quinta-feira, 28 de março de 2013

MARCO FELICIANO NÃO VAI RENUNCIAR


O pastor Marco Feliciano (PSC-SP) teve que recorrer a medidas de força para conseguir presidir a sessão da comissão de Direitos Humanos realizada na tarde de ontem. Ele pediu à Polícia Legislativa a prisão de um manifestante e trocou a audiência pública de sala impedindo a franca entrada do público. Os protestos seguiram para o corredor onde fica o gabinete do deputado. A segurança da Casa entrou em conflito com os ativistas e deteve mais uma pessoa. Ao final da reunião da comissão, Feliciano defendeu a ação: “Democracia é isso”, disse.
Tentando mostrar aos pares que tem condições de comandar a comissão, o deputado fez uma agenda movimentada ao longo do dia. Logo pela manhã visitou a embaixada da Indonésia para pedir clemência no caso de dois brasileiros condenados a morte naquele país por tráfico de drogas. Na saída, negou a renúncia e discutiu com jornalistas. “O que está em crise são vocês, falando besteiras e coisas que não existem”, disse o deputado, que classificou de “estúpida” uma pergunta sobre sua permanência feita por um jornalista do jornal O Estado de S. Paulo.
O deputado passou pelo plenário, onde parlamentares fizeram discursos contra e a favor da sua permanência no cargo. No início da tarde chegou ao plenário da comissão, mais uma vez escoltado por seguranças e assessores. Manifestantes dos dois lados faziam um duelo com gritos pedindo sua renúncia e sua permanência. Ignorando a confusão, ele abriu os trabalhos e convidou o deputado estadual Fernando Capez (PSDB-SP) para fazer um relato sobre a situação dos torcedores corintianos presos na Bolívia.
Sem que fosse possível ouvir a exposição de Capez, Feliciano começou a pedir ações da Polícia Legislativa, que estava com efetivo reforçado e tinha liberado a entrada de apenas alguns manifestantes. Primeiro foram retirados os apitos. Depois, o pastor ameaçou retirá-los do plenário. Com menos de dez minutos de sessão, no momento em que um manifestante pediu que Capez parasse de falar porque estaria dando apoio a um “racista”, Feliciano reagiu pedindo à Polícia Legislativa que retirasse o jovem do local: “quero que ele saia preso daqui”.
Como em 20 minutos os protestos não pararam, o pastor suspendeu a reunião, determinou a troca da sala da audiência e autorizou que fosse liberada apenas a entrada de deputados, assessores e jornalistas. Depois de alguns minutos de interrupção, ele abriu a audiência sobre a contaminação de pessoas por chumbo na cidade de Santo Amaro da Purificação (BA) e passou o comando dos trabalhos para Roberto de Lucena (PV-SP), autor do requerimento.
Diferente da semana passada, quando saiu em oito minutos, ficou durante toda a audiência no plenário. Ao final, fez um discurso defendendo a condução dada aos trabalhos. “Me sinto realizado. Democracia é isso. Talvez seja preciso tomar medidas, não austeras, mas necessárias”, afirmou. Ironizou ainda as manifestações dizendo que se as vítimas de contaminação tivesse um grupo de 20 pessoas para protestar na Câmara talvez tivesse conseguido auxílio do poder público. Além de Feliciano e Lucena, apenas quatro deputados participaram de toda a audiência, todos apoiadores do pastor.
Barrados da sala, os manifestantes seguiram para o corredor em que fica o gabinete de Marco Feliciano.
Pastor reafirma que não vai renunciar “de jeito nenhum”
Ao fazer um desafio aos líderes partidários da Câmara dos Deputados, o pastor Marco Feliciano (PSC-SP) reafirmou que não renuncia "de jeito nenhum". O presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), convidou o deputado a participar de uma reunião na próxima semana para discutir a permanência dele no comando da Comissão de Direitos Humanos e Minorias.
O líder do PSC na Câmara, André Moura (SE), disse que o encontro servirá apenas para que Feliciano explique as razões para continuar e pediu que sejam feitos questionamentos ao PT por ter indicado dois condenados no processo do mensalão para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
O convite a Feliciano foi a saída encontrada por Alves para mostrar a ele que a pressão pela renúncia não se restringe aos manifestantes que têm feito seguidos protestos na Câmara. O pastor, porém, minimizou a pressão, destacando que só deixará o cargo se renunciar, o que não cogita fazer.
"Não renuncio de jeito nenhum. O que os líderes podem fazer com a minha vida? Eu fui eleito pelo voto popular e pelo voto do colegiado", disse Feliciano. Após o PSC ter decidido dar sustentação ao pastor, Moura foi ao plenário para defendê-lo. Pediu que a Casa dê condições para que Feliciano possa comandar a comissão e considerou "irrevogável" a posição do partido de apoiá-lo. Moura fez ataques ao PT, partido que tem alguns deputados entre os líderes nos protestos.
"O que me chama mais a atenção são os deputados do PT que vêm aqui criticar a Comissão de Direitos Humanos. Já que são tão moralistas, por que não serem moralistas, por exemplo, com a Comissão de Constituição e Justiça? Por que não pegar um espelho e olhar para si mesmo e perguntar: por que o PT indica para a CCJ dois mensaleiros condenados pela mais alta Corte deste País?”

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