‘Formas de se expressar’
Um episódio do tipo ocorrido em agosto de 2011 em Kansas City – e que resultou em três jovens feridos a tiros – levou um grupo de acadêmicos do Consórcio Educacional da cidade a pesquisar o fenômeno.
Após entrevistar 50 dos adolescentes que participaram do episódio, em 2012, uma das conclusões foi a de que os jovens “estão buscando formas de se expressar enquanto se conectam com outros (pela internet)” – e que qualquer ação oficial para lidar com o fenômeno deve levar isso em conta.
“Os jovens se envolveram em ‘flash mobs’ para se expressar, chamar atenção, serem vistos e lembrados e se expressarem”, diz a pesquisa.
Além disso, afirmam os pesquisadores, esses jovens estão “entediados” – e sua interação no mundo digital, onde os “flash mobs” são organizados, é uma importante forma de diminuir o tédio.
Por isso, toques de recolher como os implementados nos EUA terão pouca eficácia se não forem combinados “com atividades alternativas, acessíveis e divertidas” e incentivos a “flash mobs do bem”, sem atitudes violentas.
Ao mesmo tempo, muitos desses jovens também lidam com limitações econômicas, moram em bairros violentos ou negligenciados e se queixaram que só foram parar no noticiário quando ocuparam espaços centrais de Kansas City.
Questões sociais
O debate americano tem se estendido também para questões raciais e sociais.
O New York Times destacou que a maioria dos jovens que participaram de um “flash mob” na Filadélfia em 2010 eram negros, de bairros pobres, e agiram em bairros predominantemente brancos.
Em contrapartida, críticos dizem que a polícia alvejou sobretudo jovens negros quando agiu para conter distúrbios.
A ONG Public Citizens for Children and Youth, de apoio à juventude da Filadélfia, levantou na época a possibilidade de episódios do tipo serem uma consequência no corte de verbas a programas sociais que mantinham os jovens ocupados após as aulas.
“Precisamos de mais empregos para os jovens, mas programas pós-aulas, mais apoio dos pais”, disse a ONG ao New York Times.
Articulistas também debatem – assim como no Brasil – o papel dos shopping centers em subúrbios dos EUA, alegando que faltam espaços públicos comunitários, e citam a desilusão geral dos jovens com outros tipos de engajamento político ou social.
“É um grupo de jovens que sente raiva e impotência, e tenta obter um senso de poder”, disse à CNN o psicólogo Jeff Gardere.
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