O jornal O Globo, da família Marinho, inicia, nesta quarta-feira, a
construção de um novo personagem: a Dilma Rouseff bolivariana, que
adotaria métodos chavistas de confronto e intimidação na sua relação com
o setor privado.
Na manchete do jornal, informa-se, a partir de depoimentos de fontes
anônimas (em off, no jargão jornalístico), que os bancos farão análises
mais conservadoras sobre a economia brasileira, temendo represálias do
governo federal.
É mais uma fraude jornalística. Os bancos continuarão fazendo as mesmas
análises de antes. Uns vão acertar suas previsões, favorecendo seus
clientes, outros errarão feito, atingindo sua própria credibilidade.
Já houve exemplos no Brasil, por exemplo, de bancos como o Credit Suisse
que previram queda de 5% do PIB em anos de estabilidade econômica. Nos
tempos atuais, as análises de Ilan Goldfajn, economista do Itaú
Unibanco, são ainda mais ácidas do que as do Santander, e nada indica
que isso mudará ou que o governo federal pretenda fazer qualquer coisa a
respeito.
Qual foi, então, o erro do Santander? Basicamente, a distribuição aos
clientes pessoas físicas, nos seus extratos, de uma análise pessoal de
uma analista. Análise esta que, como disse o presidente mundial do
banco, Emilio Botín, não refletia a posição da instituição e, portanto,
não poderia ser enviada aos clientes, que, por acaso, são também
eleitores e votarão nas eleições de outubro. Dizer a um poupador que a
reeleição de Dilma poderia afetar suas economia é algo, segundo Botín,
que fere as regras de conduta do próprio banco.
O dono do Santander foi ainda mais claro quando disse que ela foi
demitida "porque fez coisa errada". Ou seja, a única represália do caso
partiu do próprio comando do Santander, que, antes mesmo da demissão,
estampou um gigantesco pedido de desculpas aos clientes (e não ao
governo), na home page de seu site.
No entanto, o jornal O Globo constrói a tese de que uma Dilma chavista
estaria emergindo, disposta a enfrentar e a confrontar o setor privado.
Na mesma reportagem, o jornal também a compara à presidente argentina
Cristina Kirchner, que censuraria a divulgação de dados de inflação.
Não foi por acaso. A imagem de um setor privado amedrontado e apavorado
diante de um governo intimidador é o novo mito a ser criado até as
eleições de outubro.
No blog contextolivre
Nenhum comentário:
Postar um comentário