Depois de vencer o câncer e as eleições em São Paulo, Lula está pronto para elevar ainda mais a temperatura da política brasileira; acreditem, ficou do jeito que ele gosta
Goste-se ou não, Lula saiu mais vivo do nunca de um tormentoso, especialmente para ele, 2012. O cabra atravessou a virada do ano passado com diagnóstico de câncer e sem qualquer garantia médica de que poderia se curar. Na política, tinha um candidato a prefeito de São Paulo que, sem exceção, dez entre dez analistas gargalhavam sobre as chances de vencer a eleição. Mirava, a curta distância, um rumoroso julgamento no Supremo Tribunal Federal do qual, mesmo sem ser réu, seria colocado no miolo da fogueira.
Lula venceu o câncer, elegeu Haddad e... ia passando incólume pelo chamado processo do mensalão quando, na prorrogação, para usar uma imagem futebolística, novas denúncias do publicitário Marcos Valério, feitas à guisa de obter os benefícios da delação premiada, o alcançaram aos olhos da mídia tradicional. Tudo o que Lula menos precisava – um escândalo decorrupção na engrenagem que ele próprio montou no escritório da Presidência da República em São Paulo, com a então chefe de Gabinete Rosemary Noronha na chave-mestra – também eclodiu.
"E pur", como diria Galilleo Galilei, Lula "si muove". Está vivo. Ativo. Pautando o jogo político. No momento em que parecia mais acuado, o ex-presidente, na França, tratou de baixar a pedra da própria candidatura à Presidência da República. Uma verdadeira ameaça aos adversários, não apenas um desafio. Ainda mais porque combinado com a manutenção da aliança com a presidente Dilma Rousseff que, na outra ponta desse jogo de dominó, também manteve sua candidatura. Com os dois extremos ocupados, não há espaço visível hoje para um terceiro jogador para 2014.
Acredita-se que 2013 será um ano de novas agruras para Lula. Mas será mesmo? As denúncias de Marcos Valério – e já há pronunciamento do Supremo neste sentido – deverão ser tratadas a partir da primeira instância judicial. O ecos e reverberações na mídia tradicional desse processo serão os de sempre – com muita tinta na Folha de S. Paulo, papel na revista Vejae reportagens de Jornal Nacional, para citar o trio de ferro do sistema de comunicação do Brasil.
Pode ser, assim, que 2013 seja apenas mais um dos tantos anos de luta que Lula já enfrentou. Ele mesmo gostou dessse cenário projetado, abrindo as comportas para a entrada no mar dos sertões brasileiros das suas Caravanas da Cidadania. Podem falar o que quiserem mas, de saída, será profundamente emocionante.
Preparado para lutar contra "tudo o que está aí", como antigamente, com motes populares como o resgatado 'Lula é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo', o ex-presidente será aquele que vai elevar os termômetros da política brasileira às alturas. Bem do jeito que ele gosta.
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