A entrevista de Bresser-Pereira à Folha de domingo merece ser lida e provocar reflexões. Fala de uma mudança na conjuntura histórica, para além do curto prazo.
Ele vê a burguesia enfraquecida como classe. Empresários venderam suas empresas para multinacionais e viraram rentistas. Ressalva que há empresários nacionais com ideias, ou seja, podem participar de um novo pacto pelo desenvolvimento.
Vê dificuldades com a falta de críticas ao imperialismo e ao cambio alto. A maior parte dos empresários se unificou sob a bandeira liberal.
Bresser propõe um pacto entre trabalhadores, empresários do setor produtivo, burocracia pública e a classe C contra o rentismo, os financistas e 80% dos economistas a serviço do setor financeiro e do capital estrangeiro.
Bresser, nos seus 80 anos, disse que preocupa o clima de ódio dos que perderam a eleição (os ricos e os liberais) e antidemocraticamente “não aceitaram e continuaram de armas em punho”. É a volta do udenismo golpista.
Ele foi fundador e dirigente do PSDB, saiu em nome de seus princípios e valores. Defende os ajustes do governo Dilma para corrigir “abusos na previdência” e “subsídios e isenções equivocadas”. Não vê aí desvio do desenvolvimento. Bresser não acredita na vitória do impeachment como coroamento da política do ódio. “A democracia está consolidada e todos ganham com ela, ricos e pobres".
"Surgiu um fenômeno que eu nunca tinha visto no Brasil. De repente, vi um ódio coletivo da classe alta, dos ricos, contra um partido e uma presidente. Não era preocupação ou medo. Era ódio".
A visão é do economista Luiz Carlos Bresser-Pereira, 80, que está lançando "A Construção Política do Brasil", livro que percorre a história do país desde a independência. Ministro nos governos José Sarney e FHC, ele avalia que o ódio da burguesia ao PT decorre do fato de o governo defender os pobres.
Nenhum comentário:
Postar um comentário