sábado, 28 de setembro de 2013

EX-JOGADOR FRANÇA NÃO LEMBRA QUE NASCEU EM CODÓ

  • "Eu voltei a fazer um esporte que eu gostava, que é musculação. Se você ver o meu corpo, não acredita. Está muito forte, definido. Não estou como um Cristiano Ronaldo, mas está bem definido. Acordo cedo, tenho alimentação balanceada com proteína, saladas e frango. Corro uma vez por semana."
França decidiu permanecer no Japão e hoje vive sozinho em Tóquio.  Conta que se apaixonou pelo modo de vida do país asiático e que não tem planos próximos de voltar ao país de origem. Sentiu-se muito melhor em uma sociedade com índices de violência baixos e que o respeito prevalece.
“Me apaixonei, me apaixonei mesmo. Não consegui deixar Tóquio . Eu gosto demais da segurança, de morar em um lugar em que ninguém usa armas. Existe educação no trânsito. É coisa de cinema”, falou.

A vida solitária em um lugar distante é, segundo o ex-jogador, um momento de descanso da carreira e de problemas particulares. Também serve como reflexão para como conduzir sua vida no futuro. Seus pais e irmão vivem em São Paulo, assim como a filha de dez anos, fruto de um casamento encerrado em 2004 (ele vem de duas a três vezes por ano ao Brasil para acompanhar a filha), que o deixou muito triste naquele momento.

“Estou fazendo coisas agora que não tive a chance de fazer antes. Com 17 anos, quando comecei no futebol, até os 34, 35 anos, não tive final de semana, tempo pra fazer aniversário e outros eventos sociais. São mais ou menos 18 anos jogando futebol direto. Estou fazendo essas coisas agora, ir pra clube, pra uma discoteca dançar... estou curtindo a minha vida agora, fazendo tudo que eu não fiz”, conta.

“Se eu ainda fosse casado, talvez estivesse mais acomodado. Ganhei mais liberdade de sair pra noite, conhecer pessoas, praticar meu inglês. Talvez casado eu ficasse dentro de casa e não teria conexões, conhecer as pessoas que conheço. Isso tudo ajudou a abrir mais aquele leque de conhecimento.”

França leva uma verdadeira vida de “bon vivant”. Usa parte do capital adquirido nos tempos de jogador para se divertir e aproveita para malhar e deixar seu corpo bem definido. Diz até que faz sucesso com as mulheres.

“Eu voltei a fazer um esporte que eu gostava, que é musculação. Se você olhar o meu corpo, não acredita. Está muito forte, definido. Não estou como um Cristiano Ronaldo, mas está bem definido.  Acordo cedo, tenho alimentação balanceada com proteína, saladas e frango. Corro uma vez por semana”, falou. “Essa musculação está me ajudando muito [a fazer sucesso na noite]. Mais fácil com o corpo do que com o rosto, né? A mulherada está gostando, só escuto elogio nas ruas.”

A vida de aposentado de França fez com que fizesse amizade com gente da alta sociedade. França diz ser amigo de milionários japoneses e também estrangeiros. Gente que conheceu mediante o círculo social que passou a frequentar.

“Conheci amigos bilionários, donos de prédios famosos no Japão. Saio pra jantar com eles. Aqui é muito fácil de se conhecer as pessoas. Conheci um americano trilhardário, a empresa dele mexe com cartões de crédito. Cada pessoa no mundo que usar cartão de crédito paga taxa pra ele. É o  Andy Khawaja. Sempre que vem pra cá, ele me liga pra sair”, falou o ex-são-paulino.

Conhecer essas pessoas faz com que França pense mais no lado “business” como uma alternativa para seu futuro. Conta que faz reuniões e observa como atuam os investidores em encontros para quem sabe um dia poder, quando sentir segurança, se aventurar no mundo das aplicações e investimentos.

“Estou tentando entrar no business, investir o dinheiro que ganhei. Tóquio é um mercado muito bom. É uma coisa bem diferente do que jogador que faz quando para. Mas não tem nada decidido, só essa vontade. É uma coisa que tem que ser muito bem estudada. Não posso perder dinheiro. Tenho que pensar muito bem. Mas tenho acompanhado meus amigos, feito reunidos e aprendido. Vamos ver, estou analisando tudo”, falou.

O perfil é diferente da maioria dos ex-jogadores, que querem se manter próximos do futebol. França descarta a hipótese. “Só tenho essa vontade de crescer em um outro lado. Sem isso de virar treinador, empresário”, falou.

França tem 37 anos, nasceu em Codó (MA) e foi revelado no Nacional do Amazonas, em 1993, onde marcou 12 gols. Depois disso, jogou no XV de Jaú, marcou 21 gols, ficou um ano no interior de São Paulo até chegar ao Tricolor Paulista no final de 1995.
Eles começam jogando no Brasil. Se destacam e ganham oportunidades de atuar fora do país. Depois, no fim da carreira voltam. Normalmente encerram no clube que os formou ou na cidade que nasceu. Mas Françoaldo Sena de Souza, o França, quarto maior artilheiro da história do São Paulo Futebol Clube, não só se aposentou em um time do Japão, como optou morar por lá, segundo ele, devido a segurança do local.
Ele terminou a carreira jogando pelo Yokohama FC, em 2011. Ficou seis anos no Japão. A maior parte de sua carreira na Ásia defendeu o Kashima Reysol. Fez 108 jogos e marcou 29 gols. Antes de chegar ao Japão, jogou na Alemanha, pelo Bayer Leverkusen. No país alemão ficou de 2002 a 2005. Fez 71 jogos e marcou 21 gols. Ao lado do atacante búlgaro Berbatov, levou o time alemão ao 3ª lugar da Bundesliga da temporada 2003/2004, sendo o líder de assistências, com 14.
Apesar de se destacar na Alemanha e Japão, França é conhecido no Brasil, principalmente pelos são-paulinos. No Tricolor Paulista ganhou destaque nacional e entrou para a história do clube ao se tornar o quarto maior artilheiro nesses 78 anos de vida da equipe do Morumbi, com 182 gols em 327 partidas. Está atrás de Serginho Chulapa (242 gols), Gino (233) e Teixeirinha (189 gols).
Venceu dois campeonatos paulistas, em 1998 e 2000, ambos como artilheiro com 12 e 18 gols, respectivamente. Também com o Tricolor em 2001, conquistou o Torneio Rio-São Paulo, novamente artilheiro, com seis gols. Ainda foi artilheiro da mesma competição em 2002, com 19 gols.
Pelo seu grande destaque o São Paulo, esteve presente em algumas convocações para a Seleção Brasileira, entre os anos de 2000 e 2002. Tinha grandes chances de ser convocado para a Copa do Mundo no Japão, mas sofreu uma grave lesão em uma partida contra o Corinthians pela semi-final da Copa do Brasil e ficou de fora.

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