domingo, 28 de julho de 2013

CALDAS NOVAS: FUNCIONÁRIOS DA PREFEITURA DEVE FICAR EM ALERTA COM IPASGO

Servidores municipais de Caldas Novas poderão ter acesso aos benefícios garantidos pelo Ipasgo. A prefeitura municipal busca a efetivação de convênio com o Instituto de Assistência dos Servidores Públicos do Estado de Goiás. Na última terça-feira, 23 de julho, o prefeito Evandro Magal (PP) participou de reunião em Goiânia com a diretoria do Ipasgo.

De acordo com o chefe do executivo, caso a parceria seja de fato efetivada, os servidores optarão por se filiarem ao Ipasgo. “Estamos trabalhando para colocar mais este benefício à disposição dos nossos servidores municipais. Porque nós entendemos a importância de um plano de saúde. Mas ninguém será obrigado a firmar o convênio, se não estiver interessado”, disse o prefeito Evandro Magal.

Os funcionários públicos poderão indicar como dependentes os filhos menores de 18 anos, e filhos maiores que estejam matriculados em curso de graduação de nível superior. Outros entes familiares também poderão ser dependentes, porém será cobrada uma taxa específica.

Os servidores que aderirem ao plano terão de contribuir para terem acesso aos benefícios oferecidos. Para o plano básico será descontado 12,08% do salário do servidor, para o plano especial o desconto é de 18,48%.

A proposta de convênio apresentada pelo Ipasgo será analisada pelo prefeito Evandro Magal. O executivo irá estudar a viabilidade do convênio, uma vez que outras prefeituras municipais, como a do município de Aparecida de Goiânia, por exemplo, já realizaram esse tipo de parceria.

“A prefeitura municipal tem uma preocupação grande com os nossos colaboradores. Vamos reunir o secretariado e estudar a possibilidade de trazer essa possibilidade para os servidores que estiverem interessados em aderir ao plano do Ipasgo”, salientou o prefeito de Caldas Novas, Evandro Magal.
Ipasgo registra mais de 130 reclamações por mês, sendo a principal delas a dificuldade em agendar consultas
 
Era noite de terça-feira quando a funcionária pública Sandra Maria de Oliveira, 43 anos, notou que a filha de 7 anos necessitava de cuidados médicos. Usuária do Instituto de Assistência ao Servidor Público do Estado de Goiás (Ipasgo), ela colocou o cartão do plano de saúde na bolsa e foi direto para a emergência pediátrica. “Não havia nenhum médico atendendo pelo plano, liguei no Ipasgo e eles me direcionaram para outros dois hospitais, mas de nada adiantou. Minha filha que estava com infecção intestinal e de urina só foi atendida no dia seguinte”, relata.
 
O caso de Sandra Oliveira não é isolado. De acordo com um balanço de registros da ouvidoria do Ipasgo, a principal dificuldade encontrada pelos usuários é de obter atendimento médico. No período de 12 meses foram registradas 544 reclamações contra os prestadores credenciados com pessoa física, por exemplo, médicos e psicólogos. Outras 282 queixas foram notificadas, mas desta vez relacionadas à dificuldade de agendar consultas. Cobranças indevidas também fazem parte do relatório (veja box). Estima-se, no entanto, que os números sejam subnotificados pois é pequena a parcela de pacientes que encontram dificuldades de atendimento e se dispõe a encaminhar uma reclamação formal.
 
Usuários do Ipasgo reclamam de problemas não só no atendimento emergencial, mas também no agendamento de consultas, principalmente com pediatras, geriatras e endocrinologistas. A professora Elizabeth Alves, 39, também teve problemas para conseguir atendimento para a filha de 10 anos. “Tenho dois filhos, ainda crianças, e sempre que precisam de ajuda médica encontro dificuldades. As emergências são lotadas, já tive que pagar consulta particular para ficar mais tranquila e não ter de esperar mais de três horas para ser atendida”, relatou.
 
De novembro de 2011 a junho de 2012, apenas 128 processos levados à auditoria foram analisados: 27 foram arquivados, 48 prestadores receberam advertência e dez foram descredenciados. As denúncias que ocasionaram o descredenciamento são de cobranças indevidas, denúncias de auditoria ou negativa de atendimento ao segurado.
 
As reclamações, denúncias e sugestões registradas pela ouvidoria passam por um processo de tramitação, que determina se resultarão ou não em processos. Normalmente, da ouvidoria, as queixas seguem para a Gerência de Credenciamento, onde são checadas. Quando constatado que não houve falha do prestador, o registro é encerrado e o usuário informado. Se houver indícios de infração, é, então, aberto um processo administrativo, encaminhado à Comissão Permanente de Controle e Avaliação. A comissão apura a denúncia e, se for o caso, sugere a punição.
 
As reclamações de Sandra e Elizabeth não foram formalizadas na ouvidoria do plano de saúde, por isso, provavelmente, se todas as pessoas registrassem as queixas relatando os problemas, a estatística seria ainda maior que uma média de 130 reclamações por mês. Na quinta-feira (13), a reportagem entrou em contato com as secretárias de alguns médicos, cadastrados pelo Ipasgo, para agendar consultas. Em consultórios pediátricos, a consulta mais próxima seria possível com o prazo mínimo de 15 dias. Com médicos endocrinologistas, a situação não é diferente. Há médicos que orientam secretárias a comunicarem os pacientes do Ipasgo a tentarem a consulta no mês seguinte.
 
Uma resolução da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), de dezembro de 2011, instituiu prazos máximos para o atendimento dos usuários de todos os planos de saúde. Segundo a ANS, o prazo máximo que um usuário pode se submeter para aguardar espera de consultas pediátricas, ginecológica ou obstétrica é de sete dias. Já para nutricionistas são dez dias, e endocrinologista, 14 dias. No entanto, o Ipasgo se difere dos outros planos e, por lei, não é obrigado a cumprir os prazos, já que é uma autarquia estadual.
 
