O clérigo moderado Hassan Rohani foi eleito presidente do Irã em primeiro turno, anunciou neste sábado (15) o Ministério do Interior.
A vitória foi anunciada pelo ministro do Interior, Mostafa Mohammad-Najjar, na TV estatal.
Segundo o ministro, 72% dos mais de 50 milhões de eleitores credenciaram votaram, e Rohani obteve 18,6 milhões de votos (50,68%), mais que os 50% necessários para evitar um segundo turno.
Rohani, de 64 anos, derrotou com facilidade três oponentes conservadores “linha dura” com ampla vantagem: o prefeito de Teerã, Mohammad Bagher Ghalibaf; oex-chefe dos Guardiões da Revolução, Mohsen Rezai; e o atual chefe dos negociadores nucleares, Said Jalili.
Os outros dois candidatos, o ex-chefe da diplomacia Ali Akbar Velayati e Mohammad Gharazi, receberam uma votação inexpressiva.
Em sua primeira declaração após a votória, ele afirmou que sua eleição foi “a vitória da moderação sobre o extremismo” e pediu que o Irã seja reconhecido pela comunidade internacional.
“Esta vitória é a da inteligência, da moderação, do progresso sobre o extremismo”, disse, na TV estatal.
Para analistas, a vitória do candidato apoiado pelos campos moderado e reformista não deve marcar uma guinada na política da República Islâmica em temas estratégicos como o nuclear ou as relações internacionais, que estão sob a autoridade direta do guia supremo, o aiatolá Ali Khamenei.
O aiatolá Khamenei saudou o resultado, segundo seu site oficial.
“Felicito ao povo e ao presidente eleito”, disse, acrescentando que “todo o mundo deve ajudar o novo presidente e seu governo”.
A eleição foi realizada em meio a uma grave crise econômica provocada pelas sanções internacionais impostas ao Irã em razão de seu polêmico programa nuclear e quatro anos após a vitória, contestada nas ruas, do conservador Mahmud Ahmadinejad.
Apesar de alta, a taxa de participação nesta eleição ficou bem abaixo da de 2009, quando 85% dos iranianos aptos a votar compareceram às urnas, de acordo com as autoridades.
A campanha foi morna, e nenhuma irregularidade foi constatada, segundo o Conselho dos Guardiões da Constituição, mas o relator especial da ONU para os direitos humanos no Irã, Ahmed Shaheed, havia considerado antes da votação que o ambiente político no país não permitia classificar o processo de “livre e igualitário”.
Ligado ao ex-presidente moderado Akbar Hachemi Rafsandjani, Rohani foi beneficiado pela desistência do candidato reformista Mohammad Reza Aref e recebeu o apoio do líder dos reformadores, Mohammad Khatami.
Como representante do aiatolá Khamenei no Conselho Supremo de Segurança Nacional, ele defende mais flexibilidade no diálogo com o Ocidente. Ele mesmo dirigiu esse diálogo para os iranianos entre 2003 e 2005 sob a presidência de Khatami. Durante a campanha, Rohani mencionou possíveis discussões diretas com os Estados Unidos, inimigo histórico do Irã.
A maioria dos eleitores compartilha as mesmas preocupações: a crise econômica provocada pelas sanções internacionais e que causou um aumento do desemprego, uma inflação superior a 30% e uma desvalorização do rial de cerca de 70%.
As sanções foram impostas para obrigar o Irã a interromper suas atividades de enriquecimento de urânio, apesar da rejeição do país de que esteja querendo produzir a arma atômica.
Segundo a Constituição, o presidente é a segunda maior autoridade do Estado, atrás do aiatolá, e suas capacidades de ação são limitadas em questões estratégicas, como a nuclear.
Israel, o outro grande inimigo do Irã, e os Estados Unidos ressaltaram que a eleição não deve trazer mudanças para a política iraniana
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