Você conhece a história. Em novembro de 2013, 445 quilos de pasta base
de cocaína foram apreendidos numa fazenda de Afonso Cláudio, no Espírito
Santo.
A droga fora transportada num helicóptero da família Perrella, de Minas
Gerais. Em menos dois meses, Zezé e Gustavo Perrella — pai e filho
amigos e aliados de Aécio Neves — foram isentados de responsabilidade
sobre o crime, segundo um delegado da Polícia Federal bastante
apressado. Em seis, todas as pessoas autuadas em flagrante foram
inocentadas.
O DCM contou as impricações do escândalo em uma série de reportagens que
batizamos de “O Helicóptero de 50 milhões de reais”. As matérias foram
financiadas por nossos leitores num esquema de crowdfinding com a
plataforma Catarse.
O experiente jornalista Joaquim de Carvalho realizou um trabalho
notável. Conversou com juízes, advogados, promotores, políticos etc.
Revelou que, na rota do chamado Helicoca (o apelido carinhoso que o
processo ganhou na Justiça), houve uma parada num hotel fazendo em
Jarinu, interior de São Paulo. Parte da carga pesada teria ficado ali. A
polícia não deu prosseguimento à investigação.
Entrevistou o piloto da aeronave, Alexandre José de Oliveira Júnior, que
trocou mensagens de celular, no dia da ocorrência, com Gustavo
Perrella. Num encontro tenso, Alexandre contou que fora contratado para
trazer “eletrônicos e medicamentos veterinários do Paraguai”. Para ele,
“era contrabando de mercadorias, não tráfico de drogas”.
Em Minas, JC visitou a fazenda dos Perrellas. Antecipamos, com
exclusividade, que o Ministério Público do Estado denunciou o deputado
federal Gustavo Perrella por uso indevido de verbas da Assembleia
Legislativa.
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