Luiz de Aquino
Há 15 anos, o diretor financeiro do Caldas Termas Clube foi assassinado em Caldas Novas. Ele recebeu onze tiros à queima-roupa, partidos das armas de dois pistoleiros contratados – um deles, sargento da gloriosa Polícia Militar do Distrito Federal. Esses dois assassinos de aluguel foram procurados por dois empregados fiéis e leais do próprio clube e agiram sob ordens e interesses do presidente do CTC e de seu genro – é o que concluiu o inquérito policial, um inquérito difícil de ser realizado porque, em vários momentos, foi obstruído por injunções de várias origens.
Ele acabara de completar (14 de fevereiro) 52 anos. Deixou seis filhos e outro tanto de netos. Nasceu e viveu em Caldas Novas, a não ser por uns poucos anos da adolescência passados no Rio de Janeiro – ele, meu irmão Edmar e eu. Quando resolvi voltar para Goiás, ele também veio, mas não gostou de Goiânia, preferiu Caldas Novas. Depois, cursou Direito em Uberlândia, no tempo em que era possível cursar faculdade dando dribles na freqüência – fazia provas em segunda chamada, sempre.
Vamos rever velhas assertivas de romances policiais: 1) o mordomo é sempre o culpado (os agenciadores de sua morte eram empregados do próprio clube, um porteiro e um jardineiro); 2) alguém de aspecto respeitável é o mandante (o principal mandante seria um senhor de 70 anos); 3) a razão (de novo o tempero de Agatha Christie: dinheiro); 4) o de que o assassino sempre volta ao local do crime (o principal mandante da morte do meu primo apareceu chorando em fotografia, num jornal de Caldas Novas, segurando a alça do caixão).
Pois bem: no momento em que Reginaldo era velado, já corria à boca miúda a versão que acabou confirmada pelo delegado Abézio Leite. Quando o presidente do CTC ajudava a conduzir o corpo para a sepultura, uma prima da viúva, não teve receio de comentar: "Que cara de pau! Manda matar e agora vem chorar o morto’.
O caso saiu no Linha Direta, da TV Globo; em poucas horas, a poderosa emissora passaria às polícias de Goiás e do Distrito Federal os locais onde se escondiam os dois agenciadores (estavam em Brasília), mas os policiais de lá não quiseram cumprir os mandatos de prisão. Em Caldas Novas, uma juíza decretou a prisão preventiva de José Onofre de Carvalho, mas a mesma foi revogada pelo Tribunal de Justiça, por achar falhas no processo.
Bem, esse crime aconteceu há 15 anos. Os criminosos estão à solta, gozando a impunidade e esbanjando poder social e financeiro. Mas existe Justiça em Goiás, sim! E é ela quem, ao seu tempo, atribuirá a cada um dos criminosos a pena da Lei dos Homens, porque da outra Lei, a Divina, não precisamos alimentar esperanças: Ela nunca falha.
Em 22 de fevereiro de 1999, em Caldas Novas, o advogado Reginaldo da Cunha Ríspoli foi assassinado com onze tiros, numa tocaia em que agiram dois pistoleiros. Um deles era sargento da Policia Militar do Distrito Federal. No decorrer das investigações, soube-se que o tal sargento, que continuou “trabalhando” regularmente, tinha outras referências como pistoleiro de encomenda. “En passant”, devo dizer que a Polícia Civil de Goiás finalizou, e de modo muito bem feito, o inquérito, mas o processo continua sem solução porque envolve pessoas de poder
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