GOIÁS ESTÁ ENTREGUE AO DESCASO E A INCOMPETÊNCIA DE UM GOVERNO VOLTADO PARA GASTAR MAIS EM PROPAGANDA DE QUE PARA SOLUCIONAR OS PROBLEMAS DO ESTADO.
Pesquisa do POPULAR de hoje.
Goiás foi 4º com mais homicídios
Dados do Mapa da Violência mostram piora no Estado em relação ao resto do País no caso de assassinatos
Galtiery Rodrigues
03 de julho de 2014 (quinta-feira)
Violência crescente em Goiás
Informações do Mapa da Violência 2014, divulgadas ontem, mostram que Goiás atingiu, em 2012, a quarta maior taxa de homicídios do país para cada grupo de 100 mil habitantes - 44,3 -, atrás apenas de Alagoas, Espírito Santo e Ceará. O Estado passou por um crescimento acelerado da violência em período relativamente curto. Em 2011, estava em 9º entre os Estados com maior taxa de homicídios. Treze anos antes, em 1998, tinha uma taxa de 13,4 para cada grupo de 100 mil habitantes, o que, na época, equivalia a 18ª maior do Brasil. O reflexo e o impacto, segundo especialistas, da falta de políticas preventivas e do processo de interiorização da violência se mostraram nítidos e o estado subiu tanto no ranking.
Ao analisar historicamente o período, o professor responsável pelo levantamento dos dados, o sociólogo e coordenador da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), Julio Jacobo Waiselfiz, avalia que Goiás foi influenciado por um contexto nacional e não, necessariamente, por questões restritas às divisas do Estado. “Nossas taxas de homicídios são consideradas epidêmicas”, expõe ele, referindo-se ao parâmetro da Organização Mundial de Saúde (OMS), que define os índices de homicídios acima de 10 para cada grupo de 100 mil habitantes como sinalizadores de uma epidemia. “E a característica de uma epidemia é se espalhar. Se você não faz nada para conter, ela se espalha facilmente. É uma tendência natural”, complementa.
Júlio explica que, até a metade da década de 1990, o pólo dinâmico da violência se concentrava em algumas poucas regiões metropolitanas, em especial do Sudeste brasileiro. De lá para cá, três fenômenos foram cruciais, segundo ele, para disseminar a criminalidade em outros locais do País e promover o espalhamento da epidemia. São eles: mudança do modelo econômico do Brasil, que começou a perder a característica centralizadora, a criação do primeiro Plano Nacional de Segurança Pública e do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP) e, por último, a maior eficiência e aparelhamento da polícia nas regiões mais desenvolvidas do País.
Esse combinado de fatores, conforme o sociólogo, gerou um contexto expulsivo e de deslocamento da marginalidade. Em 1998, os estados com as maiores taxas de homicídios eram Pernambuco, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Roraima e São Paulo. No comparativo do período até 2012, foram exatamente eles que registraram as maiores reduções das taxas, chegando a -62% e a -48,9% em São Paulo e Rio de Janeiro, respectivamente. Isso é reflexo, segundo Júlio Jacobo, das ações direcionadas e do foco da maior parte dos investimentos em segurança feitos pela União, que foram direcionados, na época, para estes locais. Ou seja: a diferença de atenção gerou vazios atrativos para a criminalidade nos demais estados.
ECONOMIA
Elemento que chama a atenção no ranking dos que possuem as maiores taxas de homicídio, em 2012, é o fato de que Goiás, mesmo despontando em cenário nacional, com crescimento econômico singular, continua brigando pelas piores posições com estados, cujo desenvolvimento econômico é baixo. Doutor em sociologia e professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Nildo Viana pontua que, apesar do avanço da economia goiana, a desigualdade e a má distribuição de renda continuam perceptíveis no Estado, o que inviabiliza a associação entre uma coisa e outra. “Se você pegar outros estados com menos desenvolvimento, mas com maior distribuição pode ser que isto esteja fazendo alguma diferença”, sugere.
Em Goiás, além de Goiânia ser uma cidade de extrema desigualdade, existem ainda, conforme Nildo, outros pólos de pobreza facilmente identificáveis e onde a criminalidade é alta, como o Entorno do Distrito Federal (DF) e alguns locais da região metropolitana. “A riqueza ainda está concentrada em uma parte pequena da população”, expõe. Na mesma linha de raciocínio, Júlio Jacobo argumenta que não é o crescimento econômico que baliza a violência. “São as barreiras sanitárias capazes de conter essa epidemia. Vai depender mais de uma série de ações locais do propriamente disso. É um reflexo da debilidade estrutural do próprio aparelho do Estado”, diz.
Fonte: Jornal O Popular
Nenhum comentário:
Postar um comentário