A POLÍTICA VIROU NEGOCIO DE FAMÍLIA E APADRINHADOS
Com discurso de mudança e renovação, as eleições para governador terão candidatos que levam para a disputa um rosto novo, mas um sobrenome que é velho conhecido dos eleitores do país.
São filhos de ministros, governadores, deputados e senadores que se preparam para concorrer pela primeira vez a uma vaga de governador.
Se eleitos, vão garantir a continuidade ou a volta ao poder de uma tradicional força política em seus estados.
“A democracia se faz com alternância, com renovação, com arejamento, com oxigenação. Por mais que algumas forças recalcitrantes da velha política não queiram, o novo sempre vem”, disse o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL), ao lançar a pré-candidatura de seu filho, no último dia 5.
Um dos mais jovens na disputa deste ano, o deputado Renan Filho (PMDB), 34 anos, é da terceira geração e nova aposta do clã, que entrou na política de Alagoas com seu avô, o major Olavo Calheiros.
Desde então, quatro dos oito filhos do patriarca se alternam em cargos de prefeitos e parlamentares. O primogênito Renan ocupa pela terceira vez a presidência do Senado.
Outro candidato no Congresso é o filho do ministro Edison Lobão (Minas e Energia), senador Lobão Filho (PMDB-MA), 49.
Edinho nasceu e viveu boa parte da juventude em Brasília. Foi lá que seu pai entrou na política – foi eleito deputado federal em 1978, pela Arena, partido que deu sustentação ao regime militar. Aliado da família Sarney, Edison Lobão também foi senador e governador (1991-1994).
“O povo quer uma mudança. E eu quero dizer a vocês, com toda tranquilidade: eu sou realmente e verdadeiramente essa mudança”, disse Edinho, durante evento na Assembleia Legislativa do Maranhão para lançar sua pré-candidatura.
Apesar do discurso, Edinho é o candidato que tem o apoio da atual governadora, Roseana Sarney (PMDB).
Como a maioria dos candidatos-herdeiros, Helder Barbalho, 34, começou na política do Pará como vereador, deputado estadual e prefeito. Agora, será o candidato do PMDB a governador, cargo já ocupado pelo pai, o senador Jader Barbalho (PMDB).
Além do sobrenome, Helder empresta do pai algumas de suas emissoras de rádio. Há mais de um ano, comanda o “Programa do Helder”, com várias críticas à gestão do governador Simão Jatene (PSDB).
Para alguns candidatos, ser filho de político não é garantia de ser lembrado. Após pesquisa mostrar que 40% dos eleitores da Paraíba não conheciam seu nome, o ex-prefeito de Campina Grande Veneziano Vital (PMDB) passou a percorrer o interior.
Filho do jurista e ex-deputado federal Antonio Vital do Rêgo e irmão do senador Vital do Rêgo Filho, Veneziano diz se orgulhar das raízes. “Só não gostaria do rótulo de cacique, porque soa pejorativamente”, pediu à reportagem.
No Tocantins, o ex-governador José Wilson Siqueira Campos (PSDB) renunciou no mês passado para abrir caminho para a candidatura do filho Eduardo (PTB), 55.
A família tem forte influência política desde 1988, quando Siqueira Campos se tornou o primeiro governador eleito do Tocantins após liderar o movimento pela emancipação do estado.
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