Uma das vítimas baleadas dentro da viatura da polícia, na noite de quarta-feira, na altura do Jacaré, na Zona Norte do Rio, Daniella do Nascimento Rodrigues, de 21 anos, conta que estava no veículo com a amiga Marina Chaves Correa Matoso Rangel, de 18, para registrar um roubo, na Cidade da Polícia, quando viu uma luz branca e ouviu tiros.
— Logo abaixei e comecei a gritar, desesperada. Quando a Marina falou que tinham acertado a sua cabeça, o carro se encheu de sangue. Foi aí que percebi que meus dedos também estavam feridos. Gritamos muito e pedimos para o policias andarem mais rápido. Os PMs não revidaram. Foi muito perigoso, ainda estou perdida — conta Daniella, que foi liberada do Hospital Geral de Bonsucesso nesta quinta-feira.
Daniella quebrou dois dedos. Já Marina continua em observação na unidade, de acordo com o Hospital Geral de Bonsucesso, porque levou um tiro de raspão na cabeça, estilhaços no dedo e um tiro na nádega.
Segundo Daniella, as duas estavam andando pela Rua Barão de São Francisco, em frente ao Shopping Iguatemi, no Andaraí, por volta das 23h, quando foram abordadas por quatro bandidos. Eles levaram os dois celulares e fugiram. Mais à frente, as jovens encontraram uma patrulha da polícia e foram atrás dos criminosos. Na altura do Grajaú, avistaram dois dos assaltantes.
— Os policiais colocaram os dois em outra viatura e, quando estávamos saindo para a Cidade da Polícia, um deles abriu a porta da viatura e fugiu. Os PMs tentaram correr atrás dele, mas não conseguiram pegar. Só depois que ele fugiu colocaram a algema no outro. Não dá pra acreditar em nada do que aconteceu ontem — afirma Daniella.
Ela prestou depoimento no próprio hospital.
O pai de Marina, Hélio Rangel, de 42 anos, acordou nesta quinta com uma mensagem da mãe da menina avisando o que tinha acontecido com a sua filha. Ele correu para o hospital:
— Aparantemente, ela está bem. A questão é o trauma. Minha filha tomou três tiros. Por mais tranquila que a pessoa seja, não dá para ficar calmo numa situação dessas. Foi a mão de Deus que a salvou. Se ela virasse a cabeça um pouco para o lado, não estaria viva agora.
Na última segunda-feira, a Polícia Civil inaugurou a Central de Garantias, na Cidade da Polícia, no Jacaré, para registrar os flagrantes ocorridos de madrugada nas regiões das 17ª (São Cristóvão), 19ª (Tijuca), 21ª (Bonsucesso), 22ª (Penha) e 39ª DP (Pavuna). Sobre a nova regra, Hélio afirma que a decisão deve ser repensada:
— Não se pode expor um cidadão comum dessa maneira. Depois do que aconteceu, deveriam repensar. Não tenho palavras para descrever a violência da cidade. Você sai de casa e não sabe se volta. Na verdade, nem dentro de casa está seguro — lamenta o analista de dados.
A Polícia Civil fará uma coletiva de imprensa, às 14h desta quinta-feira, na Cidade da Polícia, para explicar a situação.
De acordo com informações do 6º BPM (Tijuca), policiais militares estavam em patrulhamento pelo Grajaú quando foram abordados por duas mulheres que tinham sido roubadas. Segundo a PM, os agentes realizaram buscas pela região e conseguiram deter um suspeito. Em seguida, durante o trajeto das partes envolvidas para a Cidade da Polícia para registrar a ocorrência, a viatura foi atingida por tiros na altura da comunidade do Jacaré. A ocorrência foi registrada na Central de Garantias Norte.
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