quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Veja por que Marconi Perillo está em decedência e pode perder a eleição

Pela primeira vez em 16 anos de poder o governador Marconi Perillo (PSDB), candidato à reeleição ao governo estadual, apresenta uma postura defensiva em relação a campanhas anteriores. O motivo principal são os problemas administrativos que explodiram bem no início da campanha eleitoral (veja o quadro). Já são vários os fronts que a oposição têm para atacar o governo, muitas dessas celeumas originadas pelo próprio governo. Os oposicionistas fazem o seu papel e Marconi precisa se desdobrar para se defender.
Para complicar a maré baixa do governador tucano, ao contrário de eleições passadas, neste ano a oposição vem encontrando o tom para acertar o governo. Esse panorama não foi visto nas vezes em que Marconi Perillo se elegeu ou reelegeu anteriormente. Em 1998 ele era a oposição a um longo período de poder do PMDB em Goiás, algo que gera desgaste natural a qualquer governante ou partido (exatamente o que Marconi enfrenta neste ano). Em 2002, ele se aproveitou da ilusão da oposição que acreditava erroneamente que a derrota de 1998 havia sido um acidente de percurso e que voltaria facilmente ao poder sem fazer grandes críticas ao governo tucano.
Em 2006, com uma avaliação bem positiva, principalmente no interior, Marconi conseguiu se eleger ao Senado e ainda conseguiu fazer seu sucessor, seu então vice Alcides Rodrigues (ex-PP). Na oportunidade, a campanha do ex-candidato Maguito Vilela (PMDB) preferiu evitar as críticas ao governo Marconi e perdeu prestígio durante a campanha. Em 2010, rompido com Alcides, ele encarnou a oposição e, com muitas críticas ao governo que ajudou a eleger, conseguiu ser eleito pela terceira vez ao governo do Estado.
Em 2014, porém, a situação se mostra diferente. A facilidade que o governador encontrou em eleições passadas, ora diante de uma oposição fraca, ora diante da estabilidade de sua administração, neste ano não tem encontrado. E não tem encontrado por uma soma de fatores.
O momento ruim atravessado pela gestão do Estado tem sido bem explorado pela oposição nas eleições deste ano, o que tem gerado certo desgaste na coordenação da campanha tucana, que sempre tem corrido para apagar incêndios, ao invés de dar os rumos da sucessão.
Por não conseguir pautar a campanha, enfrentando forte rejeição junto ao eleitor, segundo as pesquisas eleitorais, e sem ter conseguido colher os frutos da agenda positiva que tentou criar antes da campanha – algumas obras como o Centro de Excelência do Esporte, o Credeq de Aparecida de Goiânia e o Hugo 2, por exemplo, não foram finalizadas –, Marconi tem evitado campanha em terreno aberto, participando apenas de inaugurações de comitês de deputados aliados e encontros em ambientes fechados (leia matéria abaixo).
Problemas
O inferno astral de Marconi Perillo começou quando o ex-governador e candidato ao governo Iris Rezende (PMDB) anunciou o deputado federal Ronaldo Caiado (DEM) como candidato ao Senado em sua chapa, bem como o também deputado federal Armando Vergílio (SDD) como vice-governador. Ex-aliados de Marconi Perillo, a entrada de ambos na oposição demonstrou que a base aliada não estava mais tão unida como em anos anteriores.
Juntou-se a isso a tentativa dos insatisfeitos PR e PTB de modificarem a composição da chapa majoritária, com a indicação da deputada federal Magda Moffato (PR) como pré-candidata a vice, na mesma semana em que seria realizada a convenção da base governista, o que exigiu interferência superior no processo e gerou uma crise interna no PP.
Em sua primeira fala como candidato ao Senado pela chapa oposicionista, Ronaldo Caiado demonstrou que seria o maior crítico da gestão de Marconi. Ele acusou de prefeitos da oposição de apoiarem o governador por medo de perderem concessões e obras em seus municípios.
Caiado também incomodou a base governista durante a inauguração do comitê central da campanha. Durante o evento, o democrata sugeriu a existência de um “Caixa 2” na campanha da base aliada que seria financiado com a troca de placas obrigatória de automóveis e motocicletas em Goiás, para inserção de um novo modelo com chip. A Segurança Pública foi outro problema enfrentado por Marconi, bem como problemas nas áreas de Cultura, Fazenda, Celg e Ipasgo (veja mais no quadro).
Tudo isso fez com que o governo de Marconi virasse alvo de toda a oposição. As críticas vêm de todos os lados e tomam bom tempo do governador em discursos e encontros. Os problemas, porém, criados por sua própria administração, incomodam o governador, que mudou sua postura em relação ao que vinham divulgando seus coordenadores, de que sua campanha seria propositiva. Tudo reflexo do grande desgaste que enfrenta nestes primeiros momentos de campanha.

