quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
FHC E A MACONHA
“Este é um tema a ser levado para todas as famílias, pois é muito próximo a nós do que parece. A gente tem de sacudir a sociedade”, afirmou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso à imprensa nesta segunda-feira (30/5). FHC é o principal entrevistado do documentário Quebrando o Tabu, que estreia nesta sexta-feira (3/6).
O filme, que documenta a falência da Guerra às Drogas, política implementada e exportada pelos Estados Unidos desde 1971, chegará aos cinemas 13 dias depois de manifestantes terem sido brutalmente reprimidos em São Paulo pela Polícia Militar na Marcha da Maconha. O movimento questiona a criminalização do usuário e pretende discutir alternativas à repressão e à prisão, como já acontece em Portugal, onde o consumo diminuiu.
FHC, que atualmente preside a Comissão Global de Política Sobre Drogas, diz que essa discussão tem de partir da sociedade, não do Legislativo. “Depende apenas de se ter as informações pertinentes. Existem setores não informados, mas que tomam partido na questão”. Na quinta-feira (2/6), a comissão irá apresentar um extenso relatório propondo alternativas no assunto. “Não existem fórmulas, cada país tem de se adaptar. No Brasil, por exemplo, existe o problema social, enquanto na Suíça o uso da droga é encarado como problema de saúde”.
Nos últimos três anos, o ex-presidente tem se aproximado da questão e assumido abertamente a descriminalização da maconha e outras medidas que não mandem o usuário para a cadeia. Porém, durante sua presidência (1994-2001), aumentou-se a repressão e tratou-se o usuário como criminoso, importando o modelo político estadunidense – hoje considerado falido até mesmo pelos norte-americanos.
Cardoso faz mea culpa sobre o conservadorismo de sua administração. “Na época, eu não tinha informação e o tema não estava candente na sociedade”. Quando questionado sobre a eficiência para levantar o debate apenas depois do término de seu mandato, FHC diz que esbarrou em escolhas políticas. “Há limitações como presidente e existe o jogo da sociedade com o governo. Se ela não se convence, o governo não avança na conversa. Não posso dizer que, se fosse presidente hoje, faria e aconteceria, afinal não poderia prever minha relação com o Congresso e se valeria a pena politicamente”.
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