O grupo JBS, grupo criado e dirigido pelos irmãos José Batista Júnior, o Júnior do Friboi, Joesley Batista e Wesley Batista, tem parceria com o BNDES e fatura 70 bilhões de reais por ano. Mas sua imagem começa a ficar arranhada internacionalmente com o escândalo de que vendeu carne de cavalo como se fosse carne bovina. A acusação é da Nestlé, multinacional suíça.
A Nestlé revelou na segunda-feira, 18, que, após fazer uma perícia técnica em alguns produtos, descobriu que continha não carne de vaca, e sim — ao contrário do que informara o fornecedor, a JBS Toledo — carne de cavalo. A JBS alega que comprara a carne na Alemanha e a repassou para a Nestlé. O escândalo foi ampliado porque a JBS é a maior produtora de carnes do mundo. Os países da Europa estão de sobreaviso e muitos tendem a suspender as aquisições do grupo JBS. Até agora, segundo a JBS, não suspenderam. Mas a Nestlé já suspendeu as compras dos produtos do grupo brasileiro — até que o fato seja devidamente esclarecido.
A Nestlé, depois de fazer uma ampla investigação, descobriu que o grupo alemão H. J. Schypke forneceu a carne para a JBS Toledo N. V., que é subsidiária do grupo brasileiro na Europa. Sem ter feito controle técnico — afinal, a carne de cavalo não é tão parecida com a carne de gado —, a JBS dos irmãos Batista repassou a carne para a Nestlé. As explicações da JBS não convenceram a Nestlé. No lugar de admitir o erro, a falha de não investigar a origem da carne, a JBS decidiu atacar, sugerindo que fornece “carne processada de mais alta qualidade, sem concessões”. A versão é totalmente contrária ao que apurou, tecnicamente, a Nestlé: a carne é mesmo de cavalo. A JBS Toledo funciona na Bélgica e, possivelmente, será investigada pelo governo belga, porque depõe contra a boa imagem do país no exigente mercado europeu.
Mesmo se defendendo, JBS assumiu alguma responsabilidade pelo problema ao anunciar que não vai mais comprar carne — de cavalo, frise-se — da Schypke. “A JBS tomará todas as providências legais cabíveis para assegurar que não sofrerá qualquer prejuízo por conta do ocorrido e continuará a servir a seus clientes com produtos de qualidade, gerando valor a seus acionistas e demais stakeholders”, disse a JBS numa nota defensiva e ameaçadora. A Nestlé abriu o jogo e responsabilizou diretamente a JBS: “Nossos testes encontraram DNA de cavalo em dois produtos feitos com a carne fornecida pela H. J. Schypke”, o fornecedor do grupo brasileiro.
A Nestlé, agindo rápido e sem ficar na defensiva, retirou das prateleiras dos supermercados os produtos que usaram carne de cavalo, como o ravióli e o tortelini de carne da marca Buitoni. As substituições foram feitas na Itália e na Espanha. Na França, a Nestlé retirou do mercado a lasanha à bolonhesa Gourmandes.
Segundo reportagem do “Estadão”, “nas últimas duas semanas, empresas registraram a queda de sua venda de alimentos prontos em quase 50%, enquanto as autoridades políticas do continente [europeu] não disfarçam a saia justa diante do escândalo”. É possível que as ações de algumas das empresas citadas caem nas bolsas, notadamente na Europa.
Jornal Opção
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