Entre os dias 29 de março e 4 de abril, entrevistamos mais de 430 leitores que acompanham o nosso trabalho pelo Democratize. O objetivo era entender qual o posicionamento desses seguidores sobre a atual crise política que o governo federal enfrenta, com a possibilidade de impeachment cada vez mais próxima.
Três opções foram dadas: o impeachment da presidenta; novas eleições gerais para todos os cargos e a continuidade de seu governo.
Veja o resultado abaixo:
Para 67,2% dos nossos leitores a melhor opção para o atual momento é darcontinuidade ao governo Dilma Rousseff, anulando as demais opções. Em segundo lugar ficou a possibilidade de novas eleições gerais, anulando o mandato do atual governo e também de todo o Congresso, com 27% dos leitores apoiando essa decisão. O impeachment ficou em último lugar entre os nossos seguidores, com apenas 2,1%, atrás ainda de “Outras” sugestões enviadas para a pesquisa, com 3,7% — entre elas, diversas pautas foram levantadas como a realização de uma assembleia constituinte popular.
Outra pergunta que foi levantada na pesquisa foi sobre a renda mensal bruta de cada leitor que respondeu o questionário.
Veja abaixo:
As respostas seguem um padrão já analisado em outras pesquisas feitas por veículos de comunicação: as classes C e D seguem excluídas do debate político nacional.
Cerca de 36,8% responderam ter até R$3 mil por mês de renda bruta mensal, seguido de 30,1% com até R$8 mil.
Em terceiro lugar ficou quem tem renda bruta de até R$1.000,00 por mês, com 22,7% — levando em conta que boa parte dos nossos leitores são estudantes, estagiários em Comunicação Social, o que não implica necessariamente esse grupo nas classes C ou D.
Finalizando, possuem renda mensal maior que R$12 mil cerca de 6,7% dos leitores que participaram do questionário, terminando com 3,7% com até R$12 mil.
Ainda pautando sobre a exclusão de setores sociais da discussão política atual, também retratamos a questão de regiões do Brasil, como podemos ver abaixo:
Durante o questionário, cerca de 69,2% dos que responderam moram na região Sudeste do Brasil, na frente de 14,4% que residem nos estados ao Sul.
Uma das regiões com maior taxa de crescimento durante o governo petista, a região Nordeste contou com apenas 10% participando do questionário, conseguindo superar o Centro-Oeste com 4,9% e o Norte, com apenas 1,6%.
Isso mostra claramente como os brasileiros que residem nas áreas mais afastadas dos grandes centros também fazem parte do “grupo de exclusão” da discussão política. O Norte, que abrange a maior área territorial do país, segue sendo excluída desse debate, junto com o Centro-Oeste e o Nordeste, focalizando toda a discussão nas regiões do Sudeste e Sul, principalmente nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
Terminando a pesquisa, questionamos sobre qual foi o maior erro do governo Dilma Rousseff durante esses 6 anos. Anteriormente, já havíamos publicado as pesquisas individuais nesse segmento, separando os pró-continuidade com aqueles que defendem outras alternativas que acabariam implicando na saída de Dilma Rousseff do cargo. Veja o gráfico:
O ajuste fiscal e a política econômica de Dilma Rousseff segue sendo sua característica mais criticada por ambos os setores da sociedade, com 50%. Logo em seguida, com 19%, os nossos leitores apontaram “Outros” erros que teriam sido cometidos pelo governo Dilma, como a questão indígena, a política de governabilidade através de alianças com partidos corruptos, e até mesmo a falta de políticas afirmativas com minorias.
A corrupção foi citada por apenas 9% dos entrevistados, sendo que trata-se da questão mais polêmica e que pode acabar tirando a presidenta de seu cargo nos próximos dias.
Já para 8,8% dos entrevistados, a questão mais problemática foi não ter dado continuidade aos programas sociais herdados do governo Lula, como uma possível ampliação do Bolsa Família, ou do Minha Casa Minha Vida.
Por outro lado, 8,6% reclamam da quantidade elevada de impostos pagos, seguindo ainda a polêmica sobre o possível retorno da CPMF. Apenas 4,6%afirmam que o governo petista não cometeu absolutamente nenhum erronos últimos 6 anos — o que os caracteriza como um pequeno núcleo petista de fato entre os nossos seguidores.
Mas, o que podemos tirar disso?
Inicialmente, ficou registrado que o debate político sobre a questão do impeachment é completamente “generalizado” — ou seja: se ouve muito setores específicos da sociedade, excluindo as classes mais marginalizadas na periferia e em locais afastados das grandes cidades.
Isso já foi comprovado com pesquisas feitas por outros meios de comunicação, revelando que mesmo em protestos contra o impeachment, a predominância de setores acima da classe média nessas manifestações é tão grande quanto nos protestos a favor do impeachment.
Além disso, outro ponto necessário que podemos refletir sobre a pesquisa é que mesmo quase 70% dos entrevistados defendendo a continuidade do governo Dilma Rousseff, não implica necessariamente em uma “defesa cega”. O ajuste fiscal é muito criticado, sendo seguido de outras pautas progressistas e em favor de minorias.
Nota-se também um crescimento significativo daqueles que defendem a realização de novas eleições gerais, mostrando a insatisfação dos nossos leitores com o governo petista — mas também a falta de confiança desse grupo com a oposição liderada pelo PSDB e pelo PMDB, além dos movimentos de rua como o MBL, de Kim Kataguiri.
Nenhum comentário:
Postar um comentário