Sua morte aconteceu depois de quase um mês preso nas dependências do Exército, quando suas forças não resistiram às brutais torturas que lhes eram aplicadas nas caladas da noite.
Depois de fotografado numa posição que simulava o suicídio, as autoridades militares que comandavam o quartel registraram o óbito em cartório e entregaram aos familiares o corpo pequeno e magro do jovem, todo marcado pelas nódoas dos choques elétricos, das surras e afogamentos, um dos olhos furados e até com unhas dos pés e das mãos arrancadas.
Ismael, que tinha no partido o nome de Olavo, foi um mártir goiano das lutas contra a Ditadura e pela redemocratização do país.
Ismael Silva de Jesus, apelidado de Olavo junto ao Partido Comunista Brasileiro, o PCB, ao qual era filiado, foi sequestrado de dentro de sua casa, mantido preso por quase um mês, sob tortura, nas dependências do antigo 10º Batalhão de Caçadores (10º), hoje 42º Batalhão de Infantaria Motorizada (42º BIMTz). Ismael tinha uma tarefa estratégia no PCB, partido que vivia na clandestinidade, desde que fora extinto pela Ditadura Militar implantada no país desde 1964.
Era Ismael/Olavo quem, apesar de tão jovem, se responsabilizava por guardar livros do partido e de emprestá-los aos demais “camaradas” (tratamento usado entre os companheiros comunistas), já que a leitura, para compreensão da conjuntura política, era uma exigência aos militantes.
Ele conhecia muita gente e por isso mesmo foi mais torturado que os demais companheiros. Sofreu até o limite de suas forças físicas, entregado a própria vida para não “entregar” os companheiros.
Nesta sexta, 41 anos passados da morte de Ismael/Olavo, para ressaltar a importância das conquistas democráticas, que tantas vidas custou, ativistas das lutas pela verdade, memória e justiça vão se reunir na frente do Monumento aos Mortos e Desaparecidos, na confluência da Rua 26 com a Av. Assis Chateaubriand, no Centro de Goiânia, das 17h30 às 18h30, quando vão segurar cruzes que representam os 15 mortos e desaparecidos políticos de Goiás, abrir uma faixa alusiva e distribuir panfleto aos transeuntes.
Fonte: Comitê Goiano da Verdade, Memória e Justiça
Nenhum comentário:
Postar um comentário