Críticas forçam contra-ataque do governador

Sendo alvo de ataques e críticas por parte da oposição, Marconi Perillo deixou de lado o discurso propositivo, defendido por ele antes do início da campanha, para aumentar o tom e criticar as ações da oposição e classificar muitas vezes de oportunistas e demagogas as críticas direcionadas a ele e a seu governo.
Além disso, o tucano tem mantido a campanha focada em encontros em ambientes fechados ou então em inaugurações de comitês de candidatos a deputado federal e estadual aliados. Uma mudança já prevista na campanha será a adoção das tradicionais carreatas. Marconi adiantou o uso desse tipo de ação, que não se iniciaria agora.
O seu discurso tem sido formatado com o intuito de desqualificar adversários e suas críticas. É comum dizer que as críticas atingem instituições e funcionários estaduais como vem ocorrendo em relação à Segurança Pública.
“Eles torcem por um Estado cada vez pior por conta de interesses mesquinhos eleitoreiros e pessoais. Todo mês comemoram o número de homicídios. Enquanto eles torcem contra milhares de goianos, nós estamos aqui, trabalhando duro e promovendo avanços em diversas áreas", disse o tucano em discurso na inauguração do comitê do candidato a deputado federal Alexandre Baldy (PSDB).
Ainda neste discurso, Marconi classificou as críticas de demagogas e sugeriu que os oposicionistas não tem amor por Goiás, em uma clara alusão à chapa peemedebista. “Nós precisamos dar um basta nestas críticas eleitoreiras, nestes discursos demagogos e debates enviesados. Eles não têm amor por Goiás. O que eles dizem amar são apenas seus projetos pessoais”, criticou.
A oposição respondeu com Ronaldo Caiado. O candidato ao Senado pelo DEM apresentou números com os quais rebatem o investimento estadual em Segurança Pública, alardeado por Marconi Perillo. Pelo twitter, o deputado federal criticou a redução nos quadros das Polí­cias Militar e Civil em 16 anos.
“Em 1998, a Polícia Militar tinha 12.200 policiais, enquanto que a Polícia Civil tinha 6.595. Dezesseis anos depois a PM tem 11.600 e a Civil 3.140, isso enquanto a população Goiânia cresceu mais de 35%. Em 16 anos, o Brasil teve aumento de 12% na violência, enquanto Goiás teve crescimento de mais de 230%. Já imaginou o que daria para ser feito em segurança pública com os R$ 518 milhões gastos em propaganda pelo governo estadual?”, disse Caiado na quinta, 7. (F. P.)

Desgastes enfrentados pelo governador de goiás
Segurança Pública
Mês de junho foi o mês mais violento da história de Goiânia. Ao todo, 80 pessoas foram assassinadas. O segundo mês mais violento também já pertencia à gestão de Marconi Perillo: em dezembro de 2013, 65 pessoas haviam sido assassinadas na capital. Goiás passou de 10º a 4º Estado mais violento do país, segundo números do Mapa da Violência 2014, do Centro de Estudos Latino-americanos (Cebela). Além disso, desde o início do ano, 45 mulheres foram assassinadas em Goiânia. A falta de ações por parte do governo gerou críticas por parte da oposição.

