terça-feira, 31 de maio de 2016

Mesmo com pena de morte, uso de drogas na Indonésia cresceu 45% em 2015

As penas de morte, método adotado pelo governo da Indonésia para conter o tráfico de drogas e diminuir o uso de entorpecentes no país, não surtiu o efeito esperado pelo presidente Joko Widodo em 2015 – que se elegeu com a promessa de que acabaria com o tráfico mediante pena fatal a traficantes.
A Indonésia, é uma grande festa: cheia de turistas, praia paradisíacas, gente louca e, claro, drogas. A festa não acaba nem quando um traficante é condenado à pena de morte. Sim, na Indonésia tráfico de drogas resulta em pena de morte, como recentemente vimos pela história de Marcos Archer.
O tráfico de qualquer substância ilegal é baseado num princípio simples da economia: oferta e demanda. Não existiriam drogas se as pessoas não estivessem dispostas a pagar por elas. Enquanto houver demanda, haverá oferta. E o princípio econômico dita que se há mais demanda que oferta, os preços sobem. A Indonésia, e qualquer outro país cujas leis sejam tão severas para traficantes, apenas aumentam o preço da droga, tornando assim o tráfico mais lucrativo quando dá certo.
E quanto mais lucrativo é o tráfico, mais gente estará disposta a correr o risco. E, claro, quanto mais lucro, mais os líderes do tráfico vão se esforçar para levar drogas para este país. Ou você acha que a mula que carrega as drogas pra dentro do país é um líder? Marcos Archer se foi, mas existem muitos outros dispostos a tomar seu lugar.

Mas a proibição não reduz a demanda?

Não.
Basta lembrar da proibição ao álcool nos Estados Unidos. O que a proibição ao álcool fez foi apenas aumentar os preços da bebida, reduzir sua qualidade (tornando a bebida ainda pior para a saúde) e, claro, forneceu o lucro necessário para tornar a máfia uma potência capaz de rivalizar com o Estado. Qualquer semelhança com a política de proibição às drogas e os carteis do narcotráfico não é mera coincidência. Se os narcotraficantes são responsáveis por muitos crimes, não há outro culpado pela sua criação se não a proibição à produção, comércio e consumo de drogas.
A proibição não reduz a demanda, mas reduz a oferta e aumenta o custo do produto. O custo de produção e comercialização aumenta graças a subornos, gente presa/morta, custos logísticos, etc. Este aumento de custos é repassado ao consumidor, mas não só o custo: quanto mais arriscado é algo, mais é preciso se ter lucro para valer a pena. E se algo dá mais lucro aos traficantes, mais atrativo torna-se entrar no negócio. Por isso quando se prende um chefão outro toma seu lugar. A guerra contra drogas é a guerra mais idiota, porque é impossível vencê-la. Sempre haverá alguém tentando vender este produto altamente lucrativo (e livre de impostos).Uma punição tão rígida contra o tráfico talvez leve muita gente a pensar que, pelo menos na Indonésia, os jovens estão livres das drogas. Não é verdade.A Indonésia tem tantos problemas de drogas quanto o Brasil – e até piores. Se por aqui há ruas cheias de craqueiros, por lá o problema é o putaw, uma prima pobre da heroína. É comum os jovens a consumirem sobre o teto dos trens superlotados de Jacarta. A dose sair por R$ 12.

Nenhum comentário:

Postar um comentário