terça-feira, 10 de novembro de 2015

Promotor atira em desempregado e o disparo não aparece no boletim de ocorrência



Axel Barbosa, de 22 anos, saiu de Serrana (SP) para ir a Ribeirão Preto. Ele havia passado na entrevista e faria o exame de admissão para trabalhar como repositor em um supermercado da cidade. Como estava com fome e sem dinheiro, ele pediu ajuda para uma mulher que saía de uma academia.Um promotor de Justiça atirou dentro de um bar em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, enquanto perseguia um rapaz que pedia dinheiro na rua. Um boletim de ocorrência foi registrado, mas o tiro disparado por Aroldo Costa Filho não é mencionado e o caso foi arquivado em janeiro deste ano. A vítima contou detalhes do ocorrido para a Rede Record.

— Eu perguntei se ela podia pagar alguma coisa para eu comer. Ela disse que só tinha R$ 4 e perguntou “serve? ”. Eu disse que sim e muito obrigada para ela.
A mulher, Fabiana Barbaça, disse que se assustou com a abordagem e avisou outros alunos da academia sobre o que estava acontecendo. O promotor, que é pai de um dos donos da academia, teria ouvido a conversa e começado a perseguir Barbosa.
Costa Filho encontrou o rapaz em um bar a cerca de 2 km de distância da academia, onde o jovem decidiu gastar os R$ 4 que recebeu de Fabiana. Segundo Barbosa, ele comprou um pastel e um refrigerante, mas não teve tempo de comer.
— Ele apontou a arma para mim e disse para eu levantar.
O jovem contou à Rede Record que foi enquadrado na parede antes de a arma do promotor disparar. De acordo com uma testemunha, o tiro assustou os frequentadores do bar. O promotor estaria muito nervoso e teria dito que Barbosa havia cometido um roubo. O jovem ficou preso por dois dias e nunca mais conseguiu emprego.

O primeiro delegado se recusou a registrar o caso porque o achou inconsistente. Porém, um segundo delegado assinou o boletim de ocorrência, mas não citou o tiro.
O promotor tem fama de xerife em Ribeirão Preto. Segundo a apuração do jornalismo da Rede Record, policiais civis e militares que deveriam ser fiscalizados pelo promotor se reportam a ele com frequência. O promotor foi procurado pela reportagem, mas não respondeu ao contato.

Nenhum comentário:

Postar um comentário