Detran
Durante a inauguração do comitê do candidato ao governo pelo PMDB, Iris Rezende (PMDB), o deputado federal e candidato ao Senado Ronaldo Caiado (DEM) denunciou “Caixa 2” no Detran, na instalação de chip eletrônico em placas de motos e carros. O democrata disse que o ganho que o governo estadual teria com a cobrança do procedimento seria de R$ 480 milhões. “Algo em torno de R$ 280 milhões iria para o Caixa 2 de campanha”, denunciou. No dia seguinte o procedimento foi suspenso pelo Detran e a base aliada disse que iria interpelar Caiado na Justiça.

Ipasgo
Depois de anunciar aumento de 9,5% nas mensalidades do Instituto de Assistência dos Servidores Públicos do Estado de Goiás (Ipasgo), o governo estadual teve que voltar atrás e cancelar o reajuste depois que muitos servidores estaduais protestaram e questionaram o valor do aumento, que seria descontado já no pagamento do salário referente ao mês de julho. Os usuários consideraram o reajuste injusto já que foi acima do valor do reajuste da data-base dos servidores públicos do Estado.

Fundo de Cultura
No final de julho, artistas goianos denunciaram que a Secult não repassaria os R$ 13 milhões relativos ao pagamento do Fundo Estadual de Cultura que beneficiaria 270 projetos culturais. O então secretário estadual de Cultura, Gilvane Felipe, disse que o valor não havia sido liberado pela secretaria da Fazenda, responsável pelo repasse. O imbróglio culminou na saída de Felipe da pasta. Buscando acabar com a crise, o secretário da Fazenda disse que realizaria o pagamento do fundo, mas que o mesmo seria parcelado em cinco vezes até o final do ano, o que gerou protestos de artistas em frente ao Palácio.

Empréstimos
O governo estadual realizou neste ano três pedidos de empréstimos a órgãos diferentes como a Assembleia Legislativa, o Tribunal de Justiça de Goiás e o Tribunal de Contas do Estado. O empréstimo solicitado ao TCE foi no valor de R$ 25 milhões e serviria para “auxiliar no ajuste de caixa do Tesouro Estadual”. O empréstimo está sendo questionado pelo Ministério Público de Contas. Já o empréstimo solicitado TJ foi da ordem de R$ 80 milhões e serviria para quitar o pagamento da folha salarial de servidores estaduais. O pedido gerou críticas da oposição, principalmente de Iris Rezende, o que culminou com a negativa do repasse da parte do Judiciário.

Desmentido
O ex-prefeito de Anápolis e candidato ao governo pelo PT, Antônio Gomide, rebateu, por meio de nota, as afirmações de Marconi Perillo em entrevista à Rádio CBN, que disse que o número de homicídios em Goiás vem caindo desde 2011. Gomide afirmou que em quatro anos houve aumento de 56% nos assassinatos. Além disso, o petista acrescentou que há 16 anos, em 1998, quando foi eleito governador pela primeira vez, Goiás estava na 18º posição no ranking de homicídios do Brasil e hoje estaria quase na quarta colocação.

Celg
Considerada a pior companhia energética do Brasil segundo a Aneel, a Celg foi responsável pelos maiores desgastes ao longo dos últimos anos para o governo estadual. A crise enfrentada pela empresa fez com que o governador buscasse ajuda no governo federal. A ideia é a federalização da empresa que já estaria encaminhada junto à Eletrobrás, depois de reunião de Marconi com a presidente Dilma Rousseff, ocorrida há três semanas. A União teria 51% da empresa goiana e o Estado receberia empréstimo de R$ 1,9 bilhão para aportar na companhia. Prato cheio para a oposição, que sempre coloca o assunto em pauta.
Fonte:  http://tribunadoplanalto.com.br

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