Por Jacinto Junior – PT: O necessário, o possível e o impossível
Após quase um quarto de século de existência, o PT em Codó, demonstra ainda, sua infantilidade. A presença da querela, a intromissão externa das elites dominantes que, sub-repticiamente, controlam alguns membros da Direção – inclusive, tais membros publicamente afirmam suas simpatias a esses “caciques políticos” -, tal comportamento desfere um golpe mortal por sobre a legenda petista.
Gostaria, no entanto, de fazer uma pequena abordagem sobre a atual conjuntura intrapartidária. A história do PT se funde com a imperiosa e necessária ruptura com o ciclo dominante dos elementos conservadores. A priori, o projeto original do partido dos trabalhadores era constituir uma candidatura independente e autônoma para instar uma nova forma de governança principiada no tripé: democracia, transparência e participação popular. Contudo, a partir da segunda metade da década de 1990, com o ingresso de alguns filiados, o partido sofre suas primeiras deformações e lutas fratricidas, desnecessariamente; pois, o conceito primordial de luta política desenvolvido pelos verdadeiros militantes estava assentado no tripé citado acima.
O processo de desmantelamento deixa de ser interno e ganha dimensão fulgurante; em que pese a influencia sempre negativos daqueles filiados recém-chegados e completamente aculturados pelas práticas dos representantes das classes dominantes. E nesse processo a cisão interna foi-se tornando cada vez mais intensa e irreconciliável. Seria de bom tom que fizéssemos uma equivalência conjuntural sobre as circunstancias que permeia a vida partidária por conta do novo PED que se avizinha.
Gostaria de afirmar em alto e audível tom que o PT não é propriedade privada e não pertence a nenhum filiado em especial, para, se apresentar como tal. O PT é uma legenda que possui um Estatuto e demais Resoluções tiradas no Congresso Nacional.
Projetar uma análise circunstanciada nesse momento crucial acredito ser impostergável. Já que se trata de um processo profundamente democrático e participativo. O PT é um partido da inovação.
Partindo do pressuposto de que os diversos discursos que estão sendo propalados pelos membros e filiados tenha como finalidade a reestruturação interna e externa da legendo do PT, incomoda-me um elemento: a ausência dos filiados da discussão que está acontecendo.
O NECESSÁRIO
O primeiro ponto a ser desenvolvido na esteira dessa avaliação contempla o aspecto da necessária e urgente definição do que o Partido deseja e quer para seu futuro. O PT não pode se transformar em um braço da elite dominante e, para isso, usa-se o famigerado discurso das alianças táticas em que o PT aparece apenas como mero coadjuvante. Constituir forças com essa tática gera apenas a disputa interna e fratricida pelo controle da direção partidária e, assim, os dirigentes estabelecerão os acordos fechados com os “caciques” em detrimento de um projeto coletivo e maior para Codó.
O POSSÍVEL
O segundo ponto é o caráter do possível. Nada pode barrar a força da ética. A sua intransigência garante a confiança e a credibilidade de forma bastante segura e positiva ante a opinião pública. O possível deve ser por sua vez, a viabilização de um conjunto articulado de um profundo e legitimo projeto alternativo de mudança, visando a consolidação da futura candidatura independente e autônoma do PT. O possível para o PT é, de fato, a sua auto-avaliarão, prospecção e o redesenho político de seus erros primários e ingênuos.
Na medida em que o PT se distancia cada vez mais do possível, torna-se uma legenda invisível, desamparada e esquartejada. Esse é o alerta que deixo para os membros/filiados para avaliarem melhor a condução do PT como partido alternativo e de mudanças.
O IMPOSSÍVEL
O terceiro e último ponto é o do impossível. Mas de que impossível vos escrevo? É o do espírito da liberdade, da resistência e da perseverança. Há um discurso contradito disseminado pelos meios de comunicação de massa, objeto ideológico da elite dominante de que é impossível fazer mudanças nas estruturas de poder.
Ora, como acreditar no discurso veiculado pelos representantes das classes dominantes de que é impossível realizar qualquer mudança no interior do poder na atual conjuntura? Se isso fosse verdadeiro, então não faria sentido a disputa entre distintas forças políticas retrógradas pela apropriação do poder político! Acredito na utopia sim, que é somente através do impossível que conseguiremos romper com as amarras ideológicas predominantes e seus desdobramentos infrutíferos. O PT por natureza é um elemento do impossível.
Nasceu sob a férrea e dura mão do regime militar! Isso não é impossível? Agora, estamos convivendo numa época fenomenal em que os espectros da liberdade, da democracia e do direito são nossos aliados. Isso tudo é resultado da luta de homens e mulheres ao longo da história acreditando no impossível, transformando seus ideais no possível, assim como o possível em necessidade primordial para a existência da vida humana!
O PT em Codó certamente fará uma introspecção com o firme propósito de se colocar num patamar da independência e da autonomia como instrumento de defesa das causas populares.
Repito: é quase um quarto de século de existência do PT em nossa cidade. Mediante esse processo urge uma nova postura configurando as concepções reais e indispensáveis para a construção de uma sociedade mais humana, mais justa e socialista. O PT em Codó necessita com urgência pensar grande e com ousadia o seu futuro como partido da mudança e da alternativa.
Em 10 de novembro/2013, será realizado o PED. Esperamos que haja uma única preocupação para a chapa vencedora: recolocar o PT nos trilhos da organização, do respeito, da verdadeira mobilização, restabelecendo a democracia interna de forma transparente. Se os futuros dirigentes não fizerem esta opção, o PT permanecerá apenas como mais um partido “nanico” a serviço das elites econômicas e dos conservadores de direita.
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*Jacinto Pereira Sousa Júnior. Professor e membro-fundador do PT em Codó
- O PT já acabou faz tempo só existe a sigla, o PT de hoje é o PMDB do Sarney.
Jacinto ainda representa o que há de mais ideológico, utópico e necessário no PT codoense, conheci e sei do seu idealismo politico-partidário, mas infelizmente garanto que o PT não tem condições morais para se libertar do caos moral em que se envolveu para garantir a governabilidade de seus governos. Eticamente falando, os próprios baluartes históricos do Partido levaram o Partido a esta situação. Falar de libertação do PT e sua volta aos conceitos morais é o mesmo que uma utopia impossível. Tudo o que o PT realizou até aqui estar dentro do impossível que se pode realizar!Ao meu amigo Jacinto, só um conselho: A sua ideologia não é a do PT, isso morreu com a chegada do PT ao governo.Fonte: