sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

ADVOGADO ACUSA DEMÓSTENES TORRES DE AMEAÇÁ-LO DE MORTE

Destituído da defesa do procurador de Justiça Demóstenes Torres em processo administrativo disciplinar que corre no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), o advogado Neilton Cruvinel Filho registrou no mês passado boletim de ocorrência na 4ª Delegacia de Polícia de Goiânia, em que acusa o ex-senador de ameaçá-lo de morte.

Na denúncia, registrada no dia 19 de dezembro, são arrolados como testemunhas os empresários Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e Maurício Sampaio. Segundo Neilton, ambos estavam presentes no apartamento de Demóstenes, no Setor Oeste, quando o ex-senador fez ataques verbais e tentou agredi-lo fisicamente.
No boletim de ocorrência, Neilton afirma que “não tinha como deixar de relatar a ameaça (à Polícia Civil) porque sabe que ela é real e que Demóstenes planeja atentar contra sua vida”.
De acordo com o advogado, os desentendimentos com o ex-senador começaram depois que este desistiu de atuar em parceria com ele em um escritório de advocacia, a partir deste mês, quando poderia se aposentar proporcionalmente do cargo de procurador.
“Demóstenes passou a agir de forma dissimulada, visando prejudicar as relações do noticiante (Neilton) com as pessoas que eram conhecidos de ambos”, relata o documento. De acordo com o advogado, Demóstenes tentou criar intrigas entre ele e Maurício Sampaio, que é seu cliente e sócio.
Ambos eram donos da Rádio 730 e do jornal A Rede até o final do ano passado. Havia inclusive especulações de que Demóstenes também tinha participação no negócio pela proximidade com os dois e porque parte da equipe era composta por ex-assessores do ex-senador.
Segundo o advogado, Demóstenes se aproveitou de um “desentendimento financeiro” entre ele e Maurício Sampaio – não há mais detalhes sobre a história – para “fomentar a discórdia”. A Neilton Demóstenes teria dito, segundo a versão do advogado, que Sampaio estava insatisfeito com o acordo e queria matá-lo. Já a Sampaio, o ex-senador teria afirmado que Neilton se sentia prejudicado e estava disposto a dar um “tapa na cara” do sócio.
À polícia, Neilton mostrou os registros das ligações de Demóstenes em seu celular para provar que ele o chamou para reunião no seu apartamento em 13 de dezembro. Segundo o advogado, ele foi surpreendido com Cachoeira e Sampaio no local. Ele sugere ainda que uma porta da sala estava aberta permitindo que outra pessoa pudesse escutar a conversa.
Demóstenes teria xingado seu ex-defensor e afirmado que ele espalhou a informação de que o escritório de advocacia que ambos pretendiam montar seria também de Cachoeira.
Neilton relata que negou a acusação, afirmando que isso também o prejudicaria. Segundo ele, Cachoeira se recusou a estender o braço para cumprimentá-lo na reunião, diferentemente de Sampaio. Ainda de acordo com o advogado, Demóstenes tentou agredi-lo e foi contido pelos outros dois presentes.
Neilton afirma que Demóstenes continuou xingando-o “aos berros e de todos os nomes possíveis”. Segundo ele, Cachoeira levantou-se abruptamente e foi embora sem falar nada. Neilton diz que pediu ajuda de Sampaio para sair do apartamento sem ser agredido. De acordo com a denúncia, Demóstenes foi até o elevador e afirmou que “ele tinha se metido numa encrenca enorme e que iria matá-lo, que iria degolá-lo, que iria acabar com sua vida”.
Neilton e Maurício teriam descido juntos e conversado no caminho para casa (a pé), quando teriam “encerrado o assunto”, lembrando que são “amigos, compadres” e que um desentendimento financeiro não poderia levar ao rompimento.
Na quarta-feira, Demóstenes e Cachoeira, além de Cláudio Abreu, ex-diretor da empresa Delta, viraram réus em ação criminal recebida pelo Tribunal de Justiça do Estado (TJ-GO), proposta pelo Ministério Público. O ex-senador, que foi cassado por conta das evidências de ligação com Cachoeira, é acusado por oito crimes de corrupção passiva e por advocacia administrativa. Cachoeira já foi condenado a 39 anos de prisão e é acusado de chefiar a organização criminosa denunciada na Operação Monte Carlo.
O advogado de Demóstenes, Pedro Paulo Medeiros, que assumiu a também a defesa no processo administrativo do CNMP, disse ontem que o ex-senador nega que tenha feito ameaça de morte ou tentado agredi-lo.
Ele afirma que conversou pessoalmente com Neilton, mas apenas para comunicá-lo da destituição no processo e que houve uma discussão porque o advogado ficou “inconformado”. Ele também nega que tenha recebido Cachoeira e Maurício junto com Neilton em seu apartamento.
De acordo com Pedro Paulo, Demóstenes não tinha conhecimento do registro do boletim de ocorrência.

Neilton não foi encontrado pela reportagem. À Agência Estado, Cachoeira negou participação na conversa.
Fonte: O Popular

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