PM envolvido na morte de um pedreiro em 2011 foi até promovido.
Outro policial, responde por agressões e continua trabalhado em São Luís.
Policiais militares acusados de atirar e matar um pedreiro há dois anos,
em São Luís, continuam trabalhando normalmente. Um deles foi até
promovido. É o caso do sargento da PM, Joniel Ribeiro Farias.
Transferido para o município de Rosário, a 30 km da capital, ele mesmo
confirma que continua atuando nas ruas.
Repórter: “O senhor está trabalhando normalmente?
Sargento da PM: “sim. Normal”
Repórter: “Nas ruas?”
Sargento da PM: “sim”.
Sargento da PM: “sim. Normal”
Repórter: “Nas ruas?”
Sargento da PM: “sim”.
A afirmação do PM desmente a nota enviada pela Secretaria de Segurança
Pública, que disse que ‘o policial está fazendo serviço burocrático
enquanto é investigado por assassinato’.
O caso aconteceu no dia 31 de outubro de 2011, na Avenida Guajajaras.
Imagens mostram policiais arrastando uma pessoa baleada, que teria
reagido a uma ação policial. Eles jogam o homem numa viatura e um PM
ainda chuta o braço do baleado.
Na versão dos policiais, o pedreiro José de Ribamar Vieira Batista teria
colocado R$ 10 de combustível em um posto e saiu sem pagar. Após
perseguição, ele avançou com um facão sobre dois policiais que o
abordaram. Os PMs teriam agido em legítima defesa.
Mas as imagens feitas com um celular desmentiram a versão. Um dos
policiais atira contra o pedreiro, que nem desceu do carro. Foram cinco
tiros. O laudo do IML comprovou que os tiros foram de lado, de cima para
baixo – como se ele estivesse sentado ao ser baleado.
Dois policiais foram indiciados pelo crime, um deles, o então cabo
Joniel Ribeiro Farias, promovido a sargento, um ano após o crime. O
outro, o soldado Francisco Silva Lima, segue trabalhando no mesmo lugar
de antes: o 6° Batalhão da PM, no bairro Cidade Operária, em São Luís.
O soldado Silva Lima, como é conhecido, não foi encontrado para falar
sobre o assunto. E, apesar de estar de escala de trabalho, no GTM (Grupo
Tático Móvel) ninguém soube informar onde ele estava exatamente.
A Justiça teve a mesma dificuldade para encontrar o soldado. O tribunal
tentou intimá-lo durante seis meses e só conseguiu ouvi-lo depois que
intimou o comandante do Batalhão onde ele trabalha, pedindo para que ele
apresentasse o PM.
Segundo o Ministério Público, o soldado Silva Lima responde ainda a
outros dois processos criminais. Um deles por tortura, em que a vítima
chegou a ficar de cadeira de rodas. “O que a gente percebe na maioria
das vezes, é que os procedimentos administrativos, os próprios IPMs
(Inquéritos Policial Militar) são lentos, muitas das vezes corporativos e
isso dificulta o nosso trabalho”, afirmou o promotor de Justiça Cláudio
Cabral Marques, que reponde pelo Controle Externo da Atividade
Policial.
O Comando da Polícia Militar admitiu que os policiais estejam nas ruas.
“Não existe uma legislação que determine o afastamento dele. O que
existe é uma norma administrativa nossa de afastarmos quando no início
da apuração. Um está na rua, mas sendo acompanhado pelo oficial. O outro
foi transferido para o interior do Estado e se encontra numa viatura
administrativa, trabalhando com o comandante da Unidade”, explicou
Coronel Zanoni Porto.
Além disso, Silva Lima também se envolveu numa outra ação da polícia que
está sendo investigada. Desta vez, a denúncia vem de um casal, que diz
ter sido espancado por policiais, no fim do mês de junho, após a filha
caçula ter sido atropelada por uma motocicleta da polícia.
“Ele [soldado Silva Lima] tava na ocorrência e era o mais agressor”, garante o vigilante Reginildo Duran Soares.
Testemunhas que preferiram não ser identificadas, confirmam que houve
truculência e mais uma vez o nome do soldado aparece entre os supostos
agressores. “Silva Lima bateu no rosto dela, puxou o cabelo dela,
mandando algemar ela, e ele também apontou a arma. Tirou uma arma do
coldre dele lá, da cintura dele lá e apontou a arma pra gente, dizendo
que ia atirar na gente”, relatou. O caso foi registrado na Delegacia da
Mulher.
Enquanto os policiais continuam nas ruas, a família do pedreiro José de
Ribamar espera por justiça. “Meu filho morreu como se fosse um cachorro.
Não teve ajuda de ninguém, da lei, de policial, nem nada. Os próprios
‘policial’ foi que fizeram isso”, lamentou Luzia Batista, mãe do
pedreiro.
A viúva de José de Ribamar diz que o marido era um trabalhador. “Tudo
que eu quero é que eles paguem pelo que eles ‘fez’. Não traz meu marido
de volta. Mas vai ser um alívio pra mim, como mulher, poder respirar
melhor vendo eles atrás das grades. Pra eles ‘pagar’ por todo
sofrimento, cada sofrimento que eles fizeram meu esposo passar”, relatou
Luzia Batista.
Do G1 MA
Fonte Policial BR
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