A Polícia Civil do Distrito Federal prendeu nove homens e apreendeu dois adolescentes envolvidos em diversos crimes que têm relação com a morte de um policial militar, ocorrida em Sobradinho, em abril último. O sargento foi morto com um tiro na cabeça durante uma tentativa de assalto na porta da casa dele.
Segundo a polícia, dois dos três envolvidos na tentativa de roubo foram presos. O delegado-chefe da Divisão de Repressão a Roubos e Furtos (DRF), Fernando César Costa, afirma que a dupla detida já tem passagem por envolvimento na morte de outro policial militar.
"Ao longo de toda a operação foram presos vários indivíduos que tiveram alguma relação com o crime, seja com o roubo de veículo, seja na utilização desse veículo para a prática de outros crimes. Ele chegou a ser locado para vários grupos de criminosos para cometer crimes de roubos e até utilizados por internos do Centro de Progressão Prisional que estavam no gozo de prisão em regime semiaberto", disse o delegado.
A operação que culminou com a prisão dos suspeitos recebeu o nome de "Hárpia" e envolveu oito policiais que trabalharam durante 60 dias seguidos. A maior parte dos presos já tinha passagem e cumpria pena em regime semiaberto ou aberto.
"O sistema judicial brasileiro hoje, o sistema criminal, vive uma crise sem precedentes. Aqui no Brasil, a punição, o recolhimento e o encarceramento não são regra. Estamos vendo aí a maioria desses criminosos todos gozando de algum benefício judicial ou seja não adianta a pena no código estar estipulada", diz.
"Os benefícios permitem que esses criminosos voltem às ruas. Não há a certeza de punição, pelo contrário, há a certeza de que vão permanecer cometendo crimes impunemente."
Uma terceira pessoa participou da tentativa de roubo que terminou com a morte do sargento, mas não foi identificada até o momento pela polícia. O carro usado pelos suspeitos foi incendiado por um homem, a mando do trio envolvido no assalto.
O rapaz que ateou fogo no veículo também foi preso. A decisão de queimar o automóvel ocorreu depois da divulgação de imagens de uma câmera de segurança mostrando a chegada dos ladrões ao local do crime.
Segundo Costa, o carro também era roubado. Ele havia sido levado em uma ação envolvendo um homem e um adolescente. Os dois também foram detidos. O maior de idade cumpria prisão domiciliar por roubo. A ficha criminal dele inclui também sequestro-relâmpago, segundo a polícia.
O delegado diz que o homem "responsável" pelo automóvel costumava "alugá-lo" para a prática de crimes e pedia parte do produto do assalto, como uma espécie de "tributo" ou "participação nos lucros".
Dois dos "clientes" do suspeito haviam alugado o veículo para praticar um assalto uma semana antes da morte do PM em Sobradinho. A polícia também conseguiu prendê-los.
Os outros quatro detidos fazem parte da "gangue do triunfo", de Planaltina. Um adolescente que pertencia ao grupo foi capturado com a arma do PM, que foi roubada durante a tentativa de assalto, em abril.
Morte do policial
O 1º sargento do Batalhão Escolar da PM Antônio Marcos de Araújo, de 46 anos, foi morto quando chegava em casa, na tarde de 20 de abril deste ano. O trio disparou quatro vezes contra o policial e os familiares dele.
Segundo a Polícia Civil, os suspeitos viram o portão da casa aberto e acharam que seria fácil roubar o carro que estava na garagem. A mulher do PM, que foi baleada no abdome e na perna, a cunhada dele, atingida no joelho, e a filha, de 8 anos, estavam no local.
"Mesmo com as vítimas rendidas houve a ameaça de um dos criminosos de levar consigo, restringir a liberdade, levando com eles durante a fuga a filha desse policial militar, o que fez com que a mãe da menina acabasse reagindo a essa ação que culminou com essa série de disparos."
Segundo o delegado Fernando César Costa, os suspeitos chegaram a apontar a arma contra a cabeça da cunhada do PM. As vítimas sobreviventes chegaram a reconhecer os suspeitos na delegacia.
Um deles foi preso em Arinos, em Minas Gerais. Costa diz que o rapaz foi para lá a fim de roubar chácaras. No momento em que foi visto pelos policiais, ele reagiu e acabou baleado de raspão no joelho.
“Já sabíamos o grau de periculosidade que ele apresentava. Quando foi abordado, esboçou reação, e houve disparo de um policial da DRF, de conteção, na perna. Ele foi preso e levado a um hospital”.
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