Representante médico
Enquanto o Ipasgo alega que sofre com posturas inadequadas dos profissionais de saúde, os médicos afirmam que, ao longo dos anos, o plano criou muitas dificuldades para a categoria, inclusive, com interferências antiéticas. O médico ortopedista e diretor de comunicação do Sindicato dos Médicos de Goiás (Simego), Robson Azevedo, afirma que o Ipasgo se tornou pouco atrativo. “Houve melhorias com o novo modelo adotado nos últimos anos, mas os valores ainda são defasados e o trabalho desenvolvido ultrapassado”, dispara.
 
Na opinião do ortopedista, o médico ainda fica um pouco receoso de atender pelo Ipasgo. “De todo histórico que o plano tem, este seria o momento para resgatar a confiança do médico com novas propostas para os valores das consultas, procedimentos e atualização da tabela. Tem que resgatar a credibilidade junto à classe médica”, acredita.
 
Acima de tudo, ele disse que o Ipasgo precisa melhorar o relacionamento com o profissional de saúde. “O plano tem tido algumas medidas punitivas das quais não concordamos. Hoje é preferível atender outro plano, muitos profissionais bons também pediram o descredenciamento. Está na hora do Ipasgo mostrar que realmente está disposto a mudar. Pois não há satisfação dos usuários e nem dos médicos”, finalizou.
 
Ipasgo descredencia 70 médicos em 2013 e abre convocação
Ao todo, segundo a assessoria de imprensa do Ipasgo, entre médicos, dentistas, psicólogos, nutricionistas, fonoaudiólogos, são 3.570 profissionais de saúde credenciados ao plano. No entanto, já a partir deste mês, novos profissionais vão integrar a rede credenciada. Também, nos próximos dias, será aberto um novo edital para credenciamento de mais profissionais que devem atuar no interior do Estado. Este ano mais de 70 médicos foram descredenciados do plano de saúde.
 
Apesar de assumir problemas com os prestadores do Ipasgo, o presidente da autarquia, Francisco Taveira Neto, não considera o número de reclamações tão expressivo se relacionado com a quantidade de consultadas executadas com o auxílio do plano. Conforme dados do Ipasgo, são aproximadamente 150 mil atendimentos por mês. “Estamos falando de 1,8 milhão de atendimentos por ano. Então, primeiro, eu quero muito que essa quantidade de reclamações seja zero. Nós trabalhamos em busca da excelência, mas os registros acontecem muito em razão da falta de compromisso do prestador”, relatou.
 
Ele esclareceu que as reclamações acontecem devido a postura reprovável de alguns credenciados. “Muitos alegam baixo valor de honorários que são praticamente iguais ao que outros planos dispõem. Se estiver achando baixo que peça o descredenciamento. Pois há outros profissionais querendo prestar o serviço. Estamos pagando as contas com datas próximas aos planos congêneres”, alertou. Destacou que não enxerga coerência na postura de prestador que atende mal o paciente e que pede complemento para consulta. “Não compactuamos com essa prática.”
 
Taveira também afirma que os usuários que passarem por problemas registrem suas queixas. “Pois assim, podemos chamar o profissional e darmos a oportunidade para que ele firme um termo de compromisso.” No mês de abril, o Ipasgo expediu 380 processos de advertência a prestadores que apresentam baixo índice de atendimento, ou seja, menos de dez consultas por mês. Para Taveira, o profissional que se dispõe a atender pelo plano deve atender a padrões mínimos.
 
Sobre o novo edital para o chamamento de novos profissionais de saúde, o presidente do Ipasgo revelou que houve a procura de pelo menos mil inscritos, entre médicos, nutricionistas, fisioterapeutas e psicólogos. “Nós inicialmente chamaremos aproximadamente 350 profissionais e os demais formarão quadro na medida de efetuamos remanejamento.”
 
Para um profissional de saúde concorrer ao atendimento pelo plano, ele deve apresentar inscrição no conselho que regulamenta a profissão, além de documentos de ordem jurídica, como certidões negativas. Há algumas especialidades médicas que sofrem de carência de profissionais. No entanto, segundo Francisco Taveira, essa é uma realidade do País. “Pediatria, por exemplo, é um problema nacional. Nessa especialidade, a gente tem carência sim, mas não é só o Ipasgo.”
 
Déficit
Desde julho do ano passado, o Ipasgo voltou ao regime regular de pagamento e sanou sua dívida de R$ 400 milhões. O montante levou a autarquia a viver uma de suas piores crises da história. No entanto, o controle do déficit, segundo o Ipasgo, aconteceu com o corte de 30% dos servidores, revisão dos contratos com fornecedores, suspensão de outros e negociação de dividas com os prestadores.
 
Na época, a arrecadação mensal era de R$ 60 milhões e as despesas de R$ 80 milhões, sendo R$ 72 milhões para o pagamento de faturas aos prestadores. Com as contas no azul, possibilitou-se o investimento em demandas dos usuários. Houve ainda reestruturação do grupo conhecido por agregados, que apresentava uma diferença entre receita e despesa de R$ 55 milhões por ano e ainda aumento no valor pago pela consulta para R$ 50 para médicos, em 2012, e equiparação no valor da consulta para dentistas e profissionais de terapias complementares, em 2013.
 
Outra mudança propagada pelo Ipasgo foi a redução do prazo de pagamento das faturas para em média, 42 dias, chegando em dezembro de 2012, a pagar com 30 dias da entrega das faturas.

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