
Lima, como gosta de ser chamado, trabalha na obra de um salão de festas de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h. Além disso, faz bicos como pedreiro, carpinteiro, encanador e eletricista. “Hoje meu padrão de vida é melhor, mas ainda falta muito trabalho, gostaria de ter mais serviço para conseguir pagar as contas com o meu próprio suor’’, afirmou.
Antes de amputar as pernas, o pedreiro contou que fumava três maços de cigarro por dia. Aos 42 anos, já sofria com fortes dores, tinha problemas de circulação e dificuldade para andar. Segundo o mestre de obras, os médicos alertaram que a situação estava grave, mas ele achava que nada aconteceria.
Após procurar tratamento na cidade de Mirassol, Lima ficou internado e precisou amputar a perna esquerda. “Fiquei 15 dias na UTI [Unidade de Terapia Intensiva] e 30 dias depois amputei a outra em Araraquara. Fiquei debilitado e tomei morfina por três meses para aguentar a dor. Cheguei a ficar viciado”, relembrou.
Mais problemas
Em oito meses, Lima relatou que viu sua vida mudar drasticamente. Após perder as pernas, foi abandonado pela mulher e pouco depois sofreu um AVC. Em meio à recuperação, os médicos indicaram um acompanhamento psicológico, mas o mestre de obras não achou necessário. “O meu tratamento foi a minha família, o apoio e a força que os meus filhos me deram”.
Aos poucos, Lima foi se adaptando. Ele, que também é marceneiro, passou a produzir móveis e logo recebeu a visita de um engenheiro, que lhe propôs trabalho na obra da antiga cadeia pública de Araraquara, atualmente o Centro de Reabilitação. Desde então, não parou mais de trabalhar e não aceita ser chamado de incapaz.
“Acho que incapaz é quem não consegue trabalhar e graças a Deus eu consigo. Muitas vezes olham com desconfiança e aí tenho que provar que consigo fazer o que sei”, relatou ele, que recebe um salário mínimo de aposentadoria e mantém a atividade para complementar a renda e sustentar os filhos, um de 20 anos, outro de 24 e uma mulher de 27.
Deficiência
Lima disse que não se sente uma pessoa deficiente. Ele não utiliza cadeira de rodas e consegue fazer quase tudo sem dificuldade. O pedreiro chegou a adaptar um carro para conseguir se locomover e não depender de ninguém. Recentemente, conseguiu comprar um veículo automático.
Animado, ele namora e faz planos para se casar em breve, assim que acabar de construir a casa. Lima também frequenta a igreja evangélica e disse que a força para continuar sua missão vem de Deus.
“É tudo para mim, não vou a lugar nenhum sem Ele. Quem passa por momentos complicados tem que olhar para cima e pedir porque é de lá que vem o socorro”, disse o mestre de obras, que nas horas vagas gosta de se reunir com a família e os amigos em churrascos para colocar o papo em dia.
Entrevista e fotos do portal G1
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