pessoa através da tribuna do legislativo; era puxa-sacos e pistoleiros tentando contra a nossa vida; era pedido direto ao dono da rádio que rompesse o nosso contrato e extinguisse o programa, se danificava a rede elétrica na hora do programa; a gente vivia mais escondido do que realmente livre, a perseguição era mortal. A justiça não funcionava e a polícia estava a serviço do chefe político local. Era os anos 90, mas no interior do Maranhão ainda imperava os filhotes do regime militar e o estado estava sob a tutela da maior oligarquia que existiu no Maranhão, o da família Sarney, onde juridicamente tudo estava a sua disposição. Codó estava sobre a tutela de um legitimo filho da ditadura militar, afilhado da família Sarney, um dos maiores latifundiários do estado, Biné Figueredo, o homem da SUDENE. Biné governava Codó com mão de ferro, uma politica totalmente ultrapassada, conservadora e atos administrativos baseado no clientelismo e na irresponsabilidade fiscal e social do gerenciamento da coisa pública.
O Programa Batalhas e Conflitos batia de frente com esse governo direitista e altamente nocivo a sociedade codoense. Estava justificadas as perseguições, as armações, as ameaças, as tentativas e a disponibilidade de vários políticos em calar a voz daquele que não tinha medo, apesar de não possuir nenhuma segurança física, política ou financeira, mas baseava e baseamos nossa segurança em um Deus vivo!
Um certo dia, um grande amigo meu e que ninguém sabia, fazia parte do grupo político dominante, chegou preocupado, nervoso, determinado e pediu para a gente se encontrar em um lugar fora da cidade. No local indicado ele mim revelou que tinha participado de uma reunião secreta em uma fazendo do município e que o assunto era o meu nome. Segundo ele, um grupo de amigos estava fazendo um consórcio para dividirem as despesas com o fim do nosso programa. Relatou que as nossas atividades diárias já estava sendo monitorada por uma equipe de trés pessoas e que agora era só questão de tempo. Segundo ele, até meus familiares estavam em perigo. Conversamos horas e horas e chagamos a seguinte conclusão: Estava na hora de tirar o time de campo, antes que fosse tarde e para o bem de pessoas que sempre amarei. Agradeci, o amigo por ter se arriscado tantas vezes para nos passar informações valiosas ao nosso programa e pela a amizade secreta mantida. Por fim pedir o mesmo que arrumasse cerca de 500, 00 R$ para o meu sumiço repentino, imediatamente ele abriu a bolsa e repassou o dinheiro. O nosso amigo perguntou para onde eu estava indo, disse apenas que não sabia, até por questão de segurança.
Por dois dia mudei a minha rotina, na tentativa de despistar meus seguidores, amigos e familiares. Depois de sentir que estava seguro, finalmente arrumei minha mala e em uma madruga qualquer partir rumo a uma destino sem indicação!
Depois de 17 anos retornei a Codó para uma breve visita aos meus familiares e amigos queridos. Ainda desconfiado procurei ser o mais breve possível!
BATALHAS e CONFLITOS tem muitas histórias a serem contadas, um outro dia conto mais